Projeto Soja 6000 – Manejo de soja para altas produtividades em terras baixas
Na sua essência, o projeto é muito parecido com o Projeto 10 do Irga, transferir tecnologia produtor a produtor.
Rodrigo Schoenfeld, natural de Cachoeira do Sul, é engenheiro agrônomo formado pela UFRGS com mestrado em Ciência do Solo. É servidor de carreira do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), onde ingressou em 2006. Atuou nas áreas de manejo da cultura do arroz, fertilidade do solo e rotação de culturas. Antes de assumir a gerência da Divisão de Pesquisa, era chefe da Seção de Fitotecnia na Estação Experimental do Arroz em Cachoeirinha. Aqui antecipamos suas dicas:
"No início de 2015, discutíamos internamente no Irga os rumos e as diretrizes do projeto rotação de culturas que no ano de 2014 havia completado 10 anos. Surgiu a ideia de realizarmos um evento para um grupo seleto de técnicos, produtores, conselheiros do Irga, lideranças do setor, instituições de pesquisa para levantar as demandas para soja em rotação com arroz nos próximos 10 anos. No mês de março começamos a nos questionar se ao longo desses 10 anos já não teríamos produzido na pesquisa resultados de manejo que poderiam ser formatados na forma de um projeto de transferência de tecnologia. Além disso, havia alguns produtores fazendo em suas áreas coisas simples, mas de maneira extraordinariamente bem feitas, propiciando bons resultados da cultura da soja em rotação com arroz irrigado. E os resultados obtidos nesses casos eram de médias de produtividade ao longo de três ou quatro anos 50 sacos de soja/ha, média 50% superior à soja em rotação com arroz no Estado que é em torno de 35 sacos/ha.
O que todos concordávamos é que esse conhecimento precisava ser difundido, e o Irga deveria capitanear mais uma vez esse grupo. Com apoio incondicional da Diretoria do Irga, principalmente do presidente Guinter Frantz e do diretor técnico Maurício Fischer, foi autorizado dar sequência às ideias e ficou definido que realizaríamos o I Encontro de Produção de Soja em terras Baixas do Sul do Brasil, no dia 16 de junho de 2015, no Hotel Deville, em Porto Alegre, para debatermos o futuro do projeto soja em rotação com arroz no Irga com os produtores e ao final do evento lançaríamos um projeto de transferência de tecnologia, buscando não só melhorar a produtividade da soja em rotação com arroz irrigado, mas principalmente minimizar os riscos dessa cultura conduzida em terras baixas e propiciar maior estabilidade de produção ao longo dos anos, surge o Projeto Soja 6000.
Na sua essência, o projeto é muito parecido com o Projeto 10 do Irga, transferir tecnologia produtor a produtor, é isso que o instituto melhor sabe fazer. O evento, em Porto Alegre, contou com 215 participantes. Na sequência, foram conduzidas reuniões regionais para formação de grupos. Naquele momento tínhamos a ideia de ter 8 a 10 unidades de observação, para nossa surpresa nas reuniões alguns produtores se dispunham a conduzir áreas, pediam somente para dizer o que tinham que fazer, e aquilo nos chamava a atenção, pois ali estava a principal característica que buscávamos em um difusor de tecnologia, “o brilho nos olhos”, aquele produtor tinha comprado nossa ideia e não podia ficar fora do grupo, ao final da primeira rodada de reuniões foram definidas 24 unidades de demonstração para o primeiro ano do Projeto Soja 6000, que no primeiro ano chegou a 75,5 sacos/ha de média, valor esse 50% acima da média do RS em uma safra recorde, sendo que a área de maior produtividade obtida foi em Dom Pedrito no produtor Elcio Moro, assistido da El Progreso através do engenheiro agrônomo Rodrigo Amaral chegando a 93,7 sacos/ha. Novos conceitos, novos patamares, quebra de paradigmas, estamos no caminho seguimos em frente, só temos a agradecer a todos que acreditaram no projeto.
No seu segundo foram mais de 60 áreas distribuídas nas seis regiões arrozeiras do Estado, a média das 15 áreas que mais produziram na safra 2016/17 foi de 79,8 sacos/ha, a ideia da apresentação no simpósio é falar sobre o Projeto soja 6000 do Irga, seus principais avanços e resultados e quais são os maiores desafios para o avanço da soja em rotação com arroz no Rio Grande do Sul."