Projeto Aguadores foi um dos destaques da Abertura da Colheita
(Por Luciara Schneid) O projeto Aguadores foi o tema do último painel da 34ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, nesta sexta-feira, 23 de fevereiro, dentro da programação do evento. Um dos palestrantes, o consultor e treinador em RH Estratégico no Agro, diretor da Agro Gente, Inácio Juzwiak, informou que o projeto iniciou em julho do ano passado e deve ser finalizado em abril deste ano, dentro do período do ano-safra. “Na fase atual são realizadas as instruções focadas nas equipes de aguadores”, ressaltou.
Juzwiak contou que o projeto foi idealizado a partir da constatação de que as atuais equipes de aguadores são formadas por 40% a 50% de homens com idade bastante avançada e, dentro de alguns anos, estes “craques da aguação” devem se aposentar. “A idade média destes profissionais está entre 60 e 70 anos e já não têm muito tempo pela frente dentro da profissão ativa”, ressaltou.
A estimativa, segundo Juzwiak, é de que existam hoje em atividade no Rio Grande do Sul em torno de 20 a 30 mil aguadores, com base em pesquisa de terceiros que quantificam em 50 mil as pessoas envolvidas com a lavoura de arroz no Estado. A segurança da atividade é um trunfo favorável à sensibilização dos mais jovens para aderir à profissão que, conforme ele, não pode ser substituída pela máquina. “A função de aguador é protegida por Deus porque a máquina não consegue tirar o homem de lá”, assegurou.
Após a área preparada e pronta, no momento de colocar a água na lavoura não há mecanismo que substitua a função. As tecnologias de preparo do solo e irrigação vieram para facilitar o trabalho, mas é o aguador, com sua pá e conhecimento que irão conduzir a água, ressaltou o diretor da Agro Gente. Outro apelo para melhorar a atratividade à função, são as vantagens financeiras, disse o consultor. “Levando em conta a média do comissionamento que um aguador ganha, ele consegue tranquilamente pagar uma faculdade para o filho”, observou.
Hoje, 67 granjas produtoras de arroz de todo o Estado aderiram ao projeto, além do grupo de patrocinadores e apoiadores. Juzwiak destacou, ainda, a amplitude atingida pelo projeto no momento em que os diretores e gerentes das granjas se deram conta que as instruções repassadas serviam a toda a equipe. Segundo ele, os jovens a partir da paixão que o aguador antigo carrega estão começando a se inspirar na profissão.
“A visão que se tinha era de um trabalho muito sofrido, mas a parte boa não era mostrada”, colocou, destacando que. quem entra para a aguação acaba por desenvolver uma paixão e passa a vê-la como um desafio, uma oportunidade de executar a inteligência e trabalhar a percepção e intuição na condução da água, além de trabalhar o físico, a força e resistência. “Para quem gosta de jogos desafiadores, a aguação é um jogo perfeito e os jovens que têm essa inclinação para buscar desafios se conectam muito rapidamente”, disse Juzwiak acrescentando que a intenção é abrir espaço também para o trabalho feminino.
O painel “Projeto Aguadores – Por mais profissionais na irrigação e maior produção” teve, ainda, como palestrante o diretor da Sementes Cauduro, engenheiro agrônomo Carlos Lampert Cauduro, e como moderador o vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Roberto Fagundes Ghigino, que também preside o Sindicato e Associação Rural de Uruguaiana.