Produção de arroz cai 20% na região de Joinville

Calor intenso foi o principal motivo que causou a queda na produção na safra .

O calor intenso que foi observado em Joinville e região, principalmente no primeiro mês do ano, foi o principal vilão da safra de arroz deste ano. A estimativa dos engenheiros e técnicos regional de Joinville da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) é de que a produção tenha caído 20% em relação à safra do ano passado, em que foram colhidas 168.318 toneladas de arroz.

“As altas temperaturas registradas, geralmente em torno dos 40 ºC, atrapalharam o desenvolvimento da planta, que estava em inflorescência naquele período”, explicou Onévio Antonio Zabot, engenheiro agrônomo e gerente regional da Epagri.

Trabalho de colheita desta safra será feito até abril

A colheita desta safra vai até abril, mas além do clima, outras questões preocupam a Epagri, como a diminuição gradual da área dedicada à orizicultura. “Nos últimos anos, a área dedicada à plantação de arroz diminuiu 10%. Algumas plantações foram abandonadas, outras foram loteadas”, comentou Osmar José Vanderlinde, técnico agrícola da Epagri.

A especulação imobiliária contribuiu para esta realidade. Com empresas de grande porte se instalando na região, os terrenos da área rural passaram a ficar supervalorizados e muitos agricultores, principalmente os pequenos, venderam suas propriedades. “Na região de Joinville as áreas de produção estão sendo prensadas pela expansão da cidade e das indústrias. Mas as cidades e seus governantes têm que pensar que o espaço da área rural e a produção de alimentos têm que ser mantidos como um cinturão verde”, comentou Zabot.

Para se ter uma ideia, o relatório regional da Epagri sobre a produção de arroz em 2013 indica que a área plantada diminuiu 2.212 hectares. Em 2009 a área plantada era de 22.312 hectares enquanto que em 2013 passou para 20.100. O número de produtores também vem diminuindo nestes últimos anos. “Geralmente os orizicultores cultivam somente arroz, mas no caso de pequenos agricultores, é melhor que haja a diversificação da propriedade, como por exemplo, incluir nas atividades da propriedade o cultivo de aipim, banana e até mesmo a criação de animais. Assim ele terá mais opções de renda e melhorará a sustentabilidade da sua propriedade”, explicou Zabot.

Muito dinheiro foi investido ao longo dos anos para que a região tivesse bons canais de irrigação. Mas Zabot e Vanderlinde temem que este investimento seja perdido caso a produção de arroz continue diminuindo com o passar do tempo. “Aqui em Joinville, por exemplo, nunca perdemos uma safra por falta de água. Há sete valas que partem do rio Piraí e 70 quilômetros de canais de irrigação”, disse Vanderlinde.

Dois novos tipos de arroz no Estado

Na safra de 2013, a Epagri lançou dois novos cultivares de arroz de tipo especial. Um deles é o SCS120 Ônix, primeiro cultivar de arroz com pericarpo preto disponível em Santa Catarina. Diferentemente do que estamos acostumados a ter no prato durante o almoço de cada dia, o arroz preto é uma alternativa diferente e que vem chamando atenção principalmente de grandes chefes de cozinha. “Além da coloração diferente, o arroz preto possui vantagens nutricionais, funcionais e culinárias agregadas, principalmente por ser integral”, disse Zabot.

Também foi lançado no ano passado o arroz vermelho, o cultivar SCS119 Rubi. “A produção destes dois tipos de arroz é considerada uma alternativa de diversificação de renda para o agricultor. Mas acreditamos que sua inserção, num primeiro momento, será baixa na região, principalmente porque não é qualquer engenho que fará o processamento. Este é um produto de baixa escala”, observou.

4 Comentários

  • Estas variedades tem uma boa aceitação em Curitiba.

  • O que está acontecendo com a lavoura de Joinville, também acontece em todo o RS. Só que lá a EPAGRI se posiciona ao lado dos produtores, diferente do IRGA que só quer saber de Super safra, prejudicando os produtores ao informar ao mercado que a produção vai ser acima de 8.000.000 de ton, derrubando os preços, quando se sabe que dificilmente chegaremos neste volume. Aliás, não vejo ninguém do IRGA vistoriando lavouras para confirmar as perdas por falha.
    Abraço

  • Como ja havia dito em comentario anterior que este ano o IRGA nem perguntou a area plantada esse ano na nossa regiao como fazia em anos anteriores e ja fomos atingidos por duas enchentes em Cacapava do Sul e nao apareceu ninguem pra saber se houve algum prejuizo. Entao seria de bom tom que o IRGA largasse da sua “‘bola de cristal'” e espere o termino da colheita pra apresentar os numeros.

  • O cultivo de arroz na região norte esta perdendo espaço principalmente para o cultivo de palmeira e lagoa para peixes, mas isso não esta sendo poucas terras, num raio de 10 Km da minha propriedade posso afirmar que de 2009 em diante uns 120 hectares deixaram de ser plantado arroz e cultivado estas culturas com maior rentabilidade. Abraço.

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