Preço preocupa mais do que a safra

 Preço preocupa mais do que a safra

Giovanella: o negócio é não ter prejuízos

Mesmo prevendo queda
na colheita, Santa Catarina preocupa-se com a renda.

 Segundo maior produtor de arroz do Brasil, com perto de 9% do total, ou 1,1 milhão de toneladas, Santa Catarina consegue manter sua área cultivada ligeiramente estável, pouco abaixo de 150 mil hectares por ano. Nas últimas cinco temporadas houve retração de 2%, para 147 mil hectares, por causa da expansão imobiliária de algumas cidades e projetos de diversificação. A construção de um lago em Balneário Camboriú deverá reduzir de 200 a 300 hectares de lavoura, um terço da orizicultura na cidade, mas que representa pouco no contexto estadual.

Com a safra a todo o vapor, as lavouras catarinenses registrarão pequena queda produtiva frente à temporada 2016/17, quando o clima beirou a perfeição. Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área em Santa Catarina caiu meio ponto percentual, para 146,7 mil hectares. O rendimento das lavouras, porém, cairá 4,4%, para 7.300 quilos por hectare. Com isso, a produção total terá retração de 4,9%, para 1,07 milhão de toneladas em casca.

Klaus Scheuermann, coordenador do Projeto Arroz, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), explica que o grande diferencial para a safra passada, do ponto de vista da produção, é o clima. Apesar de a primavera permitir o plantio na época recomendada, houve chuvas na época da colheita em algumas regiões. Também foram registrados casos de granizo, mas se causam danos de até 50% em algumas propriedades, no conjunto da produção estadual não são representativos.

O que preocupa a produção catarinense são os preços. Se o valor da saca era R$ 45,00 na safra passada, na atual a perspectiva inicial era de R$ 33,00. Orlando Giovanella, presidente da Cooperativa Juriti, apesar de feliz com a boa produção, revela-se preocupado com a retração de 25% dos valores no mercado. Só em sua cooperativa, mantidos os preços de R$ 33,00, a redução no valor das 1,6 milhões de sacas recebidas de 750 associados seria de R$ 19,2 milhões.

MECANISMOS

Para Giovanella, a intervenção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com mecanismos de comercialização para 1,2 milhão de toneladas é importante para enxugar a oferta na safra. E sinaliza para um segundo semestre de melhor remuneração se for possível controlar os ingressos de produto do Mercosul. Para ele, que também preside a Associação de Rizicultores do Norte Catarinense, o governo brasileiro deveria adotar um conjunto de regras para que o arroz importado entrasse no Brasil com as mesmas taxas e tributos pagos pelas empresas e produtores brasileiros.

Até o anúncio dos leilões, os produtores estavam fazendo os cálculos e esperando novidades. “O certo é que o mínimo de R$ 36,01 é melhor do que R$ 33,00 e abre novas perspectivas para 2018”, resume.

FIQUE DE OLHO
Rizicultores de Santa Catarina se somaram à mobilização Te Mexe, Arrozeiro e promoveram um ato público em Turvo no dia 6 de fevereiro. Centenas de produtores reivindicaram preço justo ao arroz, renegociação de dívidas, fim das assimetrias com o Mercosul e o direito de importar insumos a preços competitivos.

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