Pesquisadores anunciam seqüenciamento do genoma do arroz
A seqüência completa dos 12 cromossomos do arroz cobre um total de 390 milhões de pares de bases, ou seja, 95% de seu genoma, com uma exatidão de 99,99%. Por volta de 40 mil genes foram identificados.
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) anunciou nesta semana que a seqüência do genoma do arroz foi quase totalmente decodificada. O anúncio do final do trabalho foi feito simultaneamente em todos os 10 países membros da rede que realizou a pesquisa, liderada pelo Japão e formada pelos Estados Unidos, França, China, Índia, Coréia, Taiwan, Tailândia, Brasil e Reino Unido. O professor Antonio Costa de Oliveira, da Faculdade de Agronomia da Ufpel e responsável pela equipe brasileira, participou nesta terça, dia 14, em Tóquio da solenidade de divulgação dos resultados.
A seqüência completa dos 12 cromossomos do arroz cobre um total de 390 milhões de pares de bases, ou seja, 95% de seu genoma, com uma exatidão de 99,99%. Por volta de 40 mil genes foram identificados.
Sua composição e distribuição clareiam as principais características do genoma do arroz afirmou o professor Oliveira, único brasileiro a participar do projeto.
Para ele, o feito não é importante somente para o melhoramento do arroz compreendendo a função desses genes, os cientistas terão condições de desenvolver variedades geneticamente modificadas, com tolerância à seca e resistente às doenças , mas fornecerá também valiosas informações para a análise de outros cereais, como o milho e o trigo. A codificação do genoma do grão começou a ser realizada em 1997. Antônio Oliveira ingressou na rede de pesquisadores em 2000. Com o fim do seqüenciamento, novas etapas do trabalho já estão planejadas.
Conhecemos as seqüências mas não sabemos suas funções diz Oliveira.
Neste sentido, linhas de pesquisa estão desenhadas na Ufpel para dar prosseguimento às investigações. Entre elas, tolerância a ácidos orgânicos e ao frio, linhagem para produção de híbridos e outros gens de importância agronômica.
Dentro da área chamada de genômica funcional, Oliveira também desenvolve estudos sobre expressão diferencial de gens de raiz de arroz sob condições de hipóxia, ou seja, exposto a baixos teores de oxigênio. O objetivo da pesquisa é, através da identificação e estudo dos gens de arroz responsáveis pela sua tolerância ao encharcamento, transferir esta característica para outros produtos, como trigo, aveia e milho para, desta forma, permitir seus cultivos em áreas onde hoje só se pode plantar arroz. Estima-se que em dois anos se tenha algum resultado
Por sua importância, desde 2001 o arroz está protegido como patrimônio de vital importância para a humanidade por um tratado sobre conservação de recursos genéticos na agricultura, assinado por 50 nações.