Produtores de arroz de MS começam a desistir da atividade

Custos altos e falta de incentivos dificultam produção de arroz no Estado.

O futuro da produção de arroz na região sul de Mato Grosso do Sul está ameaçado. Os agricultores, que acabaram de colher as lavouras, estão decepcionados com os preços pagos pelo cereal. Descapitalizados, alguns desistiram da atividade. Outros já pensam em seguir o mesmo caminho.

Há duas semanas, o produtor rural José Kermaunar concluiu a colheita das lavouras de arroz. Ele plantou 50 hectares, 20 a menos do que na safra passada. A redução foi um reflexo dos baixos preços pagos pelo produto, em média R$ 34,00 pela saca de 60kg. O valor é considerado insuficiente para cobrir os custos de produção e bem abaixo do alcançado há três anos, quando vendia cada saca a R$ 53,00. Além da diminuição da área, o baixo preço também trouxe outra conseqüência: o agricultor cortou pela metade os investimentos em adubação e tecnologia, o que provocou queda acentuada na produtividade de 120 para 60 sacas por hectare.

Diante da perspectiva pouco otimista, Kermaunar pensa em cortar ainda mais os gastos com o arroz e poderá ter uma história parecida com a de Luiz Alberto Suda. Durante 7 anos ele cultivou arroz em Fátima do Sul, mas, decepcionado com os baixos rendimentos da atividade, decidiu há dois anos dar um novo destino para a área de 25 hectares e trocou o cereal por pastagem.

– Abandonei o plantio de arroz por conta dos baixos preços e dos altos custos. Acredito que fiz a escolha no momento certo, porque pelo que estou vendo, a atividade está cada vem menos rentável para os agricultores da região – explica Suda.

De acordo com os produtores, a área destinada ao plantio de arroz no município já foi de três mil hectares. Hoje são apenas 500 hectares, uma diminuição que reflete nos números da rizicultura em Mato Grosso do Sul. O cereal, que já ocupou 40 mil hectares no Estado, foi plantado em apenas 34,5 mil hectares na última safra. Para a próxima, a previsão é de nova queda, segundo a Conab.

A situação compromete o potencial da atividade, já que o Estado registra um dos melhores índices de produtividade em todo o Brasil, produzindo em média 5,7 mil quilos de arroz por hectare, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Mesmo com este desempenho, o Estado responde por menos de 2% da produção do cereal no país, conseqüência do pouco incentivo dado para a cultura e dos elevados custos da atividade, que desestimulam os agricultores.

Os problemas da atividade, os custos altos, e a falta de incentivo que desestimula os produtores – diz Suda.

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