Produção recorde de arroz em Candelária (RS)
Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) aponta crescimento de 46% na produtividade das lavouras de Candelária nos últimos três anos
.
Candelária tem 236 arrozeiros cadastrados junto ao escritório local do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), mas o número de produtores pode chegar a 250. Segundo o engenheiro agrônomo Luciano Siqueira, são 7.900 hectares de arroz cultivados no município, área que garantiu uma produção de 1.058.000 sacos somente na safra 2007/2008.
Tal produtividade vem aumentando nos últimos anos. Na reabertura do Irga em Candelária, ainda em 2005, a colheita foi de 816 mil sacos. Em três anos, graças a informações repassadas aos agricultores sobre manejo da lavoura de arroz, essa produção quase duplicou, subindo em torno de 46%.
Segundo estimativas do Irga, tal ascensão deve continuar. Para a safra 2008/2009, a expectativa é produzir mais.
– Para alcançarmos estes números, 40% das lavouras de Candelária devem estar semeadas até 10 de outubro – explica Siqueira, evidenciando que a época do plantio é um dos pontos chaves para altas produtividades.
Em outros tempos, a maioria dos arrozeiros candelarienses plantava no mês de dezembro, o que refletia diretamente nos fracos resultados. O arroz precisa de luz para expressar seu potencial produtivo e o plantio no tarde faz com que a floração aconteça somente em março, quando os dias são menores.
– O recomendado é semear de outubro até no máximo 15 de novembro para que a planta consiga atingir a soma térmica – alerta.
Além da época de plantio, há outros cinco fatores estratégicos no manejo do arroz irrigado para altas produtividades. São eles: densidade de semeadura, uso de sementes tratadas, nutrição adequada, controle de plantas daninhas em tempo oportuno e manejo de irrigação. A densidade de semeadura alerta para a quantidade ideal de sementes usadas por hectare. O recomendado pelo Irga é até 100 kg/ha.
– Antigamente os produtores costumavam usar uma média de 250 kg/ha. Isso é muita semente – explica o engenheiro agrônomo.
Ele alerta que o exagero facilita o aparecimento de doenças, além de também provocar acamamento e de somar muito no custo da lavoura.
Já o uso das sementes tratadas garante o combate à bicheira da raiz, problema de 60% das lavouras gaúchas e que causa perdas significativas. Trata-se de um tratamento preventivo, uma vez que os inseticidas usados para o controle direto na lavoura são muito agressivos e causam problemas ao meio ambiente e também à saúde humana.
A nutrição adequada também é imprescindível para a obtenção de altas produtividades. Conforme Luciano Siqueira, até pouco tempo era comum os produtores dizerem que o arroz não respondia ao adubo.
– E não respondia mesmo – explica.
– Como o plantio era feito muito tarde, a falta de luminosidade interferia na produtividade – completa.
Ele evidencia que a adubação funciona e traz bons resultados, desde que seja manejada corretamente e o plantio feito no cedo. Tempo oportuno também é a regra para o controle de plantas daninhas. Há alguns anos as firmas de herbicidas faziam produtos para matar invasores em tamanho grande, quando já causaram todos os danos que poderiam causar.
– O recomendado é fazer o controle o mais cedo possível, na fase pré-emergente ou no máximo na pós-inicial – clareia.
Outro ponto imprescindível é o manejo de irrigação, que também tem prazos restritos. O projeto Marca, da Embrapa, recomenda que o arroz deva ser irrigado em até 30 dias após o plantio. Já o Irga sugere de 10 a 15 dias após a emergência.
– A água é excelente para o controle de plantas invasoras e facilita a nutrição do arroz – conclui Luciano.
Recorde de produtividade na Linha Palmeira
Marcos Luiz Dunke, de 45 anos, dedicou toda a sua vida ao cultivo de arroz e hoje é conhecido como o campeão de produtividade em Candelária. Em 158 hectares cultivados no sistema pré-germinado na Linha Palmeira, somente na safra 2007/2008 ele colheu uma média de 160 sacos por hectare, o que fica 17% acima da média municipal. Segundo conta, o segredo para estes números é o plantio mais cedo.
– Há três anos tenho apostado nesta medida e antecipado a planta – revela.
Em 2007 a semeadura foi iniciada em quatro de setembro, mas este ano os planos são ainda mais audaciosos. Com 70% de suas terras já preparadas, ele planeja iniciar a safra no final de agosto, isto caso o tempo colabore e não haja previsão de incidências de geada. Trabalhando com o auxílio dos filhos Everton e Josiel, o produtor se mostra otimista e de olho no futuro. Para a próxima colheita, ele espera uma produtividade ainda maior, além, é claro, da estabilidade do preço.