Preços atrativos podem elevar em 15% as exportações da Índia

 Preços atrativos podem elevar em 15% as exportações da Índia

Cenários internacionais podem favorecer vendas indianas

Rúpia desvalorizada frente ao dólar e preços muito competitivos poderão fortalecer as vendas hindus com a retomada dos negócios pós lockdown da Covid-19

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Depois de enfrentar dificuldades de logística e transportes – e até de mão de obra – por causa da pandemia do novo coronavírus, Covid-19, as indústrias da Índia acreditam que o país, o maior exportador mundial, pode alcançar um avanço de até 15% sobre as vendas ao comércio internacional, para 10,35 milhões de toneladas. 

O novo ano fiscal, 2020/21 começou em 1º de abril, e depois de retração nas vendas dos últimos anos pela política local, forte competitividade de outros países – China, Tailândia, Vietnã, Camboja e Burma – e a contração dos preços internacionais, os indianos estão confiantes numa reação por causa dos valores muito competitivos do momento.

Além da expectativa de que os seus clientes ampliem as compras por causa da pandemia, elevando os estoques, os industriais indianos têm expectativa de vencer a concorrência com o produto tailandês, por exemplo. A Tailândia, segundo maior exportador mundial, sofre com uma seca – que vem sendo amenizada – e com uma moeda (bath) mais valorizada a ponto de precisar reduzir os preços para concorrer no mercado internacional, e ainda assim manter-se pouco competitiva frente aos grandes exportadores.

Do ponto de vista global, as indústrias e tradings consideram que um crescimento nos embarques da Índia pode limitar as altas dos preços globais e ajudar Nova Délhi a reduzir os volumosos estoques construídos nos últimos anos. “Há um aumento na demanda por arroz indiano neste momento, e nós estamos esperando que essa demanda se mantenha por mais algum tempo”, disse Nitin Gupta, vice-presidente da divisão de arroz da Olam India.

As exportações de arroz da Índia em 2019/20 somaram 9 milhões de toneladas, menor nível em oito anos, segundo dados do governo do país. A expectativa é de fortalecer as remessas em 1,35 milhão de toneladas (praticamente a média anual de exportações realizadas pelo Brasil).

A demanda melhorou com o ganho de competitividade do arroz indiano após o valor da rupia despencar para mínimas recordes, segundo B.V. Krishna Rao, presidente da Associação de Exportadores de Arroz da Índia. Isso faz com que a oferta indiana tenha desconto em relação às de países competidores, o que levou nações da África e da Ásia (entre elas Malásia e Filipinas) às compras, conforme Rao.

O arroz indiano foi cotado entre 385 dólares e 389 dólares por tonelada nesta semana, próximos dos valores do Vietnã e Burma, enquanto os embarques da Tailândia – segunda maior exportadora global – giraram em torno de 480 dólares e 505 dólares por tonelada.

Ainda assim, o governo de alguns estados indianos tem defendido uma redução do plantio por causa da baixa disponibilidade de água, incentivando o cultivo de milho e algodão e cana-de-açúcar, mas os agricultores consideram a mudança pouco vantajosa por conta dos preços de mercado. Com 29 milhões de toneladas de arroz em estoques, a Índia tem a segunda maior disponibilidade do mundo, o que representa 16% do volume total. Ainda assim, este valor representa 60% do volume total do mercado mundial anual do grão.

Em suas exportações predominam, em valor, o grão aromático e japônicos (curtos e médios) e o índica – longo e longo-fino – de baixa qualidade, com maior concorrência direta aos países da Ásia. No entanto, no Índica de melhor qualidade, na África, Europa e o Oriente Médio, os indianos podem ser competidores fortes do Mercosul e dos EUA, o que poderá refletir, se confirmada essa expectativa hindu, ainda que indiretamente e com impacto menor, no escoamento e nos preços do mercado regional. A expectativa, no entanto, é de que a presença indiana cresça sobre mercados de seus principais concorrentes asiáticos.

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