Produtores de arroz acumulam prejuízos em Roraima

Com o inverno rigoroso, rios e igarapés transbordaram, alagando plantios de arroz em várias regiões.

Antes a principal atividade produtiva de Roraima, que chegava a representar 1% do Produto Interno Bruto (PIB), os arrozeiros estão amargando prejuízos a cada colheita, desde que foram retirados da terra indígena Raposa Serra do Sol em 2009, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Só a rizicultora Regina Barili já acumula uma perda de quase R$ 600 mil somente neste ano. As lavouras foram alagadas pelas fortes chuvas e consequente transbordamento de rios, que afetaram o Estado entre os meses de abril e outubro, durante o inverno rigoroso e prolongado.

Ela plantou 300 hectares de arroz em uma fazenda própria na região do Bonfim. O cultivo deveria resultar em 50 mil sacas do grão, mas só foi possível colher 42 mil, porque a lavoura alagou com as fortes chuvas. A perda de 8 mil sacas representa um prejuízo de R$ 280 mil. Sem contar que a propriedade é financiada por um banco e as prestações estão atrasadas.

Quando as chuvas deram uma trégua, ela conta que arrendou uma fazenda no Amajari e fez novo plantio, dessa vez de 280 hectares. Contuto, o rio Parimé, que corta a região, transbordou e alagou a produção. Ela perdeu 60 hectares de arroz, que chega a um prejuízo de R$ 294 mil.

Antes mesmo de sair da reserva indígena, a rizicultora conta que a situação econômica já afetava os produtores. Muitos deles tiveram perdas, porque não conseguiram fazer toda a colheita de arroz. E em 2010, assim como ela, alguns não conseguiram plantar, porque estavam à procura de áreas que se adequassem à cultura.

Na Raposa Serra do Sol, Regina Birili plantava 800 hectares de arroz no verão e a mesma quantidade no inverno. Como o solo é alto, não alaga. Era ideal para a cultura. “Lá [na reserva] dava para colher e plantar ao mesmo tempo. Ainda estamos amargando a demarcação”, protestou.

Até hoje, segundo ela, os arrozeiros não foram reassentados, e as benfeitorias que existiam nas propriedades são discutidas na Justiça. Regina conta que recebeu da Funai a título de indenização R$ 93 mil, quando sua propriedade estava avaliada em R$ 231 mil.

“Peço aos nossos políticos que não se esqueçam da gente e às autoridades que foram responsáveis pelo processo de desintrusão que também designem um juiz federal para fazer o nosso reassentamento”, pediu.

Outro problema é a concorrência que vem enfrentando com outras empresas do Sul do país, que recebem incentivos da Área de Livre Comércio e conseguem vender arroz a um preço mais em conta.

“Produzimos aqui, geramos emprego, arrumamos estradas, para que empresários de outros estados tragam suas mercadorias para cá sem pagar impostos. Não dá para competir desse jeito. Onde vamos parar?”, indagou.

Regina Barili ainda conta que como sua empresa teve que diminuir o plantio de arroz, concomitantemente reduziu a produção de cuim e xerém, que são subprodutos do grão usados para alimentar animais como porco, galinha, gado e peixe.

“Com isso, não estamos conseguindo atender a demanda dos produtores que criam esses animais. E as empresas do Sul só comercializam o arroz, não vendem nem o cuim nem o xerém. Já teve produtor que levou seus animais para mim pedindo para eu comprar porque não tinha como alimentá-los”, relatou.

Situação difícil também vivem outros produtores, segundo ela. Também houve arrozeiro que perdeu parte da lavoura por causa das chuvas e rizicultor que está precisando pegar dinheiro emprestado no banco para plantar. Sem falar de dois que até hoje, quase três anos após a validação do processo demarcatório da Raposa Serra do Sol, estão fora da atividade econômica porque não conseguem plantar fora da reserva.

1 Comentário

  • NADA DIFERENTE QUE OS ARROZEIROS AQUI DO SUL, SO QUE POR OUTROS MOTIVOS….TANTO LA EM RORAIMA QUANTO AQUI NO SUL, ESTAO OS DOIS QUEBRADOS …….O NEGOCIO VAI SER PLANTAR SOJA MESMO….

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter