Projeções da safra de arroz por região

 Projeções da safra de arroz por região

Brasil deve apresentar recuo de 6,6% em produção e 6,9% em área.

 A safra 2018/19 apresenta uma estimativa nacional de área destinada à rizicultura na ordem de 1.836,5 mil hectares. Desse total, cerca de 74% (1.365,9 mil hectares) corresponde ao cultivo irrigado de arroz e os outros 26% (470,6 mil hectares) estão relacionados ao sistema de produção em condição de sequeiro.

A Região Norte, por exemplo, tem uma projeção de área cultivada com o cereal de 243,1 mil hectares para essa safra. Isso representa uma redução de 7,7% quando comparada à temporada anterior.

Em Rondônia, o cultivo é exclusivamente de sequeiro e existe uma estimativa de manutenção da área para a produção de arroz, que no ciclo anterior foi de 42,4 mil hectares. Na região há duas épocas distintas de semeadura, sendo o primeiro período compreendido entre outubro e novembro, representando quase 91% (cerca de 38,4 mil hectares) de toda área cultivada no estado. E uma segunda época, que usualmente sucede a colheita de soja, ficando entre janeiro e fevereiro. Quanto ao rendimento médio, a projeção nessa safra é na ordem de 3.181 kg/ha. A expectativa de produção é de 134,9 mil toneladas.

O calendário agrícola está um tanto atípico, visto que há relatos de atrasos na entrega de insumos, principalmente fertilizantes oriundos de Paranaguá/PR. Muitos produtores implantam o arroz em área de pastagem degradada ou em área de pousio. O arroz configura-se como um grande desbravador para culturas anuais sucessoras, principalmente, a soja. A possibilidade do arroz retornar à área é uma opção para a rotação/sucessão de culturas, quebrando ciclos bióticos e abióticos nocivos.

A cultivar de arroz amplamente difundida e semeada em Rondônia é a AN Cambará, tal cultivar apresenta ciclo precoce e evidenciou ampla adaptabilidade às condições edafoclimáticas. O ciclo da AN Cambará oscila entre 105 e 115 dias, antecipando o ciclo quando submetida a algum tipo de estresse, principalmente o hídrico. Outra cultivar largamente utilizada é ANa 6005, que pode ser usada como opção de variedade mais precoce cultivada na safrinha, bem como a ANa 5015, com ciclo em torno de 92 dias, conhecida popularmente como Aninha.

No Acre, assim como em Rondônia, o plantio de arroz é unicamente em sequeiro. Há uma expectativa de manutenção da área destinada à rizicultura, que tende a ser de 5 mil hectares. A semeadura iniciou-se em outubro e deve se encerrar até o fim de dezembro. A produtividade média estimada para 2018/19 é de aproximadamente 1.334 kg/ha e a produção final na ordem de 6,7 mil toneladas. Ressaltando que o estado é caracterizado por uma rizicultura de baixa tecnologia, com predominância da agricultura familiar.

No Amazonas, a estimativa é de manutenção da área plantada, que foi de 1,4 mil hectares em relação à área da safra passada. No Pará, a área destinada ao cultivo de arroz tem sinalizado uma retração na ordem de 20,2% em comparação com a área plantada em 2017/18. Tal diminuição é observada principalmente nos municípios de Floresta do Araguaia e Breu Branco. Há uma certa dificuldade na comercialização do produto, assim como maior rentabilidade na produção de outras culturas de maior valor agregado, o que favorece a já mencionada redução de área.

Em Tocantins, a previsão é que a área destinada ao cultivo de arroz seja de 127,8 mil hectares, uma vez que grande parte desse total (cerca de 87% ou 111,1 mil hectares) está estimado para a produção irrigada. Esses números, quando comparados à safra 2017/18, representam incremento para a rizicultura irrigada (cerca de 4% a mais), porém decréscimo na área total de arroz no estado (3,5%), refletindo nas reduções de cultivo em terras altas (sequeiro). Para a produtividade média, a expectativa é de aumento na ordem de 3,2%, totalizando 4.947 kg/ha. Isso denota uma eventual manutenção nos valores de produção comparados ao ano passado, ficando em aproximadamente 632,3 mil toneladas.

No Nordeste, o principal estado rizicultor (Maranhão) sinaliza com uma diminuição de área plantada, e isso tende a impactar toda a região, que também projeta uma menor destinação de área para a cultura (saindo de 261,3 mil hectares em 2017/18, para 231,7 mil hectares em 2018/19). Tal redução tende a refletir na produção final do cereal, visto que a estimativa atual é de 455,7 mil toneladas (13,3% a menos do que a temporada anterior).

No Maranhão há uma supremacia do cultivo de arroz em sequeiro, chegando a representar quase 98% de toda a área destinada ao cereal no estado. Para essa safra, a expectativa é de decréscimo na área de plantio da cultura (quando comparada à temporada anterior), tanto o de sequeiro quanto o de irrigado, projetando assim uma utilização de aproximadamente 144,9 mil hectares para toda a rizicultura do estado.

Algumas das justificativas para essa diminuição estão relacionadas às demandas com o licenciamento ambiental, outorga no uso d’água (no caso de sistema irrigado), assim como custo de produção elevado para baixos retornos financeiros aos produtores. A produtividade média esperada em 2018/19 é de 1.857 kg/ha e a produção estimada é de 269,2 mil toneladas (16,1% a menos do que em 2017/18).

No Piauí, o cultivo de arroz deve ser realizado em uma área similar àquela utilizada na safra anterior, com destinação de aproximadamente 70,8 mil hectares. O plantio se iniciou em dezembro de 2018 e deve se estender até janeiro de 2019. A área de arroz no estado é predominantemente oriunda da agricultura familiar, com exceção das áreas irrigadas, onde predomina a agricultura empresarial. A produtividade média estimada para o estado é de 1.538 kg/ha.

No Centro-Oeste, terceira região que mais produz arroz no país, a previsão é que ocorra redução na área plantada, quando comparada com a última safra, tanto nas áreas de arroz de sequeiro (diminuindo de 150,2 mil hectares para 134,9 mil hectares), quanto naquelas destinadas ao arroz irrigado, sinalizando que a área plantada será de 32,8 mil hectares (decréscimo de 6,3%).

Em Mato Grosso, a projeção é que a área destinada ao cultivo de arroz em 2018/19 é de 134,5 mil hectares, representando uma redução de 9,9% em relação àquela obtida na temporada passada. Tal diminuição é oriunda das lavouras em sequeiro, que, além disso, correspondem a mais de 95% da área relacionada à rizicultura no estado. Há um descontentamento por parte de alguns produtores em relação aos preços do cereal, considerados aquém do esperado.

O plantio se iniciou na segunda quinzena de novembro e os trabalhos deverão se estender até o fim de dezembro. Há um certo atraso intencional no plantio do cereal, a fim de que o período de colheita não coincida com o de chuvas, pois quando o grão está em maturação o excesso de umidade causa queda de produtividade e de qualidade do produto. A estimativa para o rendimento médio da cultura no estado tende a se manter similar àquele número final apresentado em 2017/18 que foi de aproximadamente 3.282 kg/ha, projetando-se assim uma produção de 441,5 mil toneladas.

Em Mato Grosso do Sul, os municípios de Miranda e Bodoquena se destacam como aqueles de maior área plantada. Entretanto outras regiões do estado também apresentam produção significativa, tendo até mesmo determinadas localidades que realizam um cultivo considerado de segunda safra, sucedendo a colheita da soja em uma região predominantemente de várzea.

Contudo, até o final de novembro, aproximadamente 80% da área destinada à rizicultura no estado já havia sido plantada. Desse total, cerca de 15% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 25% em floração, 30% em frutificação e 30% em maturação. Vale destacar que o calendário de cultivo do arroz está atrasado em relação ao ano anterior, pois o volume de chuva tem se mantido acima do normal e o produtor priorizou os momentos de estiagem para finalizar a semeadura das lavouras.

A expectativa de área plantada com a cultura no estado é de 13,5 mil hectares em 2018/19. Esse valor representa uma diminuição de aproximadamente 5,6% em relação à temporada passada. Tal redução pode estar ligada à falta de financiamento público em decorrência da não existência de zoneamento agroclimático para o cultivo de arroz irrigado no Mato Grosso do Sul, bem como pela dificuldade em obtenção de licenças ambientais, dentre elas, a outorga para uso da água. Além disso, o preço pago pela saca de 60 quilos de arroz também tem desestimulado seu cultivo, permanecendo, basicamente, aqueles rizicultores que não conseguem drenar suficientemente bem as suas áreas para a implantação de soja.

Em Goiás há o cultivo de arroz em sequeiro (representando basicamente 31% da área destinada à rizicultura no estado), sendo caracterizado por uma produção menos tecnificada e com a utilização de áreas pequenas, normalmente oriundas de assentamentos rurais ou lavouras comunitárias. Existe também a produção irrigada do cereal, predominantemente localizada na região leste e parte do norte do estado, onde denominamos de tríplice divisa (Flores de Goiás, Formosa e São João D’Aliança).

Ambos meios de produção, mesmo que por motivos diferentes (inadimplência com relação a programas de crédito e fomento da rizicultura do estado, condições climáticas desfavoráveis em período crítico na safra anterior, preços de comercialização considerados aquém do esperado), sinalizam para uma diminuição de área destinada à rizicultura quando comparadas aos valores obtidos no ciclo anterior. Estima-se uma área total de 19,7 mil hectares (8,8% a menos do que 2017/18) para a produção de arroz em Goiás, projetando-se um rendimento médio de 4.836 kg/ha.

Na Região Sudeste, a área destinada à orizicultura deve ser inferior (cerca de 6,8% a menos) àquela visualizada na última safra. Estima-se que sejam cultivados 13,7 mil hectares, divididos entre o plantio de sequeiro, estimado em 5 mil hectares, e o plantio irrigado, com projeção de 8,7 mil hectares.

Em Minas Gerais há um predomínio do cultivo em sequeiro, caracterizado pelo uso de sementes próprias, baixo nível tecnológico e pouca adubação. Tais fatores, atrelados à baixa rentabilidade do cereal, os riscos de intempéries climáticas ao longo do ciclo da cultura, além das restrições ambientais para plantio em determinadas áreas de preservação trazem um desestí- mulo à produção do grão e, consequentemente, um constante decréscimo, nos últimos anos, no total de área destinada ao arroz no estado.

A expectativa é de mais uma diminuição (20,8%) em relação à safra anterior, podendo alcançar 3,8 mil hectares, somados os cultivos em sequeiro e o irrigado. O plantio foi iniciado em outubro e estima-se que quase 85% das áreas já foram semeadas. As primeiras lavouras formadas já estão em fase avançada do desenvolvimento vegetativo. Quanto à produtividade média também existe uma tendência de redução em comparação com a temporada passada, saindo de 2.791 kg/ha em 2017/18, para uma estimativa de 2.638 kg/ha em 2018/19.

Em São Paulo, a estimativa é de estabilidade na área tanto para o arroz de sequeiro quanto para o arroz irrigado. O produto é pouco cultivado no estado e boa parte do que é consumido vem de origem gaúcha, especificamente do Rio Grande do Sul (São Paulo é o maior comprador de arroz do Rio Grande do Sul). O cereal produzido em São Paulo se encontra basicamente nos municípios de Guaratinguetá e Pindamonhangaba, ambos pertencentes ao vale do Paraíba.

Quanto à área prevista no estado, a tendência é de manutenção daquela utilizada em 2017/18, com 9,5 mil hectares.

Na Região Sul, o cultivo de arroz é quase que totalmente irrigado e apenas um percentual pequeno no Paraná é cultivado com sequeiro. Estima-se que a área plantada com o arroz irrigado seja de 1.177,4 mil hectares, enquanto para o arroz de sequeiro a estimativa aponta para 2,9 mil hectares.

No Paraná, assim como ocorreu no ano anterior, o plantio de arroz irrigado está um pouco atrasado pelo excesso de chuvas em outubro. O plantio foi iniciado desde o começo de setembro e se encontra com 77% concluído. A área plantada com o arroz irrigado está estimada em 20% mil hectares, apresentando um incremento de 1,3% em coparação a 2017/18.

O perfil tecnológico é o mesmo do habitual, o que permitiu estimar a produtividade em 7.663 kg/ha. Tal rendimento médio é maior 21,2% do que o obtido na safra anterior, porém está mais condicionado a algumas intempéries climáticas registrados na temporada passada, que culminou em atraso na última colheita e consequentes perdas. Já o arroz de sequeiro é considerado na região uma cultura de subsistência, com pouca tecnificação. Geralmente é cultivada de forma intercalada com outras culturas perenes e está pulverizada por todo o estado.

O plantio ainda não foi concluído devido às chuvas ocorridas em outubro, visto que o plantio da área é estimada em 2,9 mil hectares. A produtividade média estimada é de 2.045 kg/ha, o que representa um aumento em relação à safra anterior em 3,6%.

Em Santa Catarina, o plantio do arroz da safra 2018/19 já está praticamente concluído, restando menos de 2% das lavouras para serem implantadas. A tendência é de uma área destinada à rizicultura na ordem de 144,5 mil hectares. Nos últimos dias a condição climática para o desenvolvimento da cultura melhorou, com a incidência de dias com maior radiação solar e temperaturas mais elevadas. As doenças e pragas estão sendo controladas de forma satisfatória, com alguns registros pontuais de dificuldade no controle por questões climáticas.

Até o presente momento a safra vem se mostrando normal, com o clima favorável ao desenvolvimento das plantas, porém as lavouras estão em condições inferiores se comparadas à safra anterior, cuja produtividade foi muito acima da média. A projeção é que o rendimento médio nesse ciclo seja de 7.610 kg/ha (3,1% menor do que em 2017/18). Em relação ao estádio de desenvolvimento, observase o início da fase reprodutiva em algumas lavouras, principalmente na região norte do estado, cujo plantio ocorre mais cedo, entretanto, a maioria expressiva ainda se encontra na fase de perfilhamento.

No Rio Grande do Sul, a semeadura do arroz evoluiu de maneira significativa desde o último levantamento, passando de 53,9% para 92,5%. O período considerado preferencial para a implantação da cultura na região se estende até a segunda quinzena de novembro e, até essa data, cerca de 89,1% da área total estimada já havia sido cultivada.

A expectativa é que sejam cultivados no estado aproximadamente 1.012,9 mil hectares em 2018/19 (valor que representa diminuição de 6% em relação aos verificados na safra passada). As condições meteorológicas de outubro e novembro, somadas ao preparo antecipado em boa parte das áreas, permitiram uma rápida evolução das atividades de semeadura, fazendo com que essa safra possa ser considerada, em alguns locais, como uma das que se teve a melhor implantação da cultura. Isso também influencia positivamente o potencial produtivo da cultura, já que favorece o melhor aproveitamento da radiação solar pelas plantas, principalmente no período de florescimento e enchimento de grãos.

Houve registro de deficiência hídrica em alguns pontos do estado durante a implantação da lavoura, o que reduziu a uniformidade de estabelecimento, porém sem prejudicar o potencial produtivo. Também houve relatos de chuvas excessivas, principalmente na região central do estado, o que atrasou a semeadura e dificultou o manejo do arroz vermelho em certas lavouras.

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