Preços mundiais do arroz iniciarão recuperação em 2009/2010
No Brasil, por exemplo, as incertezas e o estrangulamento do crédito deixarão como saldo líquido e certo a redução da produção de grãos nesta safra de verão..
Os preços internacionais de produtos agrícolas diretamente ligados à fabricação de alimentos, como arroz, milho, soja e trigo, tendem a apresentar melhor performance do que as cotações do petróleo ou dos metais em 2009/2010. Essa expectativa é baseada no histórico de maior resiliência das commodities agrícolas em casos de desaceleração econômica global, ainda que seja praticamente inevitável, em certa medida, uma substituição do consumo de alimentos mais caros por opções mais baratas, o que ajuda a conter preços.
A demanda por commodities agrícolas tende a ser menos elástica, menos dependente de fatores econômicos e mais vinculada ao crescimento populacional. A queda das cotações internacionais dos principais produtos agrícolas nos últimos meses e os problemas de crédito dos agricultores em países exportadores como o Brasil também desestimulam a produção, o que pode até apressar a recuperação de preços no ano que vem.
Segundo o Conselho Internacional de Grãos, para o trigo, por exemplo, a área plantada global deverá recuar 1,6% em 2009, enquanto a previsão para o consumo mundial é de aumento de 3,6%. Em mercados como os de cacau, café e açúcar, as estimativas apontam para um certo equilíbrio entre oferta e demanda mundial, e problemas na oferta poderão elevar as cotações.
A crise financeira global e seus reflexos sobre o nível de investimentos na produção agrícola em países em desenvolvimento poderão provocar uma nova onda de elevação dos preços globais dos alimentos no longo prazo, segundo projeção do International Food Policy Research Institute (IFPRI).
Conforme o instituto, um dos 15 centros mantidos pelo grupo consultivo da International Agricultural Research – rede formada a partir de uma aliança entre 64 governos, fundações privadas e organizações regionais e internacionais -, esse movimento, se confirmado, pode elevar os preços de alimentos básicos em 27% até 2020.
É difícil traçar cenários de tão longo prazo em um momento de grandes incertezas como o atual, mas a redução de investimentos na produção agrícola já começa a mostrar que terá conseqüências importantes na safra 2008/2009, que está em fase de colheita no Hemisfério Norte, onde se concentra a maior parte da produção mundial, e de plantio no Hemisfério Sul.
No Brasil, por exemplo, as incertezas e o estrangulamento do crédito deixarão como saldo líquido e certo a redução da produção de grãos nesta safra de verão.