Produtor de arroz comemora preço alto e produtividade

Os recordes sucessivos que o produto tem batido no mercado internacional explicam o aumento dos preços no Brasil.

Pela primeira vez, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul – estado que detém 60% da safra nacional do cereal – podem comemorar uma safra recorde, inclusive na produtividade, e preços históricos nunca antes vistos. O estado vai colher 7,2 milhões de toneladas, com média de 6,9 toneladas por hectare, e está vendendo o cereal a US$ 17 a saca (50 quilos). Nos últimos 15 anos, o maior preço para abril ocorreu em 2004 (US$ 11,30 a saca).

Os recordes sucessivos que o produto tem batido no mercado internacional explicam o aumento dos preços no Brasil. Em 12 meses, o produto valorizou-se mais de 150% na Tailândia – balizador das cotações internacionais -, chegando a US$ 854 a tonelada, e 70% no estado.

As cotações internacionais mais altas se devem pelos estoques mundiais baixos – 17% do consumo, quando o seguro é de 20% – e, mais recentemente, pelas restrições às exportações de países para conter a inflação (ver matéria abaixo).

Os valores pagos pelo produto gaúcho cobrem, pela primeira vez nos últimos quatro anos, segundo a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), os custos de produção. Na sexta-feira, o grão estava acima de R$ 30 a saca no estado, para um gasto de R$ 28 por saca. Na média de abril, de acordo com a Safras & Mercado, a cotação do cereal é de R$ 25,85 a saca. Mas o presidente da Federarroz, Renato Rocha, não está de todo satisfeito.

Segundo ele, os produtores acumulam dívidas e a estimativa é de custos mais elevados na próxima safra. Ele acredita que até o momento entre 15% e 20% da safra tenha sido comercializada.

O analista Élcio Bento, da Safras &Mercado, lembra que além do cenário internacional, há a questão interna: os estoques finais do cereal serão 30% mais baixos, mesmo em um ano de safra maior. Isso porque os preços internacionais elevados vão provocar uma queda nas importações e uma alta nas exportações.

Além dos preços mais elevados, os gaúchos estão registrando também produtividade maior. Pelos dados do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), até agora – com 82% da safra colhida – a produtividade é de 6.930 quilos por hectare.

O presidente da instituição, Maurício Fischer, diz que além do clima favorável à lavoura – em anos de La Niña sempre há produtividade maior – a implantação do programa Arroz RS, pela sexta safra seguida, explica o aumento do volume colhido por hectare.

Segundo ele, a meta é chegar a 7,5 toneladas por hectare em 2010. Por ano, o Irga investe entre R$ 15 milhões a R$ 20 milhões em tecnologia e na transferência dela aos produtores. Além de cultivares mais produtivas, Fischer diz que o programa promove mudanças no manejo e na época de plantio do arroz.

Em Pelotas (RS), o produtor Luís Osório Rechsteiner, vem utilizando o sistema do Irga e espera colher nesta safra 7,5 mil quilos por hectare.

– Trata-se de um pacote tecnológico que inclui o ‘óbvio’ na hora certa – diz, referindo-se às questões de manejo.

Segundo ele, algumas práticas, como o combate às pragas invasoras, aconteciam até 30 dias depois do que atualmente.

Rechsteiner estava terminando de colher sua lavoura no último final de semana e, além da produtividade alta, ele estava entusiasmado com a possibilidade de vender o cereal a preços mais elevados. Para isso, segundo o produtor, sua estratégia será armazenar o grão para escalonar a comercialização e aproveitar o bom momento do arroz no mercado internacional.

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