Plano não contempla realidade do arroz
De acordo com o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz, Tiago Sarmento Barata, o Plano Safra apresenta uma avaliação mais geral sobre o agronegócio brasileiro, mas não contempla as especificidades da cultura do arroz. “O arroz irrigado apresenta características distintas, o que, em nossa avaliação, deveria receber uma atenção diferenciada do governo”, observa.
Esta avaliação é compartilhada pelo presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles.“De uma forma geral, o governo, com o aumento de 20% do volume de recursos para a próxima safra, reconheceu a importância econômica da agropecuária para o país. Mas para o arroz, devido à crise instaurada com a redução dos preços e a alta dos custos, especialmente no que diz respeito à energia elétrica, a análise é de que esta modalidade deveria ser vista com um olhar diferente pelo governo federal”, avalia o dirigente.
Segundo Dornelles, o Brasil vive uma restrição de crédito de forma generalizada e isto compromete o alimento básico do brasileiro. Ele explica que a situação do arroz irrigado é diferente de outras culturas em relação ao mercado. “A soja, por exemplo, tem uma demanda por exportação muito elevada, enquanto o arroz é ligado ao mercado doméstico”, compara.
A Federarroz reivindica uma avaliação mais profunda dos custos de produção e dos preços mínimos para a cultura, que são reduzidos e acabam mascarando a realidade que se vê nas lavouras. “A expectativa é que haja uma reavaliação urgente, com medidas para que não se comprometa a atividade. Para os preços mínimos e custos de produção da atividade orizícola, esperamos que seja publicado algo que realmente represente a realidade do setor.
Hoje o produto está cotado em torno de R$ 34,00 e existe uma grande crise do setor que poderá comprometer a área do arroz. Muitos produtores poderão inclusive reduzir a área devido aos altos custos de produção”, alerta Dornelles.
O presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, também reconhece que o Plano Safra não veio a contento, mas está longe de ser tão desolador. “Se por um lado os recursos aumentam, por outro as taxas de juros pesarão mais no bolso do agricultor. Lamentamos essas taxas de juros, comparando com a dos concorrentes internacionais. Eles devem estar aplaudindo em pé”, afirma o dirigente.
Para o analista Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agronômica, o Plano Safra, apesar do aumento no volume de recursos, não apresenta grandes novidades nem contempla as principais demandas do setor arrozeiro. “Continuamos sem o reajuste do preço mínimo, os juros estão mais altos e houve uma redução nos recursos destinados à armazenagem”, pontua.
A crítica de Henrique Dornelles é que o atual modelo de Plano Safra brasileiro já chegou ao seu limite. “Seguir realizando grandes lançamentos anuais de recursos e juros não sustentará nossa agricultura, dependente de importação de fertilizantes e total descontrole dos custos de produção. Possuímos o principal conceito de economia moderna, ausência de subsídios, ou seja, para o mundo somos grandes competidores.
Entretanto, para nós, produtores, parece que em pouco tempo será limitante seguir produzindo commodities sem escala elevada devido à insegurança em relação à renda, falta de infraestrutura e carga tributária que somente evolui”, completa.
Seguro Rural
– Orçamento aprovado para 2015: R$ 668 milhões
– Sistema integrado de informações do seguro rural – SIS Rural
– Redução do custo do seguro mediante negociação direta entre grupos de produtores e seguradoras
Padronização das apólices
– Nível de cobertura por apólice (mínimo de 60%)- Reduzir custo da franquia
Financiamento da Agropecuária Brasileira
– R$ 270 bilhões investidos na agropecuária geram R$ 820 bilhões de valor adicionado no agronegócio, ou seja, cada R$ 1,00 investido na agropecuária gera R$ 3,03 de valor adicionado