Pouca luminosidade impede rendimento maior nas lavouras de arroz

A produção no Rio Grande do Sul também foi prejudicada no início da safra, quando o plantio teve de ser retardado em razão de chuva constante ao longo da primavera.

A esperança dos arrozeiros gaúchos de produzir mais nesta safra, como forma de abrandar a alta dos custos de produção, deve esbarrar na pouca radiação solar registrada no mês de janeiro.

A combinação de sol na cabeça e água no pé, perfeita para o arroz, foi desfeita em um período de baixa luminosidade e alta umidade — propícias para o aparecimento de fungos.

— Tivemos de aumentar as aplicações de defensivos para controlar as doenças na lavoura — diz Alex Sandro Bizarro, 47 anos.

A produção no Rio Grande do Sul também foi prejudicada no início da safra, quando o plantio teve de ser retardado em razão de chuva constante ao longo da primavera. Com cem hectares de arroz cultivados em Taquari e em Triunfo, o agricultor tem a vantagem de não precisar de energia elétrica para a irrigação.

Nas propriedades de Alex Sandro, a inundação do solo é feita por meio da gravidade (com a condução natural da água de reservatórios para lavouras localizadas em áreas mais baixas).

O sistema é usado em apenas 15% da área de arroz no Estado, conforme a Federarroz, devido a limitações geográficas. A grande maioria usa o sistema tradicional, com bombeadores elétricos que tiram água de reservatórios e a levam até as plantações.

No distrito de Costa do Santa Cruz, a 12 quilômetros do centro de Taquari, o produtor começou a colheita há aproximadamente duas semanas. Na área de várzea semeada em setembro, em sistema pré-germinado. A semeadura em áreas alagadas é feita em 10% das lavouras gaúchas. No restante, o método é de plantio semi-direto, feito com o solo seco.

Alex Sandro precisa colher no mínimo 130 sacas por hectare para cobrir os custos, que inclui os 20% destinados a pagar o arrendamento.

— O meu risco é alto. Calculo tudo para me sobrar pelo menos R$ 900 por hectare — conta o arrozeiro, que vende a produção para a Cooperativa Regional de Energia Taquari Jacui (Certaja) e para indústrias catarinenses.

Produção: 8,17 milhões de toneladas. Alta de 0,7% sobre o ciclo passado.

Área plantada: 1,11 milhão de hectares. Redução de 0,1% na comparação com o ano anterior.

Produtividade: 7,3 mil quilos por hectare (146 sacas). Rendimento 0,8% maior do que a safra do ano anterior.

Qualidade para exportar

Com o mercado externo para o arroz já consolidado, o Brasil estabilizou o preço do cereal nos últimos anos. O produto brasileiro é embarcado hoje para quase 60 países, com destaque ao Senegal, Venezuela, Cuba e Gâmbia.

— Temos posição consolidada no mercado internacional, especialmente pela qualidade do cereal — diz Tiago Sarmento Barata, diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

O ano-safra do arroz, a ser encerrado em março, deverá fechar com embarque de 1,2 milhão de toneladas. Do volume de arroz exportado pelo Brasil, mais de 95% têm origem no Rio Grande do Sul, que detém mais da metade da produção nacional.

— A indústria precisa buscar a valorização do produto beneficiado. O arroz não pode ser visto como o vilão da inflação — completa Barata.

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