Produtor ganha mais com integração lavoura-pecuária

O resultado surpreendente foi o arroz de terras altas. a produtividade alcançou 65 sacas por hectare, correspondendo a 118% de lucro, um montante líquido de R$ 1.300,00 para a saca a R$ 37,00.

Parceira antiga de uns, companheira recente de outros, a integração entre pecuária e agricultura nas fazendas é bastante conhecida pelo produtor rural. Revigorada nos últimos anos graças a técnicas modernas aplicadas ao campo, a combinação de ambas atividades elevaram os ganhos de produtividade no cerrado. Entretanto, quanto dinheiro a mais seus adeptos estariam embolsando? Na ponta do lápis, a resposta vem dos agrônomos e zootecnistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás (GO), um modelo de integração lavoura-pecuária está em execução há seis anos e consiste na recuperação de pastagens degradadas, via consórcio de grãos com capins, e na produção forrageira para a entressafra simultânea ao plantio de culturas anuais, denominados de sistemas Barreirão e Santa Fé, respectivamente.

O pesquisador Tarcísio Cobucci explica que, durante a safra 2003/04, foram coletados dados para medir a lucratividade do sistema agropastoril, que abrangeu uma área de 100 hectares. Em relação à pecuária, foi possível a produção de 52 arrobas de peso vivo animal por hectare ao ano, com lotação média de 3,25 animais por hectare.

“Com isso, tivemos uma receita bruta de R$ 2.860,00, considerando-se o preço da arroba a R$ 55,00. Se descontarmos o custo por hectare no período e incluirmos o gasto com a compra dos animais, chegaremos a uma receita líquida de R$ 660,00. Ou seja, uma taxa de retorno do investimento de 30%”, argumenta Tarcísio. O cálculo não levou em conta o rendimento de carcaça dos touros.

No que diz respeito à agricultura, o pesquisador esclarece que foram cultivados milho, soja e arroz, cada um ocupando parcelas de 16 hectares, na área restante do experimento. Segundo Tarcísio, o rendimento do milho ficou aquém das expectativas, 95 sacas por hectare, mas, mesmo assim, gerou um retorno de 36,4% do capital empregado. Isto é, um lucro por hectare de R$ 431,00, com o valor da saca a R$ 16,11.

Para a soja, ele afirma que a produtividade foi de 50 sacas por hectare, com uma taxa de retorno de 45,8% e receita líquida de R$ 550,00, para a cotação da saca a R$ 35,00. O resultado surpreendente foi o arroz de terras altas. Tarcísio relata que a produtividade alcançou 65 sacas por hectare, correspondendo a 118% de lucro, um montante líquido de R$ 1.300,00, para a saca a R$ 37,00.

O desempenho superior do cereal foi atribuído às condições climáticas extremamente favoráveis à cultura. “A boa distribuição de chuvas contribuiu para uma ótima colheita, além do que a saca do produto está mais valorizada neste ano”, justifica Tarcísio.

Conforme observou o pesquisador, o levantamento econômico da integração lavoura-pecuária não contemplou gastos com o preço da terra nem com o custo do capital (juros) empregado na atividade.

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