Perspectivas para o mercado do arroz em 2021

 Perspectivas para o mercado do arroz em 2021

Machado: novos patamares

Autoria: Elton Machado – Produtor e presidente da Associação de Arrozeiros de Arroio Grande.

Como sabemos os vetores que compõem a complexa matriz comercial orizícola são muitos, entre eles temos a área plantada, produtividade, situação financeira dos produtores, estoques de passagem, agora a pandemia, o dólar entre outros. Em maio do ano passado, pós safra gaúcha, o mercado internacional registrou pico de U$ 22,00 o saco de 50kg na primeira onda de Covid-19, com o passar do tempo observamos que não se tratava apenas uma onda e sim uma sequência de ondas, levando a manter o mercado do cereal aquecido.

O consumo deve manter-se firme com o " fique em casa ", teremos estabilidade nos índices do consumo de arroz acima dos últimos anos.

A área plantada, esse ano, ficou minimamente superior à temporada passada, que já foi considerada limite mínimo. A produtividade fatalmente será menor. Infelizmente a orizicultura vem passando por tempos muito difíceis quando, por anos, a maioria dos produtores venderam o arroz Casca com preço infinitamente inferior ao custo de produção e isso trouxe insegurança ao setor, resultando em diminuição de área em função do descrédito na cultura.

Ao mesmo tempo o orizicultor vem se profissionalizando cada vez mais, hoje vemos modelos empresariais implementados em boa parte das granjas e isso leva a planificação dos negócios mostrando que a orizicultura ainda não é um bom investimento, muito menos seguro, sofrendo influência dos vetores de mercado além de “influências adversas ao mercado”, fatores que derrubam os preços do dia para noite, durante a safra.

É preciso entender que a colheita gaúcha não é toda ofertada à venda durante a safra, o arroz não é um produto perecível e a produção brasileira é bem ajustada ao consumo interno anual, fatores estes que não justificam quedas de 20, 30 até absurdos 40% no preço do arroz em casca durante a safra.

Há muito tempo o cenário de forte ajuste entre a oferta e demanda estava sendo desenhado e o custo desse ajuste, causado pela desvalorização desmedida do arroz casca, teria um alto preço a ser pago para todos os elos da cadeia produtiva.
A conta chegou, com juros e correção monetária, o prejuízo que até então era absorvido somente pelo produtor, agora foi diluído desde a lavoura até o prato do consumidor passando por todos os elos da cadeia produtiva.

O arroz ainda é um alimento extremamente barato são necessários apenas R$ 21,00 mensais para alimentar uma pessoa os 30 dias do mês num total de 60 refeições, isso considerando o preço médio do kg de arroz na gôndola R$ 5,00.

Mudou o patamar de preços do arroz casca, só que tal mudança chegou muito tarde. Se a mesma não se mantiver, logo, logo o RGS não plantará mais de 850 mil hectares de arroz.

As características do grão produzido no Estado do Rio Grande do Sul são diferenciadas, gerando um produto com altíssima qualidade que obrigatoriamente deve ser valorizado.

O novo preço do arroz já foi assimilado pelo consumidor final com base no arroz casca acima de R$ 100,00, os vetores mercadológicos para 2021 devem manter preços firmes ao decorrer do ano com algumas variações, naturais dos períodos de oferta e de entressafra, e alguma alteração pertinente à variação cambial.

Esse ano, durante a safra, as conhecidas “influências adversas ao mercado” demonstram, até agora, menor impacto na derrubada das cotações, já que a maioria dos produtores que tem o domínio do seu arroz não está disposta a comercializá-lo a menos de R$ 100,00, valor esse já defasado por que o mercado assimilou valores de até R$ 120,00 o saco de 50kg “livres ao produtor “, ou seja, sem desconto algum como impureza(tolerância 2%), rendimento (tolerância 58×10), defeitos, frete e inclusive a taxa CDO, isso significa dizer que o valor bruto do saco de 50kg atingiu R$ 129,00 em seu pico, ainda que as cotações médias referenciais fiquem entre R$ 85,00 e R$ 90,00 no rol de ofertas das indústrias.

1 Comentário

  • Parabéns Elton! Muito bem explicada essa valorização do arroz, temos um produto de muita qualidade e um alimento que ainda é barato na mesa do consumidor final.

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