Preços do arroz avançam timidamente em meio à queda de braços

 Preços do arroz avançam timidamente em meio à queda de braços

(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Depois de encerrar agosto com média de preços de R$ 117,57 (US$ 20,81) e avanço de 0,93%, o Indicador de Preços do Arroz em Casca no Rio Grande do Sul avançou 0,67% nos seis primeiros dias de setembro, praticamente voltando a alguns dos melhores patamares do mês passado, cotado a R$ 118,36 (US$ 21,15). Este é o valor médio, à vista, considerando as seis regiões pesquisadas pelo Cepea/Irga-RS.

Em agosto, o indicador chegou a alcançar R$ 118,56 (US$ 21,55), mas enfraqueceu nos últimos dias do mês com um vácuo na busca por arroz por parte das tradings.

Segundo o Cepea, em agosto, o mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul foi marcado por baixa liquidez e forte disputa entre compradores e vendedores em relação aos preços. Produtores limitaram as ofertas, na expectativa de cotações maiores, enquanto indústrias relataram dificuldades em obter ganhos devido aos elevados valores pedidos.

A disparidade de preços e a “queda de braço” entre as partes resultaram em negociações pontuais e restritas a necessidades imediatas. Além disso, algumas unidades de beneficiamento optaram por comercializar apenas o produto já depositado, justificando que trabalhar com a posição “a retirar” resultaria em margens negativas no repasse de preços.

Também, grande parte das comercializações envolveu o cereal de 60% de grãos inteiros
acima, além de uma forte demanda vinda de outros estados, como Goiás, Santa Catarina, São Paulo e Paraná.

Fatores como a valorização do dólar, que em agosto atingiu média de R$ 5,56 – maior patamar desde dezembro/21 –, não foi suficiente para tornar as exportações de arroz mais atrativas. De maneira geral, agentes aguardam uma maior clareza do mercado para retomar negociações mais expressivas.

Ainda segundo o Cepea/Esalq, de 31 de julho a 30 de agosto, o Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista) avançou 0,93%. Especificamente entre as médias de julho e agosto, o aumento foi de 2,19%, saindo de R$ 115,05/sc de 50 kg (em jul/24) para R$ 117,57/sc (em ago/24).

A exportação, embora tenha alcançado superávit de quase 25 mil toneladas em agosto, foi marcada por embarques de compras anteriores e baixa procura pelo porto na segunda quinzena do mês.

Ainda assim, a estimativa é de que o Brasil exportou cerca de 130 mil toneladas e importou cerca de 105 mil.

O mercado interno segue arrastado, com o produtor mais capitalizado segurando a oferta e buscando valorização a cada lote vendido, e a indústria agindo conforme demanda e com cautela, uma vez que segue com dificuldades em repassar o custo aos valores de comercialização com o atacado e o varejo. Boa parte dos consumidores seguem pesquisando antes de comprar e buscando alternativas de marcas mais baratas ou produto em oferta.

Embora os fundamentos baseados nos estoques finais e no mercado internacional, mais a ampliação da área semeada no Brasil na temporada que inicia indiquem uma tendência de queda nas cotações internas, a valorização do dólar, o fluxo de oferta interna e a condição de boa parte dos produtores segurarem o produto ou fracionarem as vendas, têm garantido essa estabilidade de valorização mínima, mas crescente, em que pese algumas oscilações pontuais e a estagnação nas cotações de algumas regiões, como a Campanha e a Central.

VAREJO

O Cepea aponta que dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15, considerado uma prévia da inflação), divulgados pelo IBGE no dia 27 de agosto, apontam variação positiva de 0,19% nos preços de um conjunto de produtos e serviços  vendidos no varejo e consumidos pelas famílias brasileiras em agosto/24. Especificamente em relação ao arroz, houve queda de 1,18% entre 16 de julho/24 e 14 de agosto/24 e avanço de 30,23% nos últimos 12 meses, na média nacional.

Não se espera uma grande mudança no cenário de preços ao produtor e ao longo da cadeia produtiva para a próxima semana.

Em algumas regiões, principalmente no Norte de Santa Catarina, a semeadura está iniciando. No Rio Grande do Sul, a movimentação com os últimos preparativos é intensa. O Irga prevê que o Rio Grande do Sul deverá semear mais de 948 mil hectares.

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