Produtores de arroz de SC comemoram boa safra e devem ampliar volume de exportações

 Produtores de arroz de SC comemoram boa safra e devem ampliar volume de exportações

Safra do Arroz no Norte catarinense representou 14% do total produzido no Estado neste ano

Expectativa de especialistas é de que o Estado, segundo maior produtor do grão no país, embarque de 5% a 7% de sua produção ao exterior.

Os produtores de arroz de Santa Catarina estão confiantes quanto a investir em tecnologias em busca de mais produtividade e renda com o produto. Isso devido ao resultado favorável da colheita deste ano e a sequência de alta nas cotações do grão nos últimos dois meses. Outro fator que corrobora para essa perspectiva é o bom desempenho das exportações, estas tomando impulso pela relação entre os preços internos e o câmbio favorável, segundo especialistas. Um otimismo que pode impactar em cheio as maiores regiões produtoras do grão no Estado, em Araranguá e Tubarão, no Sul, e Joinville, no Norte – que representam, respectivamente, 34%, 15% e 14% do total de arroz colhido na safra 2017/2018 em SC.

O Estado, inclusive, foi destaque na produção nacional do grão neste ano – 1,1 milhão de toneladas no período e a segunda maior colheita brasileira. E esses resultados favoráveis já começam a se refletir, com indicativo de aumento no preço médio da saca de 50 quilos depois de uma fase em baixa. No início do ano, era cotada a um valor próximo de R$ 30, agora o preço da saca gira em média a R$ 38 e se aproxima das cotações no Rio Grande do Sul. O Estado vizinho é responsável por 69% da produção do arroz brasileiro e teve elevação de 8% no valor do grão de maio para junho, hoje acima dos R$ 40, segundo o indicador Esalq-Senar/RS.

É o que explica o analista Cleiton Evandro dos Santos, da AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz, que avalia que a perspectiva positiva é válida para o mercado de arroz no Sul do País. Segundo ele, essa virada positiva dá fôlego aos rizicultores que desejam investir no plantio. Outra possibilidade é inverter a redução das áreas plantadas para expansão. Entre as duas últimas safras, no Norte catarinense, por exemplo, foram reduzidos cerca de 500 hectares, apesar de a produtividade permanecer estável: 8.380,7 quilos por hectare (kg/ha) e 8.439 kg/ha nas duas últimas colheitas.

— A indústria de Santa Catarina se abasteceu bem na safra, com preços mais baixos, mas gradativamente está indo ao mercado e disputando o grão com exportadores e as indústrias gaúchas e de outros Estados. Essa competição e a importação menor neste ano estão dando fôlego para a recuperação das cotações aos arrozeiros — afirma Santos, citando como exemplo os resultados do Sul catarinense, onde as cotações já acompanham as do Litoral Norte gaúcho, na faixa de R$ 40 a R$ 42.

Ainda conforme ele, outro impacto positivo para o mercado catarinense é o início das exportações e a união de força das cooperativas locais em busca de maior participação do mercado externo.

— Um navio já foi embarcado e há mais um programado para os próximos meses. A expectativa é de que o Estado exporte de 5% a 7% de sua produção, quando anteriormente só exportava pequenos volumes de sementes. É um grande salto, resultado de um grande esforço e que deve impactar gradualmente nos preços ao produtor — justifica o analista.

O fator determinante neste caso é a questão cambial relacionada ao aumento na projeção de consumo e da guinada ao mercado externo, com ação direta na recuperação das cotações do arroz. "O cenário atual é composto por um dólar fortalecido frente à nossa moeda e outras moedas mundiais, uma projeção de consumo de 12 milhões de toneladas e uma safra 500 mil toneladas menor ? além da retração nas importações e aumento das exportações, isso deixa o quadro de oferta e demanda muito ajustado", aponta a análise. 

Tendência de alta se mantém

A tendência de alta deve continuar pelo menos até fevereiro de 2019, influenciada ainda por redução no estoque e oferta e demanda ajustadas, por causa da previsão do El Niño.

— Mantido o cenário de câmbio e com as importações do Mercosul represadas como se está vendo, teremos preços muito mais próximos de 2016, quando batemos em R$ 50,50 por saca no RS — salienta Santos.

O levantamento elenca também como fator decisivo as regras estabelecidas para a quitação de dívidas rurais, via nova opção de linha de crédito de sete anos para repactuar os débitos. Em contrapartida, devido a essa projeção de El Niño neste ano, os produtores terão de garantir um manejo perfeito para reduzir possíveis danos. Já prevendo isso, muitos dos agricultores de SC estão antecipando o plantio com objetivo de realizar duas colheitas e conseguir uma negociação com maiores volume e preços. Porém, é preciso atenção, conforme Cyrano Busato, engenheiro agrônomo da RiceTec, empresa especializada no desenvolvimento de sementes.

— Para o plantio no cedo, a melhor opção são as variedades híbridas de ciclo curto. Mas não podemos esquecer que o plantio no cedo pode acarretar o desenvolvimento da cultivar na fase vegetativa em condições pouco adequadas, em que a temperatura e o fotoperíodo ainda não condizem com as necessidades da planta de arroz — alerta.

Números

Quantidade de arroz produzida em Santa Catarina na Safra 2017/18, por região, em toneladas:
Araranguá – 404.001
Tubarão – 173.214
Joinville – 164.871
Criciúma – 162.944
Rio do Sul – 95.926
Itajaí – 73.128
Blumenau – 67.345
Tijucas – 20.300
Florianópolis – 17.336
Ituporanga – 2.475
Tabuleiro – 1.050
Total: 1.182.590

1 Comentário

  • É inacreditável ver manchetes de textos como esse de comemorações de produtores pelo fato de colherem seu produto, de forma normal em que nada difere das colheitas anteriores. Comemorar o que ? saco a R$ 38,00/40,00 ? Só pode ser gozação não é mesmo ? Custo de produção há no mínimo R$ 45,00 e vem falar em comemoração ? Investir em tecnologia ? Poupem-nos por gentileza, não merecemos ler matérias ilusionistas e interesseiras lançadas aos meios de comunicação como forma de influenciar aos menos atentos, para se lançarem em empreitadas expansionistas que em nada condizem com a realidade em que vive atualmente o setor arrozeiro.!!!

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