Preço dos alimentos explode nas gôndolas

Semestre chega ao fim e o feijão fica como o grande vilão
do ano. Alta anual na Capital supera inflação do Brasil.

Primeiro foi o feijão, no começo do ano. Depois o óleo de soja, o arroz, o leite e, agora, é a vez da alta da carne bovina em plena safra. O primeiro semestre de 2008 vai encerrando com incremento nos principais itens da cesta básica com altas de até 200%.

O feijão deverá ser o grande vilão das famílias cuiabanas. As variações observadas nas gôndolas dos supermercados de Cuiabá revelam que a inflação dos últimos dozes meses sobre o arroz e feijão, ficou acima do acumulado na média brasileira.

Após um período de inflação estabilizada nos últimos anos, a inflação sobre os alimentos volta a “assombrar” o consumidor. Nos supermercados da Grande Cuiabá, os preços de alguns produtos da cesta básica atingiram seu ápice nos últimos meses.

Alguns itens chegaram a aumentar mais de 200% – caso do feijão – que foi vendido por até R$ 6,39 e, agora, está com seus preços esparsamente variando entre R$ 3,50 a R$ 5,49. No primeiro trimestre do ano passado, o “carioca” tipo 1 chegou a ser vendido por até 1,99.

A explicação para a alta é que o produto é “sazonal” e os preços variam de acordo com a oferta, oferta aumentada e produção reduzida no Brasil. No país, a cesta básica aumentou 32% nos últimos 12 meses. O item arroz e feijão subiu 62% no mesmo período.

O óleo de soja também apresentou forte elevação em relação ao ano passado, quando era comprado por até R$ 1,89. Atualmente, o produto é encontrado a preços que oscilam entre R$ 2,79 a R$ 4,49.

O arroz foi outro produto que disparou na cotação da cesta básica. Em relação aos preços adotados no primeiro trimestre de 2007 – R$ 6,49/pacote de cinco quilos do tipo 1 – agulhinha – o cereal, indispensável na mesa do trabalhador é vendido nas gôndolas por até R$ 11,79 – sofreu uma “valorização” de 100% no período.

O leite sofreu majoração um pouco menor – 31% – com os preços subindo de R$ 1,29 para R$ 1,69, mas também estão sendo decisivos para elevar o custo de vida na Capital do Estado.

A carne bovina de primeira – alcatra e contrafilé – que está sendo vendida por até R$ 13,99 nos supermercados, sofreu ascensão de 55,56% em comparação com os preços do ano passado, de cerca de R$ 8,99, em igual período.

CUSTO DE VIDA

O coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor Manuel Martha, diz que a alta dos produtos da cesta básica vai refletir no índice de custo de vida, porém sem causar um “grande impacto” para o trabalhador. Segundo o economista, a população mais carente não está sentindo tanto esta onda de carestia porque “existem atenuantes” capazes de minimizar este impacto, como a prática da doação de cestas básicas pelas empresas e a distribuição de bolsas-família pelo governo federal.

Martha entende que alguns produtos que tiveram aumentos são “sazonais” e tendem a baixar seus preços na época da safra. Ele cita como exemplo o feijão, o óleo e o arroz, que estão se estabilizando em patamares mais baixos do que os registrados no começo do ano. No caso da carne, a previsão é de que os preços se mantenham nos patamares atuais, com tendência de queda somente no último trimestre do ano, após o fim do período de entressafra.

De qualquer forma, o economista se diz apreensivo com essas altas pontuais e acredita que a inflação prevista para este ano “vá estourar”.

SUPERMERCADOS

Enquanto a população paga mais caro pelos preços dos alimentos, o setor varejista tenta negociar com os fornecedores reajustes menores.

– Os supermercados estão procurando também buscar outras marcas e outros produtos para substituir aqueles que estão com preços elevados. Tem marca, contudo, que o consumidor procura e o supermercado não pode deixar de ofertar. Mas temos procurado absorver parte dos aumentos repassados pelos fornecedores – afirma o presidente da Associação dos Supermercadistas do Estado (Asmat), Altair Magalhães.

Ele, acredita, entretanto, que os preços “já subiram o que tinham de subir e a tendência a partir de agora é a estabilização ou queda para o consumidor”.

O gerente regional do Comper, Albanês Tiago da Silva, diz que a empresa está “pressionando os fornecedores” a conter os aumentos, evitando assim que os preços tenham grande reajuste na ponta.

– Quando o nosso Departamento Comercial recebe uma nova tabela [de preços], procura negociar os repasses. Temos feito as melhores negociações possíveis e sempre estamos fazendo oferta aos consumidores.

Segundo Albanês, mesmo com a alta da cesta básica a empresa não perdeu vendas e está aumentando a sua carteira de clientes.

BRASIL – De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido até o último dia 15, os alimentos subiram 2,30% em junho, bem acima do resultado de 1,26% de maio. As carnes ficaram, em média, 5,35% mais caras.

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