Perdendo força
Preços na Ásia enfraquecem
com demanda global menor e ofertas da Tailândia.
O mês de julho começou com cotações firmes na Ásia, que concentra 90% da produção e do consumo mundial de arroz. Mas no final do mês os preços de exportação começaram a cair. Mesmo com safras menores, os grandes fornecedores globais vivem realidades distintas. Na Tailândia, que deve confirmar-se como maior exportador mundial em 2016, os preços do arroz, mais altos no início do mês, começaram a cair em meados de julho devido a novas ofertas públicas.
O governo lançou um leilão de 3,8 milhões de toneladas, com 1,6 milhão destinado ao mercado externo e o restante voltado ao mercado doméstico. Destes, 2 milhões de toneladas têm origem em estoques antigos para usos industriais não alimentares e rações animais. O analista do mercado internacional Patrício Méndez del Villar, do Cirad, explica que os estoques tailandeses atuais representam 10 milhões de toneladas, uma baixa considerável, pois chegaram a 19 milhões de toneladas entre 2011 e 2014.
O atual governo conta com a reativação da demanda global para manter as vendas públicas antes da nova safra, que pode diminuir até 10% por causa da retração das áreas plantadas. O governo vem recomendando que os produtores busquem outros cultivos para parte das terras devido à situação de mercado e disputa por água com regiões urbanas.
Enquanto isso, no Vietnã os preços externos baixaram 2,5% em julho por queda na demanda. No mês foram embarcadas 380 mil toneladas, ante a média de 430 mil no primeiro semestre. Apesar da colheita menor em 2016, há oferta adicional de 4 milhões de toneladas para exportar. As autoridades consideram difícil vender o total excedente pela forte concorrência tailandesa e birmanesa. A meta total foi revisada de 6,5 milhões de toneladas para, no máximo, 6 milhões.
Maior exportador nas últimas três temporadas, a Índia viu seus preços enfraquecerem no final de julho. Segundo Patrício Méndez del Villar, os embarques avançam pouco pela queda na demanda africana e forte contração das compras de países vizinhos, como Bangladesh e Sri Lanka. “Em 2016 as exportações indianas podem cair a 9 milhões de toneladas, contra 12 milhões exportadas em 2015”, projeta. A safra menor fez com que o governo hindu adotasse medidas para ampliar as aquisições dirigidas aos programas sociais e regulação de estoques. Os preços para vendas externas no início de agosto seguiam baixando, acompanhando a retração nos grandes exportadores da Ásia.
Enquanto isso, o Paquistão recuperou em julho 2% nos preços por causa do mercado mais ativo. No início de agosto, apesar da demanda aquecida, as cotações começaram a enfraquecer acompanhando a tendência regional. A expectativa é de que, absorvendo parte do mercado perdido pela Índia, os embarques paquistaneses cresçam até 30% em 2016.