Perspectiva de queda nos preços mundiais
(Por Patricio Méndez del Villar, Cirad, InterArroz) Em junho, os preços mundiais do arroz subiram ligeiramente, principalmente devido à forte recuperação das cotações paquistanesas estimuladas pela demanda chinesa e a redução da oferta exportável. Na Índia, apesar da queda da
rupia em relação ao dólar, os preços de exportação permaneceram estáveis num mercado pouco ativo.
No Vietnã, os preços ficaram relativamente firmes, sofrendo para ganhar espaço nos mercados da África Ocidental onde a demanda mostra sinais de mitigação, à medida que os importadores buscam suprimentos mais baratos. No final de junho, os preços de exportação tendiam a cair devido à firmeza do dólar em relação às principais moedas asiáticas, a maioria das quais está em seu nível mais baixo em relação à moeda estadunidense.
Em meados de julho, os preços mundiais ainda estavam fracos, exceto na Índia, onde se teme que a escassez de água tenha um impacto sobre a colheita principal. Entretanto, os rumores de uma possível
restrição das exportações indianas são, até agora, completamente infundados.
Na Tailândia, com a desvalorização do bath em relação ao dólar, as ofertas de exportação são mais competitivas. A chegada próxima da segunda safra tailandesa também está pesando nos preços.
O comércio mundial foi revalorizado e podendo aumentar em 3,8% para 53,5 Mt contra 51,5 Mt em 2021.
Em junho, o índice OSIRIZ/InfoRice (IPO) subiu 1,4 pontos para 195,7 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 194,4 pontos em maio. Em meados de julho, o índice IPO tendia a descer para 192 pontos. Segundo observadores, o declínio pode continuar nos próximos meses, mas deveria ser limitado por causa dos altos custos de produção após das altas nos preços de fertilizantes e combustíveis.
Produção mundial
As últimas estimativas da FAO mostram um aumento na produção mundial do arroz em 2021de 1,1% para 786,9 Mt (522,5 Mt base beneficiado) contra 778,6 Mt em 2020. Na Ásia, a produção aumentou 2% principalmente graças à safra recorde na Índia, atingindo um volume de 192 Mt (127,4 Mt base beneficiando). Na China, a produção também melhorou, mas apenas 0,4%.
Na Tailândia, as colheitas aumentaram significativamente em 10%. Em contraste, a produção dos Estados Unidos caiu 15% em 2021, como resultado da redução da área de arroz, e voltando a cair 5% em 2022. No Mercosul, após um aumento em 2021, a produção teria diminuído 8% em 2022, retornando ao seu nível de 2020.
Na África subsaariana, a produção de arroz foi novamente perturbada pelas más condições climáticas, principalmente na África Ocidental. Em 2022, a produção mundial poderia cair 0,4% devido à estagnação da produção chinesa e indiana, e à contração da produção vietnamita, tailandesa e paquistanesa
Comércio e estoques mundiais
Em 2021, o comércio mundial do arroz aumentou significativamente em 13% para 51,5 Mt contra 45,6 Mt em 2020. É o maior aumento desde 2017. As necessidades de importação entraram 10% no sul da Ásia, principalmente com o retorno de Bangladesh ao mercado de importação. As importações chinesas também aumentaram, bem como na África subsaariana, onde se observou um forte crescimento das importações, especialmente na Nigéria com a reabertura de suas fronteiras terrestres no final de 2020.
Em 2021, a Índia atingiu um nível recorde de exportações para 21,4 Mt, já 48% superior ao seu recorde anterior em 2020 e respondendo por 42% do comércio mundial. A Tailândia, apesar de um aumento significativo nas vendas externas durante o segundo semestre de 2021, permaneceu na terceira posição, atrás do Vietnã, cujas vendas aumentaram em 5,5%. Em 2022, as projeções indicam um aumento adicional no comércio mundial de 3,7% para 53,4 Mt.
Espera-se que a Índia mantenha sua liderança global com uma previsão de 20 Mt em 2022, enquanto a Tailândia pretende recuperar o segundo lugar com 8 Mt contra 6 Mt para o Vietnã.
Os estoques mundiais de arroz no final de 2021 aumentaram 2,8% para 191,6 Mt, contra 186,4 Mt em 2020. Isto representa 37% das necessidades mundiais e está acima da média dos últimos cinco anos. Este aumento deve-se principalmente ao aumento dos estoques indianos graças às boas colheitas em 2021. Por outro lado, os estoques chineses marcaram uma queda de 0,5%, podendo cair novamente em 2022.
No entanto, as reservas ficam significativas, equivalentes a 70% do consumo anual e 50% dos estoques mundiais. Nos países exportadores, os estoques aumentaram 5% a 55 Mt, equivalentes a 30% dos estoques mundiais. Em 2022, os reservas mundiais poderiam aumentar em 0,6% para 192,7 Mt.
Cenários globais
Na Índia, os preços do arroz permaneceram estáveis, apesar da desvalorização da rupia em relação ao dólar. A volatilidade se concentra ainda no mercado de frete, o que tende a mitigar as exportações. Somente o preço do arroz quebrado fica firme devido à forte demanda chinesa e vietnamita. As exportações indianas teriam atingido 11 Mt nos primeiros seis meses do ano, embora ainda estejam 3% atrás de 2021.
Em junho, o arroz indiano 5% ficou estável em US$ 341/t Fob. O arroz indiano 25% subiu ligeiramente para $ 326, contra $ 325 em maio. Em meados de julho, os preços encontravam-se mais firmes por causa de uma possível estagnação da produção de 2022.
Na Tailândia, os preços caíram em média 3% como resultado da desvalorização do bath em relação ao dólar. A moeda tailandesa está em seu nível mais baixo dos últimos 5 anos. A demanda africana é fraca,
parcialmente compensada pela demanda de importação do Oriente Médio. A tendência baixista dos preços deve continuar, mas será limitada por causa do aumento nos custos de produção como resultado dos altos preços de fertilizantes e combustíveis.
Em junho, as exportações teriam aumentado para 595.000 t contra 450.000 t em maio, já um avanço de 50% em relação a 2021 na mesma época. O preço do arroz Tai 100%B atingiu $ 439, contra $ 454 em maio. O arroz parboilizado também caiu para $ 436, contra $ 454. O quebrado A1 Super resistiu melhor descendo apenas 0,7% a $ 410 contra $ 413 anteriormente. Em meados de julho, os preços continuavam fracos à medida que a segunda safra começa a chegar.
No Vietnã, os preços de exportação aumentaram novamente devido à forte demanda das Filipinas, seu principal mercado, que responde por quase 50% das exportações vietnamitas. As vendas para a África Ocidental também melhoraram, apesar da forte concorrência da Índia. Em contraste, as vendas para o mercado chinês encontram-se reduzidas. Em junho, as exportações atingiram 726.000 t contra 710.000 t em maio, marcando um avanço de 6,5% em relação ao ano passado na mesma época. O Viet 5% foi negociado a $ 423, contra $ 419 em maio. O Viet 25% aumentou para $ 405, contra $ 399. Em meados de julho, os preços estavam estáveis.
No Paquistão, os preços do arroz aumentaram significativamente em 12% em um mês. A demanda chinesa tem permanecido forte, enquanto a oferta de exportação tende a diminuir. A nova safra paquistanesa só começará a chegar em meados de setembro. Porém, o final de junho, os preços começaram a cair drasticamente à medida que os importadores se distanciam do suprimento paquistanês, favorecendo o arroz indiano muito mais barato.
Em junho, Pak 25% subiu para $ 390, contra $ 349 em maio. No início de julho, os preços estavam em queda a $ 370.
Na China, a demanda de importação de arroz quebrado para ração animal se estabilizou, mas as necessidades de importação, em todas as categorias, permaneceram altas em 2022, por volta de 5 Mt. A produção possivelmente estará estagnada por causa das inundações que afetaram as colheitas. Além disso, há uma forte pressão para aumentar a produção de oleaginosas, o que poderia levar a uma redução na produção de cereais em 2022/2023.
Nos Estados Unidos, os preços do arroz subiram novamente 3% num mercado mais ativo. A oferta exportável será menor este ano devido à perspectiva de redução da produção de arroz em 2022. Em dois anos, a produção estadunidense teria se contraído 20% como resultado da redução das áreas plantadas, substituídas por culturas mais rentáveis. Em junho, as exportações atingiram 242.000 t contra 165.000 t em maio, mas marcando um atraso de 11% em relação a 2021 na mesma época.
O preço indicativo do arroz de Long Grain 2/4 aumentou para $ 676/t, contra $ 656 em maio. Em meados de junho, o preço ainda estava firme em torno de $ 685.
Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz paddy caíram 3%, para $368/t, contra $379 em maio. Em meados de julho, os preços ainda estavam fracos, a $ 362.
No Mercosul, os preços de exportação caíram novamente como resultado da força do dólar em relação às moedas nacionais. A oferta de exportação será menos abundante em 2022, após um ano contrastante.
No Brasil, a produção brasileira caiu 10%, assim como a Argentina. Em contrapartida, a produção uruguaia melhorou graças a rendimentos médios superiores de 9 t/ha. O preço indicativo do arroz paddy brasileiro permaneceu estável em $ 287/t. Em meados de julho, o preço indicativo estava declinando para $ 280.
Na África subsaariana, os preços dos cereais nos mercados regionais continuam apresentando tendências inflacionistas devido à baixa oferta neste período do ano. Os altos custos de insumos terão provavelmente um forte impacto nas colheitas que começaram a chegar durante o último trimestre do ano. A demanda de importação, principalmente de arroz asiático, poderia atingir um nível recorde de quase 20 Mt, já 10% superiores em relação a 2021.
2 Comentários
Esse cidadão é o profeta do Apocalipse arrozeiro, deve ser pago para divulgar projeções apocalípticas do mercado internacional sempre em queda e aumento da produção a nível mundial.
As informações por ele coletas deveriam sofrer auditoria por algum órgão idôneo antes de serem divulgadas……por que tem gente que acredita!!
È apenas uma previsão, embasada em vários dados disponíveis no momento, esperemos que o dólar continue ´´forte´´ e alavanque as exportações…porquê se depender do comercio interno, vai ser mais um ano difícil para a orizicultura .