Pico de alta não se sustenta e leilão gera leve impacto nos preços do arroz
Ainda assim, os valores oscilam entre o equilíbrio e mínima alta. Valorização do dólar pode fortalecer as exportações.
As cotações do arroz em casca, em sacas de 50 quilos, que alcançaram o pico de preços do ano, em R$ 36,90 por duas vezes em setembro, não se sustentaram diante do anúncio, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) da programação de seis leilões de oferta do produto em casca no Rio Grande do Sul. Depois de chegar a R$ 36,72 por saca de 50kg (tipo 1 – 58×10), posto na indústria gaúcha, à vista, no dia 18 de setembro, as cotações alcançaram R$ 36,90 novamente na última sexta-feira, dia 19 de setembro, mas voltaram à cair na medida em que se aproximou a data do leilão, nesta quinta-feira (25/9). A valorização no mês, que chegou a acumular 0,49%, caiu para apenas 0,11%, com a saca referenciada pelo Indicador de Preços do Arroz em Casca ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa, em R$ 36,76. Em dólar, a saca equivale a US$ 15,27, pela cotação do dia, que fechou em R$ 2,40 por dólar.
No mercado livre o arroz é comercializado em pequenos lotes entre R$ 35,20 e R$ 36,50, dependendo da praça. Nos polos de beneficiamento, chegam a R$ 37,00, dependendo das condições do contrato. Os últimos 10 dias mostraram grande volatilidade no mercado, com picos de alta e baixa associados à um pequeno crescimento da oferta pela expectativa pelo leilão, que terá oferta de 30,2 mil toneladas de arroz em casca depositado no Rio Grande do Sul. Enquanto isso o arroz beneficiado gaúcho não consegue superar a barreira dos R$ 45,00 por fardo, com algumas empresas “liquidando” o produto para assegurar presença no mercado. Em contrapartida, muitos produtores tratam de comercializar o que ainda têm de arroz para capitalizarem-se no sentido de formarem a nova lavoura. Vale lembrar que a soja também vem apresentando desvalorização no mercado, o que pode motivar a venda do arroz para “fazer caixa”.
O comportamento dos preços dependerá, agora, do desempenho do leilão da Conab, dos preços de abertura e de compra do arroz, que deverão se tornar balizadores do mercado. Objetivo maior da Conab, obviamente, no sentido de evitar uma alta mais significativa dos preços aos produtores com reflexo na inflação brasileira.
SAFRA
A safra gaúcha recém apresenta o plantio das primeiras lavouras semeadas em sistema pré-germinado, pois o clima não vem ajudando. Chuvas intensas nas regiões de cultivo impediram o início da semeadura nos últimos 15 dias. Apesar de uma expectativa do Irga de que esta semana seria melhor, nesta terça-feira e na quarta-feira foram registradas chuvas na Fronteira-Oeste, Campanha e Depressão Central, o que frustrou mais uma vez o ingresso dos produtores nas lavouras para semear ou finalizarem o preparo de solo. Apesar de alguma expectativa de alta entre 0,5 e 2% na área semeada, ninguém no momento pode definir exatamente qual será a dimensão da lavoura gaúcha.
Vale lembrar que ainda há tempo para a semeadura do arroz dentro do período recomendado, mas os produtores, com o atraso, começam a perder o melhor momento da radiação solar entre o final de novembro e meados de janeiro, que é gratuita, e também para a formação de pastagens de inverno ao final da colheita, para evitar os danos com o vazio outonal e, com isso, também reduzem a janela de aproveitamento da mão-de-obra e equipamentos para o uso no preparo e semeadura das lavouras de soja.
Nesta segunda-feira (22/9) foi semeada manualmente, em Tapes (RS), em sistema pré-germinado, a lavoura que será o palco da 25ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz. Ela tem 1,4 hectare, utilizará as tecnologias do Irga.
MERCOSUL
No Mercosul a tendência é de que os tradicionais produtores Argentina e Uruguai apresentem leve retração da área cultivada, entre 1% e 2%, por questões climáticas, aumento dos custos de produção, migração para o cultivo da soja e pastagens, entre outros fatores. Em Corrientes, maior província produtora argentina, já foi anunciada uma retração em torno de 1%. No Uruguai, a Associação de Cultivadores de Arroz anunciou que os altos custos e o teto de preços estipulados pela indústria afetarão a área semeada, uma vez que os produtores devem abandonar áreas de maior custo de produção e menor rendimento. No Paraguai, com a proibição do uso das águas do Rio Tebicuary, o mais importante da maior região produtora daquele País, deverá afetar a área cultivada. Resta saber se o aumento de área em outras regiões poderá superar a superfície que não será semeada próxima do Tebicuary, e se a disponibilidade de água das barragens particulares compensará a restrição ao uso da água do rio.
EXPORTAÇÃO
A boa notícia da semana fica por conta do potencial de exportação aumentado, por conta da valorização expressiva do dólar, que supera 7% no mês, e alcançou a casa dos R$ 2,40 nesta terça-feira (23/9). Os volumes embarcados vinham mostrando sinais de enfraquecimento pela valorização dos preços internos, queda dos preços internacionais e forte concorrência dos Estados Unidos a partir de julho passado. A valorização retoma a competitividade brasileira frente aos seus principais concorrentes nas Américas, se for mantido este patamar de preços. O setor espera para esta semana o anúncio de uma licitação de 30 mil toneladas de arroz para o Iraque, no qual o Brasil apresentou o menor preço. Só este embarque compensaria integralmente o volume ofertado amanhã pela Conab. Também está amadurecendo uma exportação brasileira para o México.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 36,90 pela saca de arroz em casca (50kg – 58×10) no Rio Grande do Sul, estáveis. A saca de arroz beneficiado, em 60kg, é cotada a R$ 73,50. Canjicão e quirera, ambos em sacos de 60kg, são cotados respectivamente em R$ 43,00 e R$ 38,50 FOB/RS. O farelo de arroz é referenciado em R$ 390,00 a tonelada FOB Arroio do Meio/RS.
1 Comentário
segue reportagem planeta arroz de hoje para compartilhar