Preço do arroz preocupa o setor orizícola gaúcho

Lavouras de arroz têm custo de produção 12% maior do que o preço mínimo estabelecido pelo governo federal.

Arrozeiro e conselheiro do Irga por Rio Pardo (RS), Nelson Tatsch está apreensivo quanto ao futuro da produção. Nos 150 hectares cultivados às margens do rio Jacuí na localidade de Barragem Dom Marco, o arrozal está na fase de enchimento de grãos e tudo indica uma boa produtividade. No entanto, os patamares de preço do produto desestimulam o produtor. “A gente consegue uma boa produção, mas não renda”, lamenta.

A preocupação se repete com outros arrozeiros no Rio Grande do Sul. Para o setor, a lavoura de arroz vive um de seus piores momentos. A principal queixa é o preço pago pela indústria, que atualmente está entre R$ 21 e R$ 23,00 a saca de 50 quilos. O preço mínimo estabelecido pelo governo é de R$ 25,80, mas o custo de produção é cerca de 12% maior. Conforme cálculo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o valor médio de produção no Estado é de R$ 29,01 a saca.

Para o gerente da Coordenadoria Regional da Depressão Central do Irga, engenheiro agrônomo Jaceguáy Barros, o preço ideal para a venda deve cobrir os custos de produção e permitir uma margem de renda para os arrozeiros. “O ganho deveria ser suficiente para o pagamento dos compromissos e para fazer os investimentos necessários à continuidade do produtor na atividade”, explica. O último ano de preços atrativos foi 2008, quando as previsões de reduções nos estoques mundiais promoveram uma significativa elevação na cotação do mercado interno. O arroz em casca chegou à faixa de R$ 36,00 a R$ 39,00.

Segundo Barros, o mercado externo interfere diretamente nos preços. Os principais fatores são as previsões de safra dos grandes produtores mundiais, a demanda anual dos principais exportadores e importadores e a cotação do dólar. Além disso, os contratos bilaterais entre o Brasil e outros países também são citados como fator determinante para o achatamento das cifras. Com os problemas de mercado, a maioria dos agricultores enfrenta dificuldades para se manter e para investir na evolução dos processos produtivos. “O sentimendo é de preocupação e de expectativa quanto a possíveis medidas do governo”, explica.

Conforme o Irga, o endividamento é crônico, uma vez que os valores e taxas de correção de financiamentos e negociação de dívidas são definidos, mas o produtor não tem segurança quanto aos lucros. “Fica à mercê dos mercados e com frequência se encontra em situações como a deste ano, onde mesmo com boa produção não terá renda adequada”, diz Barros. Para o agrônomo, medidas de governo são fundamentais para contornar o problema. Outros aspectos importantes são o aumento da produtividade com redução de área e ainda o controle adequado do arroz vermelho – principal invasor das lavouras.

PREOCUPAÇÃO

Para contornar os problemas enfrentados pela cultura, o Irga e outras entidades representativas do setor trabalham com três frentes de atuação. A primeira delas é a pesquisa de soluções que possibilitem o aumento da produção com a racionalização dos custos. Além disso, defendem a difusão de tecnologia de produção por meio do trabalho de extensão e assistência técnica aos produtores. O estudo de mercados também é considerado indispensável. “A evolução da orizicultura como negócio sustentável é um desafio a ser resolvido não só pelo governo, mas por todos os agentes da cadeia produtiva.”

No Estado, são cultivados 1,150 milhões de hectares de arroz. Somente na Depressão Central, foram 171,6 mil hectares plantados na atual safra – o que corresponde a 15% da área de arroz do RS. A atividade representa o sustento de 18,5 mil produtores, dos quais 48% são da região. “Isso mostra a importância econômica e social da cultura para nossa região”, explica. Nos últimos anos, a taxa de crescimento da área plantada nos 34 municípios da Depressão Central é de 1,7% ao ano.

Dia de Campo Regional

O 27º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), juntamente com entidades parceiras promove na próxima quinta-feira, dia 3 de fevereiro, um Dia de Campo Regional. As atividades se iniciam às 7h30 e estarão centralizadas no pavilhão da comunidade de Linha Palmeira, interior de Candelária. Conforme o engenheiro-agrônomo Luciano Siqueira, a programação será desenvolvida em estações. Às 8 horas começam as visitas aos seis pontos: manejo de pragas; manejo de doenças; a importância do uso de semente de boa qualidade; manejo do sistema pré-germinado; estação sobre meio ambiente; soja na várzea. Os organizadores também programam um almoço de confraternização.

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