Plantio de arroz pode ter queda de 70% em MT

Estimativa é da Associação dos Produtores de Arroz do Mato Grosso. Analistas, no entanto, estimam redução entre 20% e 30%.

A próxima safra de arroz em Mato Grosso poderá ter queda de até 70% se o atual quadro não mudar. Analistas e produtores não enxergam nenhuma luz no final do túnel e os trabalhos de plantio começam no final do próximo mês. Os orizicultores reclamam de preços defasados, alto custo da produção, endividamento, excesso de estoque no mercado e importação.

Outro agravante à sustentabilidade da cultura no Estado é a desclassificação da variedade por parte da Companhia Nacional de Abastecimento, que não considera mais o Cirad 141, como longo fino devido à sua baixa qualidade. O resultado desta mudança no mercado do arroz é que muitos produtores que adquiriram sementes dessa variedade, na safra passada, não estão conseguindo vender os estoques remanescentes para a indústria, que se recusa a beneficiar o produto por considerá-lo de péssima qualidade para consumo.

Caso se confirmem as previsões, a área plantada do arroz irá recuar em 70%, totalizando em 05/06, 250 mil hectares (ha). A grosso modo, isso significa que a produção poderá cair de 2,2 milhões de toneladas (t) (safra 04/05) para cerca de 700 mil/t. Dos 250 mil hectares para serem cultivados a partir do mês que vem, 150 mil/ha deverão ser ocupados pela variedade Primavera e, o restante, 100 mil/ha, pelo Cirad.

Na safra passada, os números foram inversos: o Cirad respondeu por 450 mil/ha da área e o Primavera, por 350 mil/ha.

Esta migração do Cirad para o Primavera, na próxima safra, se dará em função da baixa qualidade da variedade, considerada mais resistente a fatores climáticos, pragas e doenças. Mesmo com a opção pela variedade Primavera, não há risco de faltar sementes, garantem as revendas.

“A cultura do arroz em Mato Grosso é uma incógnita. Ninguém sabe o que será plantado, pois até mesmo a compra de sementes está parada”, disse o futuro presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan.

Segundo ele, os produtores estão endividados, não conseguem refinanciar as dívidas, falta crédito e há excesso de estoque no mercado. “É a pior crise que vivemos nas últimas décadas. Esperamos por um milagre”.

O presidente da Associação dos Produtores de Arroz (APA), Ângelo Maronezzi, que já chegou a prever redução de 60% na área de plantio, diz que agora não se pode falar em percentual de redução, pois a situação está indefinida tanto em relação a crédito quanto a preço de mercado.

Ele lembrou que das 2,2 milhões/t toneladas colhidas nesta safra, ainda existem 900 mil/t encalhadas nos armazéns, a espera de comprador.

Ele também aposta em um plantio maior da variedade Primavera, uma vez que o Cirad apresentou problemas nesta safra, face à falta de armazenagem adequada e ao atraso na colheita, pela forte chuvas que atingiram a região.

Maronezzi lembra que o custo de produção desestimula qualquer iniciativa de plantio sem a garantia de um preço mínimo, “já que com os preços atuais de mercado, seria necessário produzir aproximadamente 125 sacas de arroz por hectare para saldar a dívida, produtividade impossível de se alcançar em Mato Grosso com as cultivares Cirad 141 e Primavera”.

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