Proposta dos EUA sobre subsídios é “passo na boa direção”, diz Amorim
O ministro, no entanto, lembrou que as propostas da União Européia em termos de acesso a mercados “precisam ser melhoradas”.
A proposta dos EUA apresentada nesta segunda-feira de cortar em 60% os subsídios a seus produtores agrícolas para destravar as negociações para uma maior abertura do comércio internacional é um “passo em uma boa direção”, disse hoje o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Ao ser questionado sobre se o Brasil estaria disposto, em face da proposta americana de hoje, a apresentar contrapartidas nos setores de serviços e industrial, Amorim disse ser “ainda muito cedo” para afirmar.
O ministro, no entanto, lembrou que as propostas da União Européia em termos de acesso a mercados “precisam ser melhoradas”.
“É um passo em uma boa direção”, mas “há espaço para melhorar” a proposta, disse Amorim. Segundo o ministro, a proposta ainda não atingiu o esperado, “mas pode fazer com que as coisas se movam” e facilitem as negociações da Rodada Doha (que recebeu esse nome por ter sido lançada na cidade de Doha, capital do Qatar) em 2001, e deveria ter sido concluída em dezembro de 2004.
A rodada de negociações, no entanto, estagnou desde 2003, após o fracasso da reunião ocorrida em Cancún (leste do México), em setembro de 2003.
Amorim participou hoje de uma reunião preparatória para o encontro ministerial que deve ocorrer em dezembro, em Hong Kong.
Corte de subsídios
Os EUA anunciaram hoje uma proposta de corte de 60% nos subsídios a seus produtores agrícolas, mas só levara a oferta adiante se houver um corte de cerca de 80% nos subsídios agrícolas também do Japão e da União Européia (UE).
“Os Estados Unidos estão dispostos a assumir parte da dor”, afirmou o secretário de Comércio dos EUA, Rob Portman. “Mas aqueles que subsidiam mais precisam reduzir mais”, afirmou ele sobre o Japão e a UE. Ele justificou o condicionamento da proposta a medidas semelhantes dos demais países com ricos. “A União Européia usa cerca de três vezes mais subsídios do que nós”, afirmou.
A UE já aceita reduzir subsídios de produtos como trigo, laticínios e arroz em até 65%. O comissário de comércio do bloco, Peter Mandelson, afirmou que a Europa vai fazer “mais” que os EUA. “A Europa está pronta e disposta”, disse Mandelson.
A proposta dos EUA prevê reduzir totalmente os subsídios até 2023.