Produtor rural precisa se reinventar da porteira para dentro
Primeiro painel da Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas discute futuro da agricultura brasileira.
A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) não acredita mais no modelo da monocultura. A afirmação foi realizada pelo presidente da entidade, Alexandre Velho, na tarde desta terça-feira, dia 9 de fevereiro, para explicar o tema da 31ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz: Os Novos Rumos do Sistema de Produção”, que iniciou sua programação na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). A iniciativa é uma realização da Federarroz, correalização da Embrapa e patrocínio premium do Irga e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e segue até 11 de fevereiro.
No evento em formato híbrido, com opções online e presencial, Velho destacou que o produtor rural precisa se reinventar e prestar atenção aqueles que estão obtendo sucesso. “O protagonismo que nós temos na produção de arroz nos traz uma responsabilidade muito grande perante o Estado como também o Brasil. Em tempos de pandemia nós acabamos por garantir no ano de 2020 a segurança alimentar nacional. Esta lavoura de arroz tem uma responsabilidade muito grande. São mais de 200 municípios que dependem na sua economia da cultura do arroz e a Federarroz não acredita mais somente na lavoura de arroz, somente na monocultura”, afirmou. Segundo ele, a maioria dos problemas estão dentro da porteira.
O presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, e a ministra da Agricultura,Tereza Cristina, se manifestaram virtualmente neste primeiro dia do evento. Moretti ressaltou que o tema escolhido para nortear os debates não poderia ser mais contemporâneo. Já a ministra declarou que está trabalhando na proposta do Plano Safra 2021/2022 com o objetivo de levar mais crédito a todos os orizicultores, além de instrumentos privados aproveitando o atual cenário para disponibilizar mais recursos ao setor. Destacou como importante a abertura do México para o arroz nacional e o desenvolvimento de novos instrumentos para melhorar ainda mais a participação de mercados de capitais para o setor com o objetivo de fornecer mais ferramentas de crédito aos produtores rurais. “O Ministério da Agricultura tem trabalhado todos os dias para responder às demandas dos orizicultores. Agradeço imensamente a homenagem que vocês me fizeram da Pá de Arroz, símbolo do trabalho dos arrozeiros”, salientou.
Também de forma online, o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Soja, Londrina (PR), Décio Luiz Gazzoni, ministrou a palestra “Os novos Rumos da Agricultura Brasileira e Mundial”. Para ele, a segurança dos alimentos e a forma como será tratada esta questão do ponto de vista biológico, químico e físico, mais a temática ambiental e social relacionada à produção agrícola, deverão ganhar cada vez mais atenção.
Antes do início dos painéis, o auditório principal na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, foi inaugurado e batizado de Frederico Costa. A homenagem póstuma foi realizada em virtude da liderança que o então produtor rio-grandino exerceu no setor. Costa faleceu no ano passado, com 56 anos, foi diretor de Mercado Externo da Federarroz e também atuou como conselheiro no Irga.
A homenagem foi acompanhada por parentes, como o filho Artur Anselmi Costa e a esposa Luciana Duarte da Silva, além de irmãs e mãe, entre outros familiares. Na inauguração, o diretor da Farsul, conselheiro do Irga e presidente do Sindicato Rural de Pelotas, Fernando Rechsteiner, fez uma manifestação emocionada sobre o homenageado. “Frederico foi um produtor que se doou para a classe. Deixava as questões particulares, privadas ao largo das questões coletivas. Tinha um senso de classe muito forte, conhecia como poucos a lavoura. Era um visionário que enxergava o futuro, que rumo tínhamos que tomar nos nossos negócios”, declarou. “Perdemos o Frederico muito cedo, eu não tenho dúvidas que ele tinha muito ainda a contribuir com os amigos, a família. Ele faz muita falta como amigo, como colega, como filho, como irmão, como pai, mas deixou um legado e teve sucesso na parte que lhe cabia aos negócios mas também em relação à família”, finalizou.
2 Comentários
Pessoal. Voltem atras nas materias. Nos dois ultimos anos é o mesmo discurso da Federarroz O produtor precisa se reinventar… Não está de todo errado, mas o produtor que trabalha com financiamento da industria tem é que parar ou plantar menos e com seu proprio capital. E plantar soja!!!. É essa a mensagem! Em Itaqui hoje tao pagando 70 pila pelo 424 verde! É isso que tem acabar! Esse escárnio durante a colheita! Temos que seguir reduzindo area de arroz e aumentando de soja! Nao tem outro caminho!
Reinventar, essa é boa…..o produtor se reinventa a cada ano quando consegue concluir o plantio e a colheita e vai para a epopeia da venda do seu produto com preços absurdos de baixos e achacado em descontos pela indústria.
Quem tem que se reinventar são as entidades classistas na forma de defender o produtor na comercialização, na negociação com as instituições bancarias e junto aos governos Estadual e Federal, cito o ICMS e o recente caso da retirada da TEC pelo gov. Federal.
Sem demérito de seus dirigentes e colaboradores regionais, abnegados em suas tarefas, as vezes fogem do foco principal do objetivo e fazem uma viajem utópica em que grande parte dos produtores discordam, a Federarroz, uma vez entidade representativa, deveria e aí falo por mim, assumir posições mais fortes para defender os interesses da classe………com a indústria, governo ou com quem quer que seja. Argumentação funciona quando existe boa vontade e interesse em resolver problemas no outro lado……porém quando os interesses financeiros falam mais alto, posições mais duras são necessárias.