Produtor quer melhor resposta de Lula
Segunda-feira haverá nova reunião com representantes dos bancos. Setor primário espera mais.
Os produtores de arroz de Cachoeira do Sul se despedem da Fenarroz neste final de semana com ânimo para continuar a luta em busca do socorro do Governo Federal aos atingidos pelas últimas enchentes. Na quinta-feira o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou a criação de uma linha de crédito com R$ 204 milhões para atender os arrozeiros gaúchos atingidos pelas enchentes. Os produtores querem melhorar a proposta, retirando a exigência de garantias em troca do financiamento. O deputado federal Luis Carlos Heinze (PP) está encarregado de defender em Brasília, a partir de segunda-feira, a nova luta dos arrozeiros em relação às garantias para o crédito.
Segundo o presidente da União Central de Rizicultores (UCR), Pinto Kochenborger, na segunda-feira será feita uma nova reunião entre lideranças do setor arrozeiro e gerentes dos bancos Sicredi e Banco do Brasil para tratar do assunto. “Queremos que a União garanta o crédito, pois não temos terras ou máquinas para dar em garantia aos bancos. Além disso, precisamos de uma revisão geral nas garantias. Eu tenho uma dívida de R$ 48 mil, onde já paguei quase a metade, e as garantias são o aval do meu falecido pai, um trator e uma colheitadeira. É muita garantia”, reclama Kochenborger.
LUZ – O presidente do Irga, Maurício Fischer, disse nesta sexta-feira que os produtores ficaram mais animados com a resposta do Governo Federal, mas ela representa uma luz no fim do túnel que ainda pode ser melhorada. “A abertura deste crédito é mérito dos produtores que foram a Brasília e fizeram um movimento muito forte em defesa da categoria. Para ficar perfeito é preciso tirar desta linha de crédito a exigência das garantias”, avalia Fischer. Segundo dados do Irga, cerca de 65% das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul são cultivadas em área arrendada. Esse é mais um complicador na questão garantias, pois o arrendatário não permite dar o seu patrimônio em troca de financiamento para o produtor.
ATENÇÃO
Além de eliminar as garantias, que pela regra são de R$ 2,00 para cada R$ 1,00, os produtores querem aumentar de R$ 400 mil para R$ 600 mil o limite que cada arrozeiro pode contratar. A proposta feita na quinta-feira é de empréstimo até o limite de R$ 400 mil por produtor e no máximo R$ 2,5 mil para cada hectare de lavoura atingida por enchente. Os produtores também estão pedindo um prêmio para abatimento de juros. “Quem pagar as prestações em dia pode ganhar até 50% de desconto no valor do juro. 5,75% de juro ao ano é caro para uma dívida que pode ser paga em oito anos”, avalia Pinto Kochenborger.
Importante
A retirada das garantias que são pedidas na linha de crédito especial do Governo Federal não significa que o empréstimo será dado aos produtores sem nenhuma segurança de pagamento. Os arrozeiros concordam em fazer o chamado empenho de safra, onde o credor fica com a produção agrícola no caso de inadimplência. A linha de crédito emer-gencial de R$ 204 milhões usará recursos do BNDES que estão sendo oferecidos através do Programa de Estímulo à Produção Agro-pecuária Sustentável (Produsa), que tem juro de 5,75% ao ano.