Pico de safra mantém preços em baixa

O início do período de maior pressão da colheita do arroz no Sul do País coincide com a baixa, enquanto indústria, atacado e varejo trabalham com a expectativa de aumento dos depósitos de estoques e maior oferta por parte do produtor. Ainda assim, preços de mercado estão 25% maiores do que no mesmo período na safra passad.

Com pouco menos de 20% da lavoura de arroz do Rio Grande do Sul colhida, esta semana marca o início do chamado pico de safra, momento em que o maior volume de colheitadeiras entra na lavoura e as engrenagens da cadeia produtiva gaúcha se movem a todo o vapor. A semana confirmou a continuidade da queda gradativa dos preços de referência do arroz no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, comum na época de safra, segundo corretoras, agentes de mercado, entidades, indústrias e os analistas de mercado.

O indicador Cepea/Esalq/UPS e BM&F – Bovespa caiu 17 centavos esta semana, chegando ao menor valor de 2009 no Rio Grande do Sul nesta quinta-feira: R$ 28,98. Em março os preços da saca de arroz de 50 quilos, com 58% de inteiros, já decresceram 2,10% segundo o levantamento. O valor refere-se ao produto posto na indústria, incluindo os custos de frete. Apesar de seguir caindo, a trajetória arrefeceu em março. Em fevereiro a queda nos preços chegou a 8,6%.

As corretoras gaúchas indicam preço médio de R$ 28,00 para o arroz da safra anterior (ou mais antigas) livre ao produtor na maioria das praças, mas com baixíssimo volume de negócios. Arroz novo chegou a ser negociado a R$ 26,50 segundo as corretoras, na Depressão Central e Fronteira, mas também em pequenos volumes e por produtores que precisavam honrar compromissos urgentes.

É uma rotina. O produtor menos capitalizado acaba pressionado à venda imediata, por preços baixos, pois não têm fôlego para aguardar o segundo semestre, quando a comercialização deverá ser mais rentável.

Historicamente, a safra é o momento dos preços mais baixos de comercialização, quando o produtor está desocupando silos e armazéns e ofertando parte dos estoques residuais para fazer frente às despesas de colheita. É quando os demais segmentos da cadeia produtiva, como indústrias, atacado, varejo e consumidor esperam preços mais baixos pela “abundância” de produto.

Parte das indústrias tem a seu favor o “depósito” pelo produtor que não dispõe de sistemas de armazenagem. Como arroz não tem marca, esta prática permite, por exemplo, o giro do produto no decorrer do ano e torna-se um estoque estratégico no setor industrial. A prática é muito comum neste setor.

Apesar da baixa nestes dois meses e meio de 2009, os preços referenciais do arroz no Rio Grande do Sul estão 25% acima das cotações do mesmo período em 2008, o que anima o produtor. Há expectativa de uma recuperação gradual a partir do final da safra (abril/maio) e preços remuneradores a partir de agosto de 2009 dentro da cadeia produtiva. O otimismo está ligado à expansão do mercado mundial pelos exportadores do Mercosul, estoques de passagem mais baixos, expectativa de importações menores e vendas externas de 500 a 600 mil toneladas e dólar equilibrado num patamar acima de R$ 2,20.

O que preocupa são os custos de produção para a safra futura, pois segundo a projeção dos analistas, quando o preço do arroz estiver subindo, em agosto de 2009, os insumos já deverão estar comprados para a próxima safra.

SAFRA

Esta semana a Conab anunciou os novos números de safra, que elevaram a expectativa de produção nacional. Para o Rio Grande do Sul é prevista uma colheita de 7,7 milhões. A Emater RS projeta números menores, em torno de 7,3 milhões e o Irga chegou a cogitar 8 milhões de toneladas levando em conta a média ponderada das produtividades alcançadas até o momento, com recordes de média que superam os 6,8 mil quilos por hectare. E de muito boa qualidade. Preocupa, apenas, o alto volume de arroz vermelho que inçou as lavouras gaúchas.

A Federarroz considera que a colheita será boa, mas não deve passar de 7,5 milhões de toneladas. Os dirigentes arrozeiros citam que o início da colheita sempre é muito favorável, mas à medida que o tempo passa as produtividades diminuem em razão de problemas climáticos, falhas de manejo, falta de insumos – principalmente água – entre outros fatores. A entidade sugere ao produtor buscar recursos do EGF e escalonar as vendas.

O setor ainda aguarda o anúncio dos contratos de opções do governo federal para os próximos dias. O problema ainda está na falta de um acordo entre o MAPA e os arrozeiros sobre os preços de referência. Enquanto o MAPA pretende trabalhar com o preço mínimo de R$ 26,80 como referência em março, e reajuste mensal de 51 centavos, os arrozeiros querem partir de R$ 28,00 em janeiro. O volume de arroz neste mecanismo deve chegar a 1,3 milhão de toneladas.

MERCADO

Corretoras e agentes de mercado do Rio Grande do Sul indicam preços médios de R$ 27,50 a R$ 28,50 na maioria das praças arrozeiras do Estado e baixo volume de comercialização. Em Alegrete, São Gabriel, Dom Pedrito, Rosário do Sul, Restinga Seca, Cachoeira do Sul e Rio Pardo, as cotações referenciais são de R$ 28,00. Nos pólos industriais, como Pelotas, Camaquã, Uruguaiana, Itaqui e São Borja chegam a R$ 29,50, com bônus de até R$ 1,50 para as variedades nobres nos dois últimos municípios citados. No Litoral Norte, há comercialização de variedades nobres na faixa de R$ 31,00, com 64% acima de inteiros.

No Mato Grosso, as médias de preços seguram em queda com a colheita chegando ao seu ponto máximo. As cotações indicam preços na faixa de R$ 32,50 a R$ 36 para a saca de 60 quilos. Em Santa Catarina, os preços se mantém entre R$ 29,00 e R$ 31,00 no Sul do Estado segundo o Instituto Cepa/Epagri.

PREÇOS

A Corretora Mercado informa preços de R$ 28,50 em média para o arroz gaúcho e R$ 58,50 para a saca de 60 quilos do beneficiado, ambos com queda de 50 centavos ante a semana anterior. Nos subprodutos, estabilidade:o canjicão é cotado a R$ 29,00, a quirera a R$ 23,00 e o farelo de arroz em R$ 280,00 a tonelada.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter