Produtores, sem querer, selecionaram o capim arroz há mil anos
Invasora começou a ser selecionada ainda na Ásia
Autoria: Talia Ogliore – Universidade Washington (St.Louis).
Novas pesquisas da Universidade de Zhejiang, da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade de Washington em St. Louis fornecem evidências genômicas de que o capim- arroz ( Echinochloa crus-galli ) se beneficiou das práticas de cultivo humano, incluindo a remoção manual de ervas daninhas, à medida que se espalhava pela região do rio Yangtze, 1.000 anos atrás.
O capim-arroz é uma erva invasora globalmente comum de culturas e cereais cultivados em linha. O novo estudo foi publicado em 16 de setembro na revista Nature Ecology & Evolution .
"Na Ásia, os plantadores de arroz tradicionalmente plantam e arrancam ervas daninhas de seus campos manualmente. Quaisquer ervas daninhas que se destacam são facilmente detectadas e removidas", disse Kenneth Olsen, professor de biologia em Artes e Ciências. "Ao longo de centenas de gerações, isso selecionou algumas variedades de capim que se especializam em campos de arroz e imitam muito de perto as plantas de arroz. Isso lhes permite escapar da detecção".
Olsen colaborou na análise e interpretação dos dados para o novo estudo. Ele está trabalhando com o autor correspondente do estudo, Longjiang Fan, da Universidade de Zhejiang, em outras pesquisas relacionadas à genômica evolutiva do arroz e à evolução das ervas daninhas agrícolas.
Este estudo sequenciou os genomas das formas mimetizadoras e não-mimetizadoras da erva daninha como um passo para entender como esse processo ocorreu.
Essa forma de imitação, chamada imitação vaviloviana, é uma adaptação das ervas daninhas para imitar plantas domesticadas. No caso da grama de curral, as imitações de arroz crescem na vertical como uma planta de arroz, em vez de se espalhar pelo chão como a maioria das gramíneas de curral. Eles também têm caules verdes, como plantas de arroz, em vez dos caules vermelhos, mais comumente encontrados na erva.
"Com o advento da agricultura, cerca de 10.000 anos atrás, humanos em todo o planeta começaram a criar um habitat maravilhoso para espécies de plantas daninhas naturalmente explorarem", disse Olsen. "As ervas daninhas agrícolas mais bem-sucedidas e agressivas foram aquelas que desenvolveram características que lhes permitiam escapar da detecção e proliferar neste novo ambiente fértil".
Os pesquisadores estimam que a versão imitada de E. crus-galli surgiu quase ao mesmo tempo que os registros históricos chineses indicam que o centro econômico regional estava mudando da bacia do rio Amarelo para a bacia do rio Yangtze. Durante este período da dinastia Song, as populações humanas estavam crescendo rapidamente, a demanda por arroz, pois o grão básico era primordial. Este também é o momento em que uma variedade de arroz de amadurecimento rápido, resistente à seca, chamada arroz Champa, foi introduzida na bacia do Yangtze do sudeste da Ásia – para permitir duas colheitas em um ano. O manejo de plantas daninhas em arrozais pode ter sido intensificado no contexto dessas condições.
A agricultura tradicional preserva a diversidade do arroz roxo tailandês
No entanto, embora o capim-comum seja uma das principais ervas daninhas agrícolas nos EUA, a forma de imitar o arroz nunca se espalhou na principal região produtora de arroz – o vale do sul do Mississippi.
Olsen especula que isso ocorre porque os produtores de arroz dos EUA dependem da agricultura mecanizada em vez do trabalho manual.
"Sem os agricultores nos campos plantando e capinando à mão, não há uma seleção tão forte para as ervas daninhas se misturarem visualmente com a colheita do arroz", disse ele.
