Pesquisa abrange 136 países

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Bangladesh: meio quilo de arroz por habitante ao dia

 Para entender melhor a ligação entre o consumo de arroz e a obesidade, Tomoko Imai e seus colegas da Faculdade de Artes Liberais de Quioto, no Japão, examinaram todos os produtos de arroz, incluindo branco, integral e farinha, o consumo relativo (gramas por pessoa ao dia) e o consumo de energia (quilocaloria por habitante ao dia) nas dietas de 136 países com populações superiores a 1 milhão de habitantes usando dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

As informações foram analisadas juntamente com estimativas de prevalência de obesidade, número médio de anos gastos em educação, percentual da população acima de 65 anos, produto interno bruto (PIB) per capita e gasto em saúde. Os países foram categorizados em grupos de baixo e alto consumo.

A análise mostrou que o total de energia consumida, taxas de tabagismo e de obesidade, porcentagem da população acima de 65 anos, PIB, educação e gastos com saúde foram significativamente menores em países que consumiram altos níveis de arroz. O destaque é Bangladesh, onde cada habitante consome quase meio quilo de arroz por dia.

Mesmo depois de considerar e ajustar esses fatores de risco conhecidos, uma associação inversa foi observada entre o consumo e as taxas de sobrepeso – sugerindo que a maior ingestão do grão poderia fornecer uma proteção ainda maior.

“Comer arroz parece proteger contra o ganho de peso. É possível que as fibras, nutrientes e compostos de plantas, encontrados em grãos integrais, aumentem a sensação de saciedade e ajudem a evitar excessos. O arroz também é pobre em gordura e tem um baixo nível de glicose pós-prandial, suprime a secreção de insulina. No entanto, há relatos de que as pessoas que comem demais o cereal têm maior probabilidade de desenvolver síndrome metabólica e diabetes, daí a importância de que a dieta seja adequada”, diz o professor Imai.

O Brasil fica num nível intermediário, uma vez que consome em média pouco mais de 90 gramas do grão beneficiado ao dia por habitante, um quinto da demanda de Bangladesh (473 gramas), mas seis vezes o consumo diário de um francês (15 gramas).

QUESTÃO BÁSICA
Embora a pesquisa japonesa não estabeleça uma relação de causa e efeito entre o consumo de arroz em cada país e o de obesidade, os pesquisadores dizem que isso deve ser mais investigado. A limitação dos estudos transversais é o risco de identificar associações falsas com os resultados de fatores de confusão. A associação identificada entre o consumo de arroz e a obesidade permaneceu mesmo após o ajuste para vários fatores de risco socioeconômicos e de estilo de vida, observam os autores. Para eles, há necessidade de estudos futuros para demonstrar se o aumento do consumo individual de arroz leva a melhorias nas taxas de obesidade em estudos mais longevos.

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