Preços rebaixados devem reduzir a próxima safra

Avaliação do analista César Freyesleben Silva, do Instituto Cepa sobre a situação de mercado em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e tendências da nova safra brasileira de arroz.

Junto com os preparativos para a implantação da safra 05/06 vêm também as primeiras projeções quanto às suas dimensões.
Há perspectivas de reduções de área e de produção não só no Brasil, mas, também, nos dois países platinos.

Por enquanto, considera-se plausível que Brasil, Argentina e Uruguai diminuam suas respectivas áreas em 10-15%, 5-10% e 2-5%, em relação à safra 04/05.

Credita-se boa parte desse recuo da safra brasileira 05/06 à possível substituição de 20-25% da área mato-grossense (em torno de 200 mil hectares) dedicada ao arroz na última safra.
A soja e a pastagem seriam beneficiárias dessas alterações de exploração econômica.

Acredita-se que esses percentuais talvez espelhem muito mais o alto grau de descontentamento dos orizicultores quanto ao desempenho de mercado de seu produto do que as reais possibilidades de troca de atividade econômica.

Essa afirmação, logicamente, tem mais força tanto em Santa Catarina como no Rio Grande do Sul, mesmo após a frustração, causada pela ineficácia dos leilões de contratos públicos e privados, de opção de venda de arroz. Os leilões foram implementados pelo Governo federal, por pressão do setor arrozeiro gaúcho, e não alcançaram seu objetivo de conferir liquidez ao mercado, ou, ao menos, estabilizar os preços de seu produto.

O Governo federal finalmente reagiu às novas pressões dos arrozeiros, com duas decisões.

A primeira delas foi a prorrogação das parcelas das dívidas dos produtores gaúchos, vencidas em julho e com prazo até agosto – medida considerada tardia pelo setor, uma vez que cerca de 40% dos orizicultores já tinham renegociado suas dívidas.
A outra medida governamental foi a alocação de recursos para a expansão substancial do AGF em substituição aos leilões, especialmente o PROP (leilão de prêmio de risco de opção privada). Tal mudança vem se mostrando mais efetiva, por vir proporcionando a elevação do preço da saca do cereal, sem custos de frete.

Em nível de mercado, porém, tanto os preços ao produtor como ao atacado continuam a cair.

Nas principais praças gaúchas, desde o começo deste mês de julho/05, os preços de compra da saca de 50 kg ao produtor caíram 11,4% em Capivari (de R$ 22,00 para 19,50), 11,2% em Pelotas e Alegrete (de R$ 20,00 para R$ 17,75), 6,6% em Uruguaiana e Cachoeira do Sul (de R$ 19,00 para R$ 17,75), 10% em Santa Maria (de R$ 20,00 para R$ 18,00), e 8,7 % em São Borja (de R$ 20,00 para R$ 18,25).

Nas principais praças mato-grossenses os preços ao produtor declinaram, no mesmo período, entre R$ 0,75 e R$ 1,00/sc de 60kg.

O primeiro valor ocorreu em Sinop e Sorriso (R$17,50/sc de 60kg).
Nas demais praças, os preços recebidos passaram a situar-se em R$ 18,00 (Rondonópolis), R$ 18,50 (Tangará da Serra), R$ 19,00 (Barra do Garças e Água Boa) e R$ 20,00 (Cuiabá).

Nas principais praças catarinenses, os preços da saca de 50kg do arroz em casca não se alteraram em Laguna/Tubarão (R$ 19,00), Jaraguá do Sul/Joinville (R$ 18,50) e Blumenau/Itajaí (R$ 18,00).
Em Araranguá/Criciúma e Rio do Sul/Ibirama os preços da saca de 50kg caíram, respectivamente, de R$ 19,00 para R$ 18,00 e de R$ 18,50 para R$ 17,50.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter