Preços do arroz sem referência ou limite para a elevação

 Preços do arroz sem referência ou limite para a elevação

Colheita do arroz: atraso impactará na produtividade. Foto: Pedro Hamann

(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Embora pouco movimentado, o mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul segue valorizando o grão aos saltos. Nesta terça-feira, dia cinco de dezembro, alcançou o preço histórico de R$ 123,63, equivalente a US$ 25,08 e acumulou 2,93% de elevação em apenas três dias úteis.

Para se ter uma ideia, na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) o preço esperado para o quintal curto (45,36kg) para liquidação em janeiro equivale a US$ 16,93. Trazido para equiparação com os preços no RS, seriam US$ 18,66 ou R$ 91,43. Ou seja, a performance do mercado futuro norte-americano, que costuma ser um referencial para algumas das grandes empresas do setor em termos de estratégia comercial, já não serve mais de referência.

No Rio Grande do Sul as negociações rondam os R$ 120,00, mas com ofertantes recuados, indústria cautelosa e tradings sem condições, nos preços atuais da matéria-prima, de fazerem frente às demandas. Há interesse, e forte, de compra por arroz gaúcho, mas não temos preços para concorrer na maioria dos mercados. O que mantém as exportações gaúchas vivas são os quebrados, alguma coisa de beneficiado e alguma demanda pontual por arroz de melhor qualidade, caso da Costa Rica. Cuba e Venezuela têm buscado arroz do Tipo 2, e esta semana surgiu a informação de que, face às dificuldades de abastecimento e os preços praticados no mercado local, a Nigéria poderá retirar as taxas de importação que aplicou sobre o arroz do Mercosul.

Duas semanas com chuvas em menor volume nas regiões arrozeiras ajudaram no avanço da semeadura, mas na Região Central a situação é preocupante. Um percentual muito alto de lavouras precisará ser replantada. Em alguns casos, será o segundo replantio, o que anulou a redução nos custos de produção por insumos. Algumas lavouras não serão replantadas tanto pelo risco de novas enchentes quanto pela falta de insumos, em especial, sementes que os produtores não estão encontrando mais disponíveis no mercado.

Portanto, a estimativa de área plantada realizada pelo Irga, em 902 mil hectares, não deverá confirmar-se. Pelo relevo e a presença de muitos cursos d´água – e boa parte das lavouras irrigadas por rios – a Região Central é a que mais sofre com o El Niño e segue sendo a mais atrasada no plantio.

Os preços se manterão altistas até a nova colheita, que já começa em duas semanas no Paraguai e no Norte de Santa Catarina, mas só devem impactar realmente as cotações em meados de março. Até lá, seguimos sem referências, com o agricultor colocando o preço de acordo com o interesse da indústria, o varejo não fazendo grandes reposições pelo encurtamento da demanda neste período de verão, e as tradings aguardando condições competitivas para voltarem ao mercado.

No exterior, o Vietnã bateu o recorde de preços de venda de arroz branco, em US$ 663 por tonelada FOB para o 5% de quebrados. E a Tailândia informa que a previsão é de que os valores de exportação serão maiores do que o estimado para 2023.

No cenário do Mercosul, a Argentina começa a apontar uma boa safra de arroz, o Uruguai indica uma pequena retração, o Paraguai segue preocupado com uma redução em produtividade por causa de enchentes, e o Brasil já tem certeza de que a previsão de colheita da Conab não deverá se confirmar.

1 Comentário

  • Região central pode encerrar plantio pq não se encontra mais sementes e se torna pouco viável nessa época em q custo retorno não é atrativo.

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