Produtores de arroz de Mato Grosso irão ampliar variedades de grãos
Assinatura de carta de intenções estabelece estratégia de evolução da qualidade do arroz e da indústria do Mato Grosso.
As indústrias de alimentação de Mato Grosso querem desenvolver uma nova variedade de arroz que satisfaça o consumidor final e o produtor. O primeiro passo foi dado nesta quinta-feira (16-06) com a assinatura da carta de intenção entre o Sindicato das Indústrias de Alimentação (Siamt) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz/Feijão de Goiás.
Os empresários vão custear pesquisas de novos cultivares de terras altas (antigo sequeiro) para o Estado. O presidente do Siamt, Marco Antônio Lorga, se reuniu com a chefe geral da Embrapa Arroz/Feijão, Beatriz da Siqueira Pinheiro, os quais discutiram custo, prazo do desenvolvimento da pesquisa, além da organização do 2º Congresso Nacional do Arroz, a ser realizado em Cuiabá, em abril de 2006, no qual ocorrerá ainda a 8ª Reunião dos Pesquisadores de Arroz.
– A idéia é reunir nesse propósito toda a cadeia produtiva do arroz e as instituições públicas. No processo evolutivo tem de haver participação do produtor, que precisa ser melhor remunerado, e da indústria, que necessita de matéria-prima de qualidade para atender as exigências da dona de casa – frisou o presidente do Siamt, Marco Antônio Lorga.
Durante 10 anos foi cultivado no Estado apenas o grão do tipo Cirad 141, que sustentou as indústrias nesse período. Posteriormente, a Embrapa lançou o Primavera, de melhor qualidade, 60% mais caro que o Cirad. Entretanto, o Primavera, apesar de atender as necessidades do mercado consumidor, tem baixa produtividade em relação ao seu concorrente, o que desestimula seu plantio.
– Enquanto o produtor colhe 85 sacas por hectare com o Cirad, o Primavera rende somente 70 sacas por hectare, uma diferença 15 sacos por hectare. No entanto, o Primavera circula três vezes mais na gôndola do supermercado que o Cirad, mesmo sendo mais barato – salientou Lorga.
Segundo a liderança, a nova variedade pretende atender as três classes (produtor, indústria e consumidor). O trabalho faz parte do Arranjo Produtivo Local (APL) do arroz, que envolve 59 indústrias das cerca de 150 existentes no Estado.
– Nossa APL é uma das mais ativas em Mato Grosso, por meio desse trabalho foi possível mudar concepções e paradigmas. A cadeia desenvolveu um espírito de trabalho em cadeia produtiva, em substituição à forma isolada de produção de antes – observou Marco Lorga.
Outras ações implantadas dentro dessa concepção são a qualificação de mão-de- obra, criação de novos mecanismos de mercado, qualificação do empresariado e estímulo ao intercâmbio entre indústrias.
Durante dois dias (12 e 13) Lorga visitou parques industriais em Porto Alegre (RS) e Montevidéu, Uruguai, nos quais verificou as várias etapas que as indústrias do Estado terão de passar para alcançar um nível de excelência na atividade. E o início deve ser pela pesquisa científica.
– No Uruguai tudo se aproveita do arroz. Não sobram resíduos no ambiente. As cinzas da casca, por exemplo, são utilizadas na fabricação de tijolos, o farelo usado na fabricação de óleo e bolacha muito nutritiva, a farinha mistura-se ao trigo para obter um produto de melhor qualidade. O Uruguai se tornou o mais competitivo do mundo nesse setor porque os empresários se uniram para romper obstáculos – ponderou Marco Lorga.