Produtores recebem orientações em roteiro no Vale do Rio Pardo (RS)

Visitas a propriedades fizeram parte do projeto que busca altas produtividades. Rendimentos baixos impedem a participação dos gaúchos no mercado mundial.

Os baixos rendimentos das lavouras de arroz no Rio Grande do Sul não permitem que os produtores gaúchos participem do mercado internacional. Tanto que o Estado foi contemplado com recursos do Fundo Comum de Commodities, ligado à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), para a execução de projetos de transferência de tecnologia.

Na área de abrangência do 5º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), com sede em Rio Pardo, vários orizicultores já aderiram a novas técnicas. Ontem, plantadores da região foram conhecer os resultados, durante um roteiro que percorreu diversas propriedades.

“Queremos que os lavoureiros sejam os irradiadores, que a tecnologia seja transmitida de produtor a produtor”, explica o engenheiro agrônomo José Fernando Rech de Andrade, do Irga. O instituto é responsável pela execução do projeto da FAO no Rio Grande do Sul. O trabalho conta ainda com o suporte do Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar). Dois representantes do órgão, os engenheiros agrônomos Luciano Carmona e Edward Pulver, participaram do roteiro de visitas.

Conforme Andrade, do Irga, e Carmona, do Flar, existem alguns pontos-chave para se obter um aumento significativo na produtividade. A época do cultivo é um deles. “O arroz deve ser plantado cedo – em outubro – para que sua fase reprodutiva coincida com o período de maior incidência luminosa, por volta do dia 20 de dezembro”, afirma o representante do órgão latino-americano.

A nutrição é outro fator importante. “É recomendada a irrigação precoce, quando a planta está pela quarta ou quinta folha, para que o solo libere o fósforo. Já a uréia deve ser aplicada no seco. O aproveitamento pela planta é de 70%. Na água, é de apenas 30%”, orienta o engenheiro do Irga. Os técnicos também batem na tecla da densidade. Culturalmente, segundo eles, os produtores usam oito sacos de sementes por quadra. O ideal, porém, é utilizar 80 quilos por hectare.

DESVANTAGEM

Este é o segundo ano de execução do projeto de transferência de tecnologia para a obtenção de altas produtividades. Os produtores Tulio e Geraldo Eidt, que passaram a utilizar as técnicas recomendadas na atual safra, estão entre os que abriram as portas a outros orizicultores ontem. Conforme Tulio, os 180 hectares cultivados na localidade de Passo do Adão, em Rio Pardo, devem produzir entre 10% e 20% a mais do que em 2004.

O engenheiro agrônomo norte-americano Edward Pulver explica que, para ingressar no mercado internacional, é necessária uma produtividade superior a sete toneladas por hectare, enquanto as lavouras gaúchas atingem cinco toneladas. “O projeto do Fundo Comum de Commodities existe para assistir os países em desvantagem.” Apenas 10% dos orizicultores gaúchos estão no patamar desejável.

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