Perda com tsunamis preocupa a FAO
Região afetada pelo desastre tem no arroz sua principal fonte de alimento.
As comunidades dos países atingidos pelos desastres dos tsunamis enfrentarão problemas de segurança alimentar no curto e longo prazos, porque pais e parentes foram perdidos, ativos para a subsistência foram destruídos e fontes de renda deixaram de existir. O diagnóstico é da FAO, braço das Nações Unidas para a agricultura e alimentação. As perspectivas de colheita pioraram nas áreas agrícolas mais afetadas pelas ondas gigantes e pelas chuvas torrenciais.
A FAO estima que 2 milhões de pessoas em 12 países na região do desastre precisam de assistência alimentar. Nesse caso, apesar das perdas locais, a disponibilidade alimentar total na região afetada deve ser adequada para cobrir as necessidades. Mas, levando-se em consideração os danos à infra-estrutura, particularmente as estradas e a falta de meios de transporte adequados, o quadro para a distribuição de alimentos às populações afetadas é complicado.
A pesca e a agricultura nas áreas costeiras foram gravemente atingidas pelas ondas gigantes. Os esforços de ajuda devem assegurar que os agricultores locais e os pescadores atingidos pelos tsunamis recebam toda a assistência necessária para cobrir as suas necessidades de alimentação e para retornar as atividades agrícola e pesqueira o mais rápido possível defende a FAO.
Na Indonésia toda a infra-estrutura foi destruída nas áreas mais flageladas, deixando as pessoas sem água, comida ou abrigo. As Províncias mais atingidas pelo tsunami , Aceh e Sumatra do Norte, na ilha de Sumatra , estão estão entre as regiões mais vulneráveis do país onde um terço da população vive abaixo da linha da pobreza.
A principal safra da produção de arroz e milho de 2005, a ser recolhida a partir de março, já estava no solo quando o tsunami atingiu Sumatra. A ilha é a segunda maior produtora de arroz da Indonésia. Juntas, as duas províncias mais duramente afetadas respondem por cerca de10% da produção nacional agregada de arroz. Para os cereais em geral, a colheita abundante do ano passado garantiu estoques para cobrir as necessidades de alimentação da população.
No Sri Lanka, os distritos costeiros mais atingidos, do sul e do sudeste, estão entre as mais extensas áreas de cultivo de arroz. O plantio da principal safra de arroz de 2005, responsável por 60% da produção total, havia acabado de ser concluído quando o tsunami chegou. No leste, insistentes chuvas pesadas a partir de meados de dezembro e inundações também afetaram adversamente a safra de arroz emergente. As perspectivas para a colheita, que deverá começar em março, se deterioraram.
Para a Tailândia, maior país exportador mundial de arroz, os suprimentos atuais devem ser suficientes para suprir as necessidades imediatas e alimentação nas áreas afetadas dos países vizinhos. Na região Sul, incluindo as províncias afetadas, a colheita da safra principal já estava em curso quando o tsunami se abateu sobre a costa. Uma avaliação dos danos causados à agricultura ainda não está disponível, mas é provável que as safras locais tenham perdas. Levando-se em consideração que a região Sul responde por 4% da safra anual de arroz do país, os danos provavelmente não serão graves.
Na Índia, 90% da safra anual de arroz do país é cultivada de maio a novembro, e o tsunami não afetou as perspectivas de produção. Estima-se que há excedente para cobrir as necessidades de ajuda alimentar nas áreas mais abaladas. E nas Maldivas, onde a Agricultura desempenha um papel pequeno na economia devido à limitada disponibilidade e à escassez de mão-de-obra local e as necessidades de consumo são normalmente cobertas por importações, os danos a moradias e infra-estrutura nos setores de pesca e turismo deverão ter grave impacto.