Pesquisa em SC testa fungo para controle biológico do percevejo do arroz irrigado

 Pesquisa em SC testa fungo para controle biológico do percevejo do arroz irrigado

Inseto infectado pelo fungo Beauveria foi identificado durante a entressafra – Foto: Eduardo Heickel / Epagri

(Por SCemPauta) Pesquisadores da Estação Experimental da Epagri, em Itajaí, desenvolvem estudos para o uso do fungo Beauveria no controle do percevejo do grão, principal praga do arroz irrigado em Santa Catarina. A iniciativa integra o projeto “Prospecção e bioprospecção de microrganismos para controle do percevejo do grão na cultura do arroz irrigado em SC” e busca criar o primeiro bioinsumo desse tipo no Estado.

Bioinsumos são produtos, processos ou tecnologias de origem vegetal, animal ou microbiana aplicados na agricultura para produção, proteção, armazenamento e beneficiamento de produtos agropecuários. Segundo os pesquisadores, o fungo tem potencial para reduzir custos, melhorar a qualidade do produto e diminuir riscos de contaminação de água e solo.

A pesquisa é conduzida pelos engenheiros-agrônomos Marcos Lima Campos do Vale, Alexandre Visconti e Eduardo Hickel. O trabalho teve início quando Hickel observou, durante a entressafra, insetos mortos recobertos por fungo. Os exemplares foram coletados e analisados quanto à capacidade de controle da praga.

Visconti realizou a identificação do fungo Beauveria, sua multiplicação e testes de compatibilidade com defensivos agrícolas usados na fase de enchimento de grãos. Também foram avaliados o nível de mortalidade do percevejo, a capacidade de reprodução do fungo, sua adaptação a processos industriais e a viabilidade de uso integrado com controle químico.

Campos do Vale formalizou o projeto junto a cooperativas e à indústria, além de coordenar avaliações de campo. A fase de validação será conduzida na safra 2025/26 em propriedade rural.

O uso do bioinsumo pode reduzir a necessidade de reaplicações de inseticidas, diminuindo riscos de contaminação do solo, da água, do alimento e do trabalhador rural. Essa redução também favorece a comercialização do arroz em mercados com padrões rigorosos, como União Europeia e Estados Unidos.

A pesquisa conta com patrocínio da empresa Urbano Alimentos, de Jaraguá do Sul, e das cooperativas Cooperja, Coopersulca e CooperJuriti. A empresa Ballagro, de São Paulo, deve desenvolver o produto comercial a partir da cepa estudada.

A partir de 2026, o projeto iniciará testes com método autoinoculativo, no qual insetos são contaminados em laboratório e liberados na lavoura para disseminar o fungo. Também está em andamento pesquisa sobre o uso de feromônios para potencializar a eficácia do bioinsumo.

Além de atender a lavouras catarinenses, o produto pode ter aplicação em outras regiões produtoras de arroz irrigado, como Rio Grande do Sul, Uruguai, Argentina e Paraguai. Santa Catarina possui 145.294 hectares cultivados em cerca de cinco mil propriedades, concentradas principalmente no Sul do Estado.

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