Produtores da fronteira gaúcha mantêm cerco aos argentinos

Assembléia geral em Itaqui (RS) vai discutir retomada das barreiras também na fronteira com o Uruguai a partir de quarta-feira e recrudescimento dos protestos contra o que denominam “inércia” do governo federal.

Cerca de 250 produtores de arroz de Itaqui, São Borja e Quaraí – na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul – mantiveram 12 caminhões argentinos e brasileiros carregados com arroz (8) e ervilha (4) retidos no porto de Itaqui, durante toda esta terça-feira. Segundo o presidente da Associação dos Arrozeiros de Itaqui, Manoel Vargas, outros 20 caminhões carregados com arroz argentino que têm como destino o mercado brasileiro permanecem aguardando a liberação do pátio da Receita Federal na cidade de Alvear, do outro lado do rio Uruguai, na Argentina.

Todavia, o movimento dos arrozeiros não tem previsão de levantar a barreira. Reforços estão chegando nesta quinta-feira, com caravanas de arrozeiros de Alegrete, Rosário do Sul, São Gabriel, Dom Pedrito e Bagé. Produtores de toda a fronteira organizam uma assembléia geral nesta quinta-feira, 13h, em Itaqui, para discutir a sugestão de formar novas barreiras nos nove pontos de fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina e o Uruguai.

A gota d´água para o novo levante dos arrozeiros foi a descoberta da entrada de cargas de arroz com casca uruguaio adquirido pela indústria brasileira – que mesmo pagando 9,25% de PIS/Cofins – é mais barato do que o arroz nacional.

– A sugestão dos arrozeiros de Itaqui é de que sejam fechadas mais fronteiras, pelo menos uma com o Uruguai, pois trata-se de um protesto contra a inércia do governo brasileiro em resolver os problemas do agronegócio e as assimetrias do Mercosul e não especificamente contra os argentinos – explicou Manoel Vargas.

O líder arrozeiro garantiu que a barreira será mantida até que haja uma determinação da Justiça para que deixem os caminhões passar. Mesmo assim, outros pontos de passagem obrigatória do arroz argentino em Itaqui ou ao longo da rodovia poderão ser bloqueados.

– Enquanto o nosso governo não tem capacidade sequer de nos dizer não e fica adiando audiências e fazendo anúncios que não cumpre, nós estamos lutando com as armas que temos, que é o protesto. Sabemos que neste momento o presidente e o ministro da Fazenda estão mais preocupados é com o “mensalão” e as CPIs, mas o nosso problema é real, afeta a economia brasileira e não pode ser esquecido – afirmou Manoel Vargas, que tem no sangue uma veia política. Ele é neto do ex-presidente Getúlio Vargas.

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