Programa cria cultivares de arroz mais produtivas no Cerrado

 Programa cria cultivares de arroz mais produtivas no Cerrado

Novas cultivares potencializam desenvolvimento da orizicultura na região

Parte dos experimentos de VCU é conduzida no Campo Experimental Sertãozinho da Epamig Oeste, em Patos de Minas.

As pesquisas para melhoramento genético de arroz no Brasil e em Minas Gerais tomaram impulso a partir de meados da década de 1970, quando foi lançado um grande número de cultivares. O Programa de Melhoramento do Arroz, desenvolvido pela Epamig, em parceria com Embrapa Arroz e Feijão e Universidade Federal de Lavras (Ufla), desenvolveu cultivares de arroz “terras altas” de grãos agulhinha (longo-fino) para as condições de sequeiro do Cerrado o que tornou o sistema de cultivo competitivo com o de várzea e revolucionou a orizicultura no país.

Parte dos experimentos de Validação de Cultivo e Uso (VCU) é conduzida no Campo Experimental Sertãozinho da Epamig Oeste, em Patos de Minas. Desde o seu início, o Programa já lançou 30 cultivares de arroz, sendo 14 de sequeiro (terras altas) e 16 de arroz irrigado (várzea).

Os resultados da pesquisa contribuíram com aumento da produtividade média do arroz em cerca de 40% e geraram mais lucro para os orizicultores. Minas Gerais e o país se tornaram menos dependentes de importações do cereal, para atender a demanda interna cada vez maior. Hoje, pesquisadores realizam a seleção recorrente como alternativa para elevar, ainda mais, o nível de produtividade das futuras cultivares. As melhores cultivares dos ensaios são comparadas com as cultivares existentes e se tiverem características melhores são autorizadas, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a serem lançadas.

Apesar dos avanços obtidos, acréscimos no potencial de produção de grãos estão cada vez menores, sobretudo para o arroz irrigado. Por isso, as pesquisas vêm adotando novas estratégias e uma delas é o uso de seleção recorrente como alternativa para elevar o nível de produtividade das futuras cultivares. Outra linha de pesquisa que vai mais além é o melhoramento assistido por técnicas de biologia molecular, visando eventos transgênicos que resultem em tolerância a moléculas herbicidas, tolerância ao ataque de pragas, resistência ao estresse hídrico, dentre outras possibilidades.

Projeto em andamento

Hoje, os pesquisadores acompanham experimentos no Campo de Sertãozinho para avaliar resultados da pesquisa “Caracterização morfoagronômica de tipos especiais de arroz para a agricultura familiar na região do sul de Minas Gerais”.

Segurança alimentar

Pesquisas sobre biofortificação do arroz, conduzidas no Campo Experimental de Sertãozinho, em Patos de Minas, tiveram grande repercussão na imprensa nacional. O trabalho busca desenvolver grãos com maior qualidade nutricional através de técnicas de manejo agronômico que aumentam a absorção e biodisponibilidade de nutrientes nas plantas. Os pesquisadores acreditam que a biofortificação pode se tornar uma prática para vencer o desafio da desnutrição de uma forma sustentável e garantir a segurança alimentar. O projeto faz parte do projeto internacional HarvestZinc, coordenado no Brasil pela Epamig, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla), e do Programa HarvestPlus, coordenado nacionalmente pela Embrapa.

Biofortificação com zinco e iodo

O trabalho de biofortificação do arroz avaliou os efeitos do enriquecimento dos alimentos com zinco e iodo. As plantas foram enriquecidas com os nutrientes por meio de adubações via solo e pulverização da sua parte aérea. A pesquisa visa levar qualidade nutricional para os grãos e outras estruturas comestíveis promovendo mais saúde para as pessoas ou animais que os consomem.

Comprovações

As pesquisas com manejo da adubação do arroz para obter biofortificação, enriquecendo as plantas com zinco, indicaram que os grãos tiveram teores de zinco mais elevados do que os produzidos convencionalmente. Pesquisadores acreditam que a biofortificação de grãos é uma alternativa possível e economicamente viável visando elevar o teor desse nutriente. Melhora a qualidade nutricional de grãos sem afetar a saúde humana. Além disso, promove o aumento dos teores de minerais nas plantas, o que pode corrigir possíveis deficiências desses nutrientes no solo, melhorando o rendimento das culturas. De acordo com especialistas, o organismo não produz zinco, por isso são necessárias fontes externas para seu suprimento.

Biofortificação com selênio

Outro estudo tratou da biofortificação de arroz com selênio por meio da adubação via solo, tanto na semeadura quanto na adubação nitrogenada de cobertura. Também avaliou os efeitos da aplicação de elementos terras raras. A pesquisa apresentou indicativos de ganho na resistência da cultura agrícola aos efeitos do déficit hídrico como a seca prolongada.

Pesquisa desenvolve feijão resistente à escassez hídrica

O Programa de Melhoramento do Feijoeiro, conduzido há 38 anos pelos pesquisadores da Epamig, Embrapa, Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) já teve importantes resultados como a recomendação de 15 cultivares, a publicação de aproximadamente 100 artigos em periódicos especializados, a orientação de dezenas de teses e dissertações nos últimos 32 anos. Os trabalhos conduzidos no Campo Experimental Sertãozinho da Epamig Oeste, em Patos de Minas, estudam novas cultivares de feijão, resistência e tolerância de cultivares a doenças transmitidas pela mosca-branca (Bemisia tabacci), além do controle de pragas e adubação.

Resistência à escassez hídrica

Há cerca de seis anos pesquisadores acompanham experimentos, implantados no Campo Experimental de Sertãozinho, para a seleção de progênies de feijoeiro eficientes no uso da água. A pesquisa avalia centenas de genótipos para identificar aqueles tolerantes à escassez hídrica. Com a seleção de um feijão mais resistente, que se desenvolve bem com menos quantidade de água, os pesquisadores esperam resolver o problema de perda de produtividade, que será cada vez maior caso o volume de chuvas continue diminuindo, como ocorreu nos últimos anos.

Inoculação no feijoeiro

Outro estudo, conduzido no Campo Experimental de Sertãozinho, demonstra que o processo de inoculação na cultura do feijoeiro aumenta a produtividade de grãos e reduz os custos de produção devido à diminuição do uso de fertilizantes nitrogenados. Também contribui com o meio ambiente, por diminuir riscos associados ao emprego e manejo indevidos de fertilizantes. O projeto é desenvolvido pela Epamig em parceria com o Laboratório de Biologia, Microbiologia e Processos Biológicos do Solo (LBMPBS) da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Grupo de Pesquisa em Inoculação de Leguminosas (Inoleg), Instituto Federal do Triângulo Mineiro (Iftm), Universidade Estadual de Montes Claros (Uemc), Universidade do Vale do Rio Verde (Unincor) e produtores rurais.

Redução de custo

Resultados dos trabalhos com o feijoeiro que recebe inoculação com rizóbio demonstram que esse processo nesta cultura aumenta a produtividade de grãos. Isso ocorre porque o feijão é uma leguminosa que apresenta capacidade de estabelecer simbiose com bactérias que fixam nitrogênio da atmosfera (N2), as quais fornecem todo ou parte do nitrogênio requerido pela planta para seu desenvolvimento. Os pesquisadores estão selecionando estirpes de bactérias eficientes na simbiose e mais adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas, bem como verificando a compatibilidade desses microrganismos com outros insumos aplicados nas sementes, tais como pesticidas, micronutrientes e outros microrganismos. Novas tecnologias de aplicação, que estimulam à adoção de inoculantes rizobianos no campo, também têm sido foco dos trabalhos. Investir nesta tecnologia promove diminuição nos custos de produção devido à diminuição do uso de fertilizantes nitrogenados.

Projeto em andamento

Atualmente, o projeto sobre feijão que está em andamento na EPAMIG Oeste denomina “Utilização de diferentes fontes de nutrientes para cultura do feijoeiro na agricultura familiar”.

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