Preços mundiais em leve alta em outubro
Análise mensal do sócio-economista Patrício Méndez Del Villar, revela tímida elevação nos preços internacionais. Produção mundial deve aumentar em 2005, mas estoques seguirão caindo.
Os precos mundiais do arroz em outubro apresentaram uma leve alta em função de uma oferta relativamente limitada para o produto de alta qualidade, segundo levantamento divulgado pelo sócio-economista do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica pelo Desenvolvimento (Cirad), Patrício Méndez Del Villar em seu informativo mensal sobre o mercado internacional.
Del Villar informa que, por outro lado, os preços do arroz de baixa qualidade apresentaram tendência de queda, devido à forte competição entre exportadores asiáticos. Frente a esta competição agressiva, os governos dos países asiáticos continuam sua política de incentivos aos preços domésticos, para estimular a produção e as exportações, esperando atrair novos compradores.
Em seu levantamento, Patrício Méndez Del Villar confirma o indicativo da FAO para uma queda no comércio mundial para 26,5 milhões de toneladas de arroz em 2004, ante 28,1 milhões de toneladas em 2003. Esta retração se deve à diminuição da demanda de importação dos principais compradores asiáticos e sul-americanos, entre eles o Brasil, regiões onde a produção interna aumentou. Em 2003/04 a produção mundial cresceu cerca de 2,3% para 585 milhões de toneladas, contra 572 milhões de toneladas no ciclo 2002/03.
As estimativas para o ano 2004/05 indicam um novo crescimento para 608 milhões de toneladas, perfazendo um aumento de 4% em relação ao ano anterior. Estas previsões levam em consideração o aumento significativo da produção chinesa graças à expansão das áreas arrozeiras. Por outro lado, a produção na Índia, segundo maior produtor mundial, deverá baixar em função das más condições climáticas, afirma Del Villar.
O pesquisador do Cirad, da França, assegura ainda que apesar deste incremento da produção mundial, este volume será insuficiente para atender às necessidades de consumo, as quais podem alcançar um volume recorde de 413 milhões de toneladas em 2004/05. Assim, os estoques deverão cair novamente cerca de 5,5% para 97 milhões de toneladas, contra 103 milhões de toneladas do ano anterior.
A redução dos estoques mundiais equivale a uma safra cheia do Rio Grande do Sul, que alimenta com arroz, anualmente, a metade do Brasil. Estes números são considerados preocupantes pela FAO, que elegeu 2004 o Ano Internacional do Arroz exatamente para chamar atenção para o risco de desabastecimento do cereal no mundo, principalmente na Ásia e África.