Prévia aponta alta de mais de 50% nos custos
Quando assumiu a diretoria comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) em dezembro de 2020, o médico veterinário e produtor João Batista Camargo Gomes sabia que o Irga precisava reassumir o seu protagonismo na área. O cargo na autarquia estava vago há quase dois anos e muito havia para ser feito. A primeira medida: retomar a divulgação de dados sobre safra e mercado, principalmente os custos de produção e o ranking do beneficiamento. Além disso, outras iniciativas foram tomadas, como a prospecção de novos mercados e a reativação da Comissão de Mercado e Comercialização. Nesta entrevista, Gomes fala sobre os custos de produção da safra 2021/2022 e o preço do arroz.
Planeta Arroz – O Irga já tem uma projeção sobre custos de produção da safra 2021/2022?
No ano de 2021, resolvemos, em conjunto com a equipe da política setorial e colaboração de nossos seis coordenadores das regionais, elaborar um custo parcial a fim de apresentar um guia ao produtor, o que antes não existia. Antes, o custo de produção médio ponderado do arroz irrigado no RS só era divulgado após o término da colheita. Portanto, este custo parcial apresentado pelo Irga apresentou uma elevação de mais de 50% em relação aos mesmos itens levantados no custo 2020/2021, que era de R$ 72,73 por saco.
Planeta Arroz – Qual o insumo que deve pesar mais na tabela?
O item “fertilizantes” foi o que impactou de forma mais expressiva no aumento, chegando a 118%, se analisado de forma isolada.
Planeta Arroz – A estiagem registrada em janeiro deste ano deve afetar os custos de produção?
O Irga está atento e monitorando, expedindo boletins semanais, ainda sem condições de fazer estimativa, dando ideia de volume. O que vemos é que a situação se agrava a cada dia que passa, pois as chuvas não vêm e a planta vai entrando na fase reprodutiva, podendo ter comprometimento irreversível.
Planeta Arroz – Quando devem ser divulgados os dados definitivos?
Ainda não há uma data definida, mas no momento adequado faremos uma análise mais precisa, levando em conta os dados de plantio e já em um estágio mais avançado da cultura, e então divulgaremos.
Planeta Arroz – Em relação ao preço do arroz, qual a tendência para os próximos meses?
Nos últimos dias de janeiro e o início de fevereiro, o mercado teve uma movimentação, com alguns aumentos nas cotações, que vinham estagnadas. Contribuiu para isto a demanda para formação de lote para exportação de arroz em casca e os estoques na mão dos produtores já não tão expressivos.
Planeta Arroz – A estiagem também está gerando essa recuperação?
Sim, além dos fatores enumerados, a gravidade da estiagem começa a causar preocupação em toda a cadeia.
Planeta Arroz – O senhor acredita em preços firmes?
Os preços devem continuar estáveis e firmes no pico da entressafra, com alguma alta, até que comece a colheita, que embora vá iniciar cedo, há um período necessário para que tenhamos produto seco, disponível para comercialização.