Produtores protestam hoje contra falta de apoio à agropecuária

Entre os pleitos dos produtores estão o cancelamento das importações de arroz, sendo dada prioridade à produção nacional.

Para alertar a sociedade sobre a crise de renda que atinge o setor agropecuário, produtores rurais realizam protestos em diversos pontos do país nesta terça-feira 31. A estratégia, elaborada pelas Federações de Agricultura dos Estados mais atingidos por problemas como a incidência da “ferrugem asiática”, seca ou excesso de chuvas, é realizar protestos regionalizados, com manifestações nas principais rodovias federais ou estaduais, com distribuição de panfletos e realização de alertas para sensibilizar a população sobre a crise que atinge a agropecuária.

Em todos os locais onde serão realizadas manifestações do SOS Rural, as atividades começam no início da manhã. Os protestos vão ocorrer em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Tocantins.

Entre os pleitos dos produtores estão o cancelamento das importações de arroz, sendo dada prioridade à produção nacional; a criação de condições para que os produtores possam realizar a importação de insumos, a preços mais baixos, reduzindo o custo de produção; o estabelecimento de mecanismos de apoio à comercialização de grãos; a renegociação das dívidas securitizadas; além da construção de proposta para a solução do endividamento dos produtores causada pela frustração das culturas e receitas na última safra, que compromete potencial de investimentos futuros na produção.

“O SOS Rural é uma mobilização de todos os produtores rurais do Estado contra a política econômica prejudicial à agricultura e à pecuária brasileira, que também está afetando as exportações. Essa grave crise vem do desajuste de preços no ano passado, que tem aumentado os custos de produção e, agora, com a atual taxa de câmbio, levou à redução dos valores recebidos pelos produtores.”, explica o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), Macel Caixeta.

“A sociedade, de um modo geral, desconhece as dificuldades que o produtor enfrentou na safra 2004/2005, e que hoje estão refletindo nas cidades”, diz o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Homero Pereira. Em Mato Grosso, os sindicatos rurais dos de Alto Araguaia, Rondonópolis, Primavera do Leste, Nova Xavantina, Tangará da Serra, Sorriso e Sinop vão realizar concentração de produtores e máquinas agrícolas nas principais rodovias federais e estaduais.

A idéia é realizar distribuição de panfletos à população para esclarecer as causas da crise na agricultura. De acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (Imea) da Famato, no caso da soja, o prejuízo é de R$ 440 por hectare plantado. A produção de grãos no Estado na última safra foi de 23 milhões de toneladas, em 8,4 milhões de hectares plantados. A produtividade foi bastante desigual nos diversos pontos do Estado, chegando a 55 sacas por hectare, em alguns municípios, a 30 sacas por hectare, em outras regiões. Além disso, o produtor adquiriu insumos quando o dólar valia R$ 3,10; e agora, no momento da venda da produção, a cotação de menos de R$ 2,50 por dólar.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) pretende reunir milhares de produtores em pelo menos 15 municípios do Estado, como Chapadão do Sul e Dourados. Campo Grande vai concentrar os protestos, com apoio de entidades envolvidas com o agronegócio, como cerealistas e revendedores de máquinas agrícolas.

Haverá uma carreata pelo centro de Campo Grande, com saída do Parque de Exposições, às 14h, rumo à Câmara Municipal. “Todos os setores estão solidários e também acreditam que está passando da hora de mostrar que o agronegócio precisa de ajuda e que o Governo têm que tomar medidas urgentes, para evitar um grande caos social, inclusive nas cidades, com falências de empresas e desemprego”, diz Tereza Cristina Correa da Costa Dias, diretora da Famasul.

Guaraí é o município de Tocantins que vai concentrar os protestos do SOS Rural, com a presença de pelo menos dois mil de produtores, informa Sani Naimayer, superintendente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (Faet). A manifestação ocorrerá no trevo da cidade, com a presença de aproximadamente 500 caminhões e máquinas agrícolas pela BR 153.

Com isso, os produtores conseguirão formar um comboio de aproximadamente três quilômetros na estrada. A presidente licenciada da Faet, deputada federal Kátia Abreu, entregará a “Carta do Tocantins” ao Governo Federal. Tal documento será preparado amanhã, durante a manifestação.

Segundo o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong, “são esperados cerca de dois mil veículos. De cada um dos nos 134 rurais, vêm um ônibus repleto de produtores.” Será realizada um carreata desde o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio; até a superintendência da Receita Federal, no centro de Porto Alegre. “Também será proposta a extinção dos índices de produtividade, pois representa desrespeito ao setor que garante alimentos à população”, diz o presidente da Farsul, Carlos Sperotto.

O dirigente alerta que é preciso divulgar a toda população as perdas causadas pelo clima, os elevados custos de produção, os altos juros e a especulação financeira enfrentada pelo setor rural. Até ontem, quase 600 veículos já estavam concentrados no Parque de Exposições de Esteio.

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