Projeto busca desenvolvimento da orizicultura regional
Bagé O Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal (Intec) da Universidade da Região da Campanha desenvolve, nos últimos meses, um projeto de pesquisa e extensão na área de arroz irrigado. .
O Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal (Intec) da Universidade da Região da Campanha desenvolve, nos últimos meses, um projeto de pesquisa e extensão na área de arroz irrigado.
Segundo o coordenador técnico do Intec, Alexande Deibler, o projeto trata de um ensaio de épocas de semeadura de arroz irrigado, desenvolvido no Centro de Ciências Rurais da Urcamp, em Bagé.
– O objetivo é constituir um campo experimental para caracterizar e avaliar o desempenho de diversos genótipos de arroz irrigado, semeados em diferentes épocas, constituindo um banco de informações para seleção e manejo de cultivares para a região de Bagé – detalhou.
Para sua execução, o projeto conta com apoio das empresas locais ligadas ao setor orizícola Campo Novo, Pillon Ind. e Comércio de Arroz, Agropecuária Bageense LTDA, Cerealista Coradini, Cooplantio e Marimom & Trassante. De acordo com Deibler, essas empresas contribuem com recursos financeiros, que são empregados na executabilidade e na concessão de bolsas de iniciação científica, destinadas a alunos estagiários do Instituto.
– Dessa forma, consolida-se uma interação entre a iniciativa privada e universidade, que é um modelo que tem sido empregado em outras regiões e tem gerado ótimos resultados – argumenta.
O coordenador complementa que: “para se ter uma idéia da dimensão do trabalho, na safra passada foram identificadas e marcadas dentro das parcelas 480 plantas, que foram avaliadas diariamente desde a emergência até o ponto de colheita. Esse tipo de metodologia nos permite caracterizar as respostas dos cultivares de arroz às condições climáticas de Bagé, nos dando indicativos de quais os cultivos são mais adequados para o município e em que épocas devem ser semeadas, permitindo assim, auxiliar o produtor a conseguir um incremento no rendimento de grãos em suas lavouras”.
Como previsão, Deibler cita que para essa safra pretende-se duplicar o tamanho do trabalho. “Ao invés de estudarmos oito cultivares de arroz irrigado, pretendemos ampliar o estudo para 20, semeados em diferentes épocas, que começam em setembro e se estendendo até meados de dezembro. O que nos dará uma perfeita compreensão do comportamento desses cultivares em nossas condições” relata. Ainda, acrescenta que já foi firmado um convênio com a Embrapa Clima Temperado e Instituto Riograndense do Arroz.
– Além dessas instituições, consolidamos também parceria com as empresas Bayer Crop Science e Rice Tec., contudo, necessitamos agregar mais parceiros ao projeto, instituições e empresas do nosso município que possuam o perfil de inovação, com responsabilidade social e que tenham a preocupação com desenvolvimento tecnológico regional. Assim, estaremos conjuntamente reunindo esforços para efetivamente aprimorarmos o cultivo de arroz irrigado em nossa região – enaltece.
Resultados
Na semeadura realizada em 22 de outubro de 2007, o cultivo de ciclo médio IRGA 424 (131 dias) apresentou rendimento de 13 toneladas/hectare, equivalente a 448 sacos por hectare. Já os cultivares de ciclo precoce, INIA Olimar (ciclo 118 dias) e BRS Querência (ciclo 111 dias), apresentaram rendimentos em torno de 10,44 e 10,95 toneladas/hectare e o ciclo muito precoce (ciclo 88 dias), o IRGA 421 9,28 t/h.
Chama-se a atenção para o INOV da Rice Tec, material de ciclo precoce (118 dias), atingiu alto nível de rendimento, 12,91 toneladas/hectare.
Todos os cultivares avaliados no trabalho apresentaram rendimentos altamente satisfatórios, superando a média de produtividade de arroz irrigado de Bagé, situada em torno de sete (7) toneladas por hectare. Deibler exalta que esses resultados indicam que há uma grande diversidade de cultivares a disposição dos produtores, adequados para o cultivo em Bagé, uma vez que na região há uma grande predominância do cultivar INIA Olimar (ciclo precoce).
– Esse cultivar tem apresentado alta sensibilidade a doenças fúngicas, como a Brusone e fungos manchadores de grãos, indicando aos produtores que devem repensar o elenco de cultivares utilizados em suas lavouras. No estudo constata-se 20 de outubro como época de semeadura chave, período que proporcionou a expressão dos maiores níveis de rendimento para todos os cultivares estudados; épocas posteriores para os cultivares de ciclo mais longo provocou declínio acentuado no rendimento – finalizou.
Fitossanidade
Em paralelo a esse projeto, são desenvolvidos estudos na área de fitossanidade, em especial na área de fitopatologia, onde monitoram-se as doenças no campo, observando-se a necessidade de controle das mesmas, assim como, o comportamento das cultivares e a influência da época de semeadura no desenvolvimento das doenças fúngicas.
Conforme a responsável técnica pelo Laboratório de Diagnóstico Fitosanitário, Cândida Jacobsen de Farias, o material, após colhido e trilhado, é conduzido ao laboratório onde são analisados a qualidade sanitária e incidências de manchas nos grãos correlacionando-as com a incidência fúngica, assim como, com as condições climáticas e o genótipo.