Produtores reivindicam a prorrogação das dívidas
Agricultores realizaram manifestações em 18 pontos do Rio Grande do Sul.
Insatisfeitos com os preços pagos ao produtor e com o endividamento do setor primário, agricultores de todo o Estado promoveram na manhã de ontem protestos em 18 cidades gaúchas. O movimento, coordenado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag), reivindica a securitização dos financiamentos de produção contratados nos últimos três anos e uma maior intervenção do governo federal pelo cumprimento dos preços mínimos dos produtos agrícolas.
Em Bagé, 120 produtores distribuíram panfletos e 1,8 tonelada da arroz no trevo de acesso à cidade, na BR-293. De acordo com presidente da Associação dos Arrozeiros de Bagé, Ricardo Zago, o movimento tem objetivo de chamar a atenção da sociedade para a crise enfrentada pelos produtores.
– Quem produz arroz está trabalhando com preço de mercado de R$ 17,00, quando o preço mínimo não poderia ser inferior a R$ 22,00 – explica.
Ele afirma que os baixos valores praticados não estão permitindo que os agricultores paguem as prestações dos financiamentos contratados nos últimos três anos.
– Por isso queremos a securitização das dívidas – conclui Zago.
A medida concederia um prazo de vinte anos para amortização dos saldos devedores referentes aos financiamentos das safras de 2004, 2005 e 2006.
Zago acrescenta que o atual quadro vem diminuindo a atratividade do atividade. No ano passado, 176 agricultores plantavam arroz no município, número que caiu para 170 nesta safra.
– E deve cair para cerca de 100 se o governo não tomar providências – alerta. A perda de rentabilidade também provocou uma redução na área plantada do cereal em Bagé, que caiu de 27,4 mil hectares na safra 2004/2005 para 22 mil hectares neste ano.
Em São Gabriel, os produtores fizeram uma barreira na BR-290,
próximo à entrada da cidade. O presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Farsul, Tarso Teixeira, destaca como principal reivindicação da manifestação a atuação do governo na aplicação de uma política de preço mínimo não apenas para o arroz, mas também para outras cultivares.
– A saca de soja está sendo vendida a R$ 22,00, quando seriam necessários R$ 40,00 para cobrir os custos de produção – ressalta. Ele entende que o governo federal deveria intervir com a realização de Aquisição do Governo Federal (AGF´s), pagando preços mínimos fixados pelas entidades do setor.
– O governo vai ter que fazer alguma coisa para não inviabilizar o setor primários – observa Teixeira.
O movimento também contou com manifestações em cidades como Vacaria, Alegrete, Uruguaiana, Passo Fundo, Bagé, Tapes, São Luiz Gonzaga, Pantano Grande, Panambi, Santo Augusto e Sarandi. Os protestos foram realizados no mesmo dia em que o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues recebeu representantes do setor para discutir a crise. O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, participou do encontro.