Produtor do RS segura safra de arroz à espera de preço melhor

Com os valores recebidos pela saca de 50 quilos inferiores aos custos totais calculados em novembro pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), eles iniciam a safra dispostos a segurar a comercialização para puxar as cotações para cima no segundo semestre do ano.

Depois da forte valorização do arroz no ano passado, puxada pela escassez do grão no mercado internacional, os produtores gaúchos preparam-se para a abertura oficial da colheita 2008/98, de quinta-feira a sábado, em Cachoeirinha, sob um cenário de preços mais modestos. Com os valores recebidos pela saca de 50 quilos inferiores aos custos totais calculados em novembro pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), eles iniciam a safra dispostos a segurar a comercialização para puxar as cotações para cima no segundo semestre do ano.

Segundo o presidente da Federação dos Arrozeiros do Estado (Federarroz), Renato Caiaffo da Rocha, a sinalização do ritmo das vendas será mais precisa a partir de hoje, já que os negócios praticamente pararam na semana passada em função dos feriados de carnaval. Ele acredita que a liberação de R$ 500 milhões em Empréstimos do Governo Federal (EGF) no início de fevereiro para financiar a safra gaúcha e a boa remuneração obtida em 2008 vão ajudar os produtores a regular a oferta ao longo do ano.

– Nossa orientação é que eles utilizem ao máximo o EGF.

Conforme a Emater-RS, os preços médios pagos aos arrozeiros gaúchos alcançaram R$ 31,03 na semana passada, abaixo dos R$ 31,97 registrados no fim de janeiro mas 16% acima dos R$ 26,73 na última semana de fevereiro do ano passado. O problema, conforme Rocha, é a defasagem de 6% em relação aos custos fixos e variáveis de produção para a safra atual, calculados em R$ 33,07 por saca, enquanto há um ano o preço superava os custos em 1,7%.

Os produtores não esperam uma alta tão acentuada como no ano passado, quando os preços médios mensais apurados pela Emater-RS bateram nos R$ 35,29 (nominais) em outubro, mas Rocha acredita em um valor superior aos R$ 33 no segundo semestre. A redução dos estoques iniciais do produto pela terceira safra consecutiva no país pode ajudar. O volume é de 1,082 milhão de toneladas, ante 2,023 milhões de toneladas no início da colheita 2007/08, o que também deve elevar as importações de 500 mil para 1 milhão de toneladas no período, de acordo com a Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB).

A CONAB prevê crescimento de 2,5% nesta safra brasileira de arroz em comparação com a anterior, para 12,357 milhões de toneladas, com expansão mais acentuada, de 3,3%, no Rio Grande do Sul, onde as lavouras deverão produzir 7,606 milhões de toneladas.

A área avançou apenas 0,8% no país, para 2,899 milhões de hectares, e 2,7% no Estado, para 1,095 milhão de hectares. As exportações são projetadas em 400 mil toneladas, ante 700 mil em 2008, e o consumo interno em 12,9 milhões de toneladas, 100 mil toneladas a mais do que no ano passado.

O Irga tem levantamentos um pouco diferentes. Conforme o diretor técnico do instituto, Valmir Menezes, a área cultivada pelos produtores gaúchos cresceu 4,6%, para 1,107 milhão de hectares, enquanto a produção subiu 4,3%, para 7,749 milhões de toneladas.

O cálculo leva em conta um ligeiro recuo de 7.022 para 7 mil quilos por hectare devido à menor disponibilidade de água para irrigação em algumas regiões do Estado. Menezes não arrisca uma previsão para as exportações, mas concorda que os embarques serão menores por conta da retração econômica global e de fatores como as boas safras na China e na Índia.

Embora os números da CONAB indiquem um estoque final de 1,139 milhão de toneladas na safra 2008/09, 5,2% superior ao volume inicial, há um cenário “extremamente ajustado” entre oferta e demanda, entende o presidente da Federarroz.

Segundo ele, a entidade também espera que, além do EGF, o governo disponibilize outros mecanismos para facilitar o escoamento da produção, como os contratos de opção e o Pepro (prêmio equalizador pago ao produtor).

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