Preço recorde do arroz beneficia menos de 30% dos produtores

Segundo a Federarroz, alta de preços na entressafra beneficia principalmente indústria e grandes rizicultores com com condições de estocagem.

O preço recorde para o arroz no mercado interno brasileiro, impulsionado pelo aumento das exportações e do consumo interno com a pandemia de Covid-19, não terá efeitos uniformes sobre os produtores brasileiros. Com boa parte da safra 2019/2020 já vendida – o que explica a baixa oferta e a acentuada alta das cotações nas últimas semanas – a valorização tem gerado ganhos para apenas 30% dos rizicultores, segundo avaliação do presidente da Federação dos Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho.

“Os produtores que conseguem segurar o produto são aqueles que fazem parte do sistema de crédito oficial, o que representa somente de 20% a 30% dos produtores”, explica. Segundo ele, boa parte dos rizicultores venderam sua produção já nos primeiros meses do ano, quando a saca de 50 quilos era cotada acima de R$ 50. Quando as cotações atingiram a marca dos R$ 70 a saca em agosto, boa parte da produção já estava vendida.

“Esse produtor não vai fazer nem R$ 70 de média no valor de venda do seu arroz porque já vendeu a maior parte a R$ 45, R$ 50 e R$ 60 para honrar seus compromissos”, completa o presidente da Federarroz.

Considerando os custos de produção deste ano, puxados pela alta do dólar, Velho estima que aqueles agricultores que conseguiram atingir um preço médio de R$ 70 tenham obtido um retorno de cerca de 20% sobre as vendas.

“Este momento é de precaução e muita gestão para que o produtor não se iluda, pois os custos estão muito altos e este mesmo câmbio que favoreceu a exportação também está tendo impacto nos insumos”, alerta o presidente da Federarroz. Segundo cálculo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o custo médio de produção no Estado em 2019/2020 ficou em R$ 64,70 por cada saca de 50 quilos.

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