Pequeno grande arroz

 Pequeno grande arroz

BRS 358: grão curto para mercados especiais

Embrapa lançará variedade especial dirigida aos pequenos produtores durante a Expointer 2016.

A Embrapa Clima Temperado, de Capão do Leão (RS), lançará durante a Expointer 2016, em Esteio (RS), entre os dias 27 de agosto e quatro de setembro, uma cultivar de arroz especial, de grãos curtos e arredondados, dirigida a produtores que dispõe de pequenas áreas. Trata-se de uma cultivar de arroz irrigado para culinária japonesa, a BRS 358, já adaptada às condições do Rio Grande do Sul.

A planta é dirigida à agricultura familiar e visa a exploração comercial de nichos de mercado especializados. Várias são as características agronômicas que indicam o cultivo para as pequenas propriedades gaúchas, além da boa produtividade de grãos: “o peso médio de mil grãos é de 23 gramas, e o rendimento industrial supera 65%”, explica o pesquisador Ariano de Magalhães Júnior, da Embrapa.

Segundo ele, o grão tem baixa amilose, ou seja, torna-se pegajoso após o cozimento, uma característica marcante e desejável para a culinária japonesa. Semelhante ao arroz “Cachinho”, o prato é perfeito para a produção de pratos nipônicos, como o sushi, e para comer com hashi, os “pauzinhos” adotados como talher na tradição oriental.

Sua avaliação ocorreu nos anos agrícolas de 2002, 2003 e 2004 em sete ensaios de rendimento no Rio Grande do Sul. A variedade se destacou por apresentar produtividade média de aproximadamente 8,6 quilos por hectare. A variedade foi lançada em outros estados, como Roraima – onde tem parceria com a indústria de arroz Itikawa, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. As maiores produtividades de grãos foram obtidas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Roraima.

Com o aumento da demanda nestes nichos de mercado, e a busca por novas variedades pela indústria e os produtores, além da necessidade de renda da agricultura familiar, a Embrapa estrategicamente resolveu oportunizar esta variedade. “a proposta está dentro da filosofia e do papel social da Embrapa, que é oferecer material de alta qualidade para os produtores brasileiros de acordo com suas demandas agronômicas e as características alimentares e industriais que o mercado consumidor exige”, acrescenta Magalhães Júnior.

As plantas da BRS 358 possuem estatura média de 81 centímetros e ciclo precoce de 115 dias em ambientes tropicais, podendo variar um pouco dependendo da região onde é cultivada e por variações climáticas, ambientais e de manejo. As plantas apresentam elevado perfilhamento e resistência ao acamamento. O cultivo é sob irrigação contínua, no modelo já utilizado no Sul do Brasil e o manejo segue o mesmo padrão.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Ariano de Magalhães Júnior, por ser um produto de valor diferenciado em relação às demais variedades de arroz, atendendo a um nicho de mercado em expansão, o material garante renda superior em espaços pequenos com os mesmos tratos culturais.

MERCADO EM ALTA 

Em agosto uma saca de 50 quilos de arroz em casca com estas características, no Rio Grande do Sul, é cotada a R$ 100,00, equivalendo ao dobro da saca do longo fino. Em geral, segundo o empresário Guilherme Gadret da Silva, da Corretora Expoente, o grão com estas características vale entre 1,5 e 1,8 vezes o do cereal “comum”. A demanda é boa, pois há um bom número de indústrias comprando e beneficiando o produto.

No entanto, os bons preços ao agricultor estão associados ao volume de oferta, bastante ajustada à demanda. O Brasil é importador deste tipo de grão. Um aumento substancial dessa oferta, no entanto, poderá determinar uma queda nas cotações médias.

No entendimento da área de negócios da Embrapa, a cultivar será utilizada apenas por produtores que tenham real interesse num tipo diferente de produção, especializados ou que estão se especializando em nichos de mercado e querem agregar mais valor ao seu produto. Entendem, os pesquisadores, que isso estará associado também ao incentivo das indústrias, nos moldes do que já vem acontecendo na Zona Sul gaúcha e em Roraima.

Nos supermercados gaúchos, atualmente, um pacote de um quilo do arroz com estas características varia entre R$ 9,60 e R$ 16,00, dependendo da marca. 

A cultivar poderá ser adquirida por meio da Embrapa Produtos e Mercado ou com sementeiros autorizados. Mais informações pelos telefones (61) 3448-4522 / 3448-1700, ou pelo e-mail: spm.comunicacao@embrapa.br.

4 Comentários

  • A única saída para o produtor seria se ele poudesse agregar valor ao seu produto. No Japão o produtor vende diretamente o seu produto no mercado, seu arroz geralmente é vendido desbramado ou seja integral. Existem máquinas pequenas que variam desde o tamanho de uma centrifugadora de roupa até o tamanho de uma lavadora Brastemp grande, é um eletrodoméstico que se compra com uma enorme variedade de marcas e modelos, seu preço é próximo ao preço de uma geladeira. Após desbramar o produtor vende pela internet e direto aos consumidores. O consumidor após comprar o seu arroz integral vai a uma polidora de arroz, as máquinas polidoras de arroz moeideiras, funcionam com moedas, estão localizadas em pontos próximos a supermercados, praças, etc. São casinhas, quase igual a uma casinha de máquina de Banco 24 horas que no seu interior tem a máquina polidora. O consumidor coloca o seu arroz num recipiente de entrada da máquina, que é uma pequenisima moega, coloca a moeda escolha o grau de polimento desejado, tem todas essas opções e no mesmo instante a máquina faz o polimento do arroz na qualidade que o consumidor deseja e pronto o produto está pronto para consumo.
    Voces imaginaram a gente consumir o nosso próprio arroz, vender para nossos amigos, colegas, consumidores, tiraríamos o engenho e o supermercado da
    jogada. Aliás pela jurisprudência nacional, descascar arroz é considerado uma atividade agrícola, portanto passível de ser feito diretamente pelo produtor. É como debulhar milho, não é atividade exclusivamente industrial.
    Cada uma de nossas cidades e pequenas vilas das regiões arrozeiras poderia ter essas máquinas instaladas. As associações dos produtores poderiam instalar essas maquinas ou talvez cooperativas.
    Existem tantas vantagens em descascar e polir nosso arroz, podemos fazer massa de arroz, pão de arroz, farinha de arroz, existem tantas opções de uso do arroz que nós não sabemos fazer. Precisamos difundir essa cultura que está presente nos menores povoados ou aglomerados de pessoas na Ásia, toda criança lá sabe fazer isso com máquinas rudimentares e de domínio público. Quem quiser ver como se faz é só olhar no Youtube, esta cheio de filmes mostrando como se faz.
    Lá o produtor também faz o polimento de seu arroz, as máquinas de polir ou mistas, descascam e ou polem o arroz, são do tamanho de uma máquina de lavar roupa e fazem todo o processo com muita qualidade. Você fica com a casca que pode ser usada para gerar gás de cozinha, num gaseificador fogão que qualquer um faz, fica com o farelo que se usa na criação e vende o seu arroz sem necessidade de pedir a benção ao dono de engenho.
    Se alguem quiser eu coloco os link do youtube e mando o arquivo do fogão de casca de arroz. Não perdemos nada.
    Não seria uma saída para agregarmos valor ao nosso produto?

  • Bingo, Sr. Benvindo! Absolutamente certo! Entendo também que o caminho é por aí para conseguirmos melhorar o preço do arroz. Para termos um resultado diferente temos que ter atitudes diferentes. No arroz está claro que temos que mudar o padrão de comercialização do arroz em casca para arroz beneficiado e a indústria transformá-lo em produtos com maior valor agregado. O senhor mostrou várias possibilidades e existem equipamentos de todos os tamanhos e para todos os “bolsos”. O arroz pode ser vendido beneficiado pelos produtores através das bolsas de mercadoria para todo o Brasil e isso deve ser percebido pelos técnicos, produtores, empresários. Autoridades, lideranças do setor etc. Publicamos vários artigos sobre o tema: Em 1.993, A comercialização agrícola no tempo do fio-de-bigode; em 2.000, Um passo à frente na comercialização do arroz; em 2002, Vender arroz em casca é como vender milho em espiga;e, também em 2002, Descascar arroz não é indústria; e que está ao alcance de todos com um simples enter no Google. Parabéns mais uma vez, Sr. Benvindo!

  • Sr.Jose Nei! Essas medidas de produzir novas variedades é louvavel, cria novos nichos de mercado mas muito pouco resolve, pois na hora de vender o seu produto caímos sempre nas mãos das velhas aves de rapina conhecidas. Essa idéia de pensar que o pequeno assentado vai fazer alguma coisa com o arroz é utopia se nada for feito para ensinar ao produtor o que se pode fazer com o produto. Como disse anteriormente, fazer macarrão de arroz, papel de arroz, pão de arroz e outros tantos produtos derivados de arroz é muito fácil, as crianças da Asia sabem fazer isso de berço, é tecnologia de domínio público lá. A farinha de arroz é muito simples de fazer e pode ter uma ampla utilização e agregação de valor sendo um produto com enormes vantagens em relação a farinha de trigo. O que precisamos é difundir esse conhecimento básico para que cada produtor possa agregar valor ao seu produto.
    O consumo do arroz, arroz em si, diminue no mundo, países na Asia que consumiam 170 kg por ano tendem nas próximas décadas a baixar para 60kg, se não fizermos nada para aumentar o consumo a situação dos moribundos produtores vai continuar piorando ainda mais, o único ponto positivo é o aumento da população mundial que vai demandar cada vez mais comida, mas isso é mais a médio longo prazo, lá para 2050, até lá os nossos produtores, se continuar assim como está, estarão em outras culturas mais rentáveis. A Asia já não dispõe de tanta terra ociosa para aumentar a produção enquanto a população aumenta exponencialmente, vai faltar comida. Lá também as grandes corporações começam a diminuir a renda dos produtores concentrando riqueza e aumentando a pobreza dos produtores igual ao que acontece aqui. A cultura do arroz na Asia é responsável pelo desenvolvimento de uma sociedade mais coletiva que a nossa, lá em alguns paises se usa a palavra arroz como sinônimo de comida, no nome do café da manhã, almoço e janta tem a palavra arroz e muitas saudações tem o nome arroz incluído.
    Se os produtores se unirem, pequenos engenhos se unirem, criarem uma marca única, fizerem um associação para venderem, distribuirem com uma marca única formaremos a maior empresa de arroz do Brasil, o produto é nosso, unidos seremos os mais fortes. Podemos criar uma marca com denominação de origem para o nosso arroz. Só o associativismo pode fazer com que nossa atividade seja novamente rentável.

  • Ótimo, Sr. Benvindo! Sobre a saudação com o arroz li sobre aquela que diz: – Você já comeu arroz hoje? (o que equivale ao nosso “Tudo bem!”Esta leitura levou-me a escrever o artigo publicado aqui na Planeta Arroz: – O seu boi já comeu arroz hoje? http://www.planetaarroz.com.br/artigos/94/_O_seu_boi_ja_comeu_arroz_hoje_
    O uso do arroz ou de seus sub-produtos na ração animal é uma das alternativas importantes, especialmente agora que o preço do boi gordo está remunerador e comporta o aumento de gastos na sua manutenção e engorda com o consequente aumento da produtividade bovina. Aqui na Metade Sul a ração animal vem de Caçapava do Sul ou de São Leopoldo e outra que eu pensei que era de Bagé, na verdade é de Carazinho. Uma notícia aqui do site diz que o farelo de arroz está indo para Arroio do Meio a R$690,00/tonelada para o uso na ração de aves. Portanto uma oportunidade está aí! A Planeta Arroz tem publicado muitas notícias sobre o os usos do arroz, veja esta sobre o Saquê que está vindo do Japão para ser vendido em SP onde foi identificado uma demanda. Uma dúvida, Sr. Benvindo: – As agroindústrias de arroz possuem especialistas em marketing? Outro dia provamos no Congresso de Arroz Irrigado em Pelotas uma cerveja de arroz excelente, gostosa mesmo, feito aqui na cidade, mas não temos notícia do interesse de ninguém em empresariar o negócio. Isso que a cerveja artesanal é um produto em alta, veja que a Valduga, tradicional produtora de vinhos entrou no ramo de cerveja artesanal. Que inovação! Diversificação de produtos para aumentar o seu portifólio e gerar receita. Mas, parece que ficamos eu e você neste ping-pong, pois o tema comércio não é visto como importante pelo setor para o aumento da renda. Damos importância apenas para a produtividade e produção. Mas como sabemos, produzir bem e vender mal não adianta nada. Precisamos trabalhar também a renda ou ganhar mais dinheiro. Cito para encerrar, outro texto que publiquei dentre os quase trinta artigos escritos sobre arroz e que foi publicado também aqui no site: – A cadeia do arroz irá vender felicidade! Boa tarde!

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