Produtores de arroz pedem medidas urgentes

Orizicultores da Zona Sul se integram aos protestos e querem ações urgentes do Governo Federal.

Com os atuais patamares de preço da saca do arroz, o prejuízo aos municípios produtores é alarmante. Em todo o Rio Grande do Sul, R$ 1,74 bilhão deixa de circular nas zonas arrozeiras, com uma queda no valor bruto de produção de 41% em relação a 2004.

Na Zona Sul, o prejuízo é superior a R$ 186 milhões. Em Santa Vitória do Palmar, o maior produtor da região e o segundo do estado, R$ 88,4 milhões deixam de circular na economia do município. Na região de Pelotas, o maior centro beneficiador de arroz do estado, o prejuízo é superior a R$ 12 milhões.

Os cálculos foram realizados pela equipe econômica do Irga com base na produção (base casca), preço médio nominal do saco de arroz e valor bruto da produção de arroz, num comparativo entre as três últimas safras. O preço considerado no estudo foi de R$ 21,75 o saco de 50 quilos, mas o produto chegou a ser cotado em R$ 18,00 no mercado interno, o que pode potencializar ainda mais os prejuízos.

Esta semana é decisiva aos arrozeiros do estado. Hoje é o dia “D” para que o governo federal acene com a solução à desestabilização do mercado e lance os prometidos contratos de opção públicos. Os arrozeiros pedem a retirada imediata do mercado de 1,5 milhão de toneladas de arroz (1 milhão do estado e 500 mil do Mato Grosso), além da revisão dos acordos do Mercosul, a fim de evitar a entrada indiscriminada do produto, principal responsável pelo aviltamento do preço da saca no mercado interno. Estima-se que tenha entrada nesta safra 125 mil toneladas de arroz do Mercosul ao preço médio de R$ 20,00 ou oito dólares.

Estas são as reivindicações mais urgentes da categoria de um total de 12 a 15 pleitos, a maioria dirigida ao governo federal. “Hoje, não basta a compra destes 1,5 milhão de toneladas. Queremos que o governo enxugue o mercado e exporte este arroz para que ele não volte a ser colocado à venda daqui a alguns meses e o problema seja apenas chutado para a frente”, diz o diretor comercial do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Rubens Silveira, pois o país possui estoque de passagem de 1,3 milhão de toneladas.

Silveira destaca que a manutenção da renda ao produtor é fundamental para que ele permaneça na atividade, sob o risco de novo endividamento no setor e aumento de desemprego em todas as regiões produtoras. “A situação está crítica e os produtores apavorados. Com estes preços de R$ 18,00 a R$ 20,00 não vamos conseguir pagar as contas.” Ele destaca que o produtor não pretende dar calote e por isso está procurando renegociar prazos com seus fornecedores. O setor empregou em 2004 o total de 232 mil pessoas de forma direta e indireta, gerou arrecadação de ICMS próxima dos R$ 220 milhões e contou com o trabalho de 282 indústrias de beneficiamento.

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