Pro mundo inteiro saber
Livro analisa merenda
escolar de diversos países
e elogia o sistema brasileiro.
Com o arroz e o feijão servidos acompanhados de carne, legumes, folhosas como alface e um copo de suco natural, mais uma fruta de sobremesa, a merenda escolar brasileira mereceu elogios internacionais. O Brasil é um dos 13 países do mundo cuja merenda escolar servida às crianças é analisada no livro “What’s for lunch?: how school children eat around the world” (“O que há para o almoço? Como os alunos comem ao redor do mundo”), da autora canadense Andrea Curtis. A publicação mostra as diferenças das merendas em vários países, da comida industrializada do Canadá ao mingau servido em um campo de refugiados no Quênia, e coloca o programa alimentar das escolas brasileiras como um modelo a ser observado.
O livro foi lançado no final de 2012, no Canadá e nos Estados Unidos, e mostra a diversidade oferecida para as crianças de acordo com cada país. Para a autora, a merenda brasileira é uma inspiração, uma estratégia interessante de combater a fome e a pobreza. Mãe de dois filhos, de 8 e 13 anos, a autora do livro acredita que o preparo do que as crianças vão comer na escola é uma oportunidade para os pais interagirem com os filhos e garante que depois que os pequenos aprendem de onde vêm os alimentos eles passam a pedir comida saudável nas refeições.
Segundo ela, seja em Belo Horizonte, no Brasil, Kandahar, no Afeganistão, ou Toronto, no Canadá, a refeição escolar é uma experiência comum entre crianças de todo o mundo. Embora a comida seja diferente em cada país, quando as crianças sentam juntas na escola para comer se sentem em um ambiente familiar. “Um livro sobre este tema é uma ótima maneira de falar sobre as semelhanças e diferenças entre as complexas políticas do nosso sistema internacional de alimentos”, revela.
Andrea Curtis observa que, na cultura ocidental, os pais se desdobram para atender ao que a indústria decide o que a criança quer comer. Há menus para crianças em restaurantes, alimentos infantis industrializados, as “junkie foods”, como nuggets de frango, queijo processado e batatas fritas. Isto, no fundo, é mais uma oportunidade das empresas de alimento vender comida embalada e processada do que uma resposta aos desejos reais das crianças. “Em minha pesquisa, descobri que, contrariamente à crença popular, as crianças realmente se preocupam com o que comem. Quando elas têm a oportunidade de aprender sobre de onde vem o alimento, como ele é cultivado e como fazê-lo crescer, as crianças se tornam ferozes defensoras de uma alimentação saudável e das comidas produzidas em um ambiente sustentável”, assegura.
QUESTÃO BÁSICA
Para Andrea Curtis, as refeições escolares no Brasil – e em outros países – são inspiradoras para todos nós. “Para começar, eu adoro arroz e feijão. A merenda escolar brasileira é parte de uma estratégia integrada para aliviar a fome e a pobreza. O frescor dos alimentos também é impressionante. Acho interessante também a política de obrigar as escolas a usarem 30% da comida produzida na sua região para fazer a merenda escolar. Isto vai gerar benefícios econômicos para a comunidade, bem como ter um impacto sobre a saúde e os resultados da aprendizagem para as crianças. Tive ajuda de uma brasileira naturalizada canadense, a educadora Cecília Rocha, que conhece muito sobre o assunto, e acompanhei a colaboração entre o Brasil e o Centro de Excelência Contra a Fome (WFP) cuidadosamente”.