Preços do arroz disparam no mercado internacional

Valor é o maior dos últimos 20 anos.

A cotação do arroz subiu no mercado internacional durante a última semana e atingiu o maior valor em 20 anos. O motivo apontado pelos especialistas é o rápido avanço das culturas bioenergéticas, que já contribuíram para o aumento de outros produtores agrícolas desde janeiro, como o trigo e o milho. O arroz, que era comercializado a U$ 399 por tonelada no início do ano, foi cotado a U$ 624 na Tailândia na quarta-feira (26), conforme a Associação dos Exportadores daquele país.

Segundo o jornal Financial Times, o aumento ocorreu após o Egito, importante exportador, impor um embargo à venda de arroz para manter os preços internos baixos, e as Filipinas anunciar planos para uma grande aquisição do grão no mercado internacional para reforçar o abastecimento. O estoque global de arroz é o mais baixo desde 1976. Na sexta-feira o governo indiano também impôs novas restrições à exportação de arroz para combater a inflação local.

Já de acordo com a agência Reuters, o arroz da Tailândia, uma referência mundial, foi cotado na quinta-feira (27) a US $ 760 por tonelada, com aumento de 30% em relação cotação diária anterior de cerca de US $ 580 por tonelada. Conforme os dados de sexta-feira da agência, os preços do arroz duplicaram desde janeiro impulsionados pelo forte demanda dos países asiáticos, do Oriente Médio e africanos.

– É crescente o número de países que estão procurando pelo arroz gaúcho para solucionar a falta de produto no mercado internacional – afirma o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer.

Recentemente os países árabes demonstraram interesse em importar 600 mil toneladas e, na semana passada, Burkina Faso também manifestou o interesse em importar 600 mil toneladas. Segundo o Financial Times, o arroz se tornou um problema na África, em especial para os pequenos países, como Camarões, Burkina Faso e Senegal que já sofreram agitação social devido a alta dos preços dos produtos alimentares.

A proibição das exportações egípcias segue as mesmas restrições impostas pelo Vietnã e Índia, segundo e terceiro maiores exportadores. Camboja, um pequeno vendedor, também na quinta-feira anunciou proibição de exportação, de acordo com o Financial Times. As restrições para as vendas externas representam um terço do arroz comercializado no mercado internacional.

As Filipinas, o maior comprador do grão, disse na quinta-feira que pretendia comprar 500 mil toneladas, depois de não ter conseguido comprar um montante semelhante no início deste mês. O país pretende importar entre 1,8 e 2.1 milhões de toneladas para cobrir um déficit de produção e confirmou que iria exportar estoques de emergência mantidos pelo Vietnã e Tailândia.

Segundo Fischer, a produção mundial está inferior ao consumo.

– Os países estão consumido os estoques e a tendência é a manutenção de um comportamento fixo dos preços em médio prazo – frisa.

Para o assessor do Irga, Tiago Barata, a recuperação dos preços se justifica por fatores fundamentais de oferta e demanda.

– Existe uma tendência concreta de manutenção deste comportamento nos próximos três anos – afirma.

Caberá ao Brasil saber melhor aproveitar o excelente momento para as exportações.

Entenda

Os preços de referência internacional são o dos Estados Unidos, Tailândia e Vietnã. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a cotação média, por tonelada, nos EUA está em U$ 639, beneficiado FOB Golfo México. Já no Vietnã, o preço se situa próximo de U$ 500, beneficiado FOB.

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