Prorrogação alivia levemente a pressão no arroz em casca

Muitas indústrias e cooperativas seguem fora do mercado (algumas até com férias coletivas de 15 dias para funcionários de alguns setores). Algumas vendas significativas movimentaram a virada do mês, mas ainda em negociações isoladas.

Depois de bater na casa dos R$ 15,50 de preço líquido ao produtor na abertura da semana, o que alguns operadores do mercado já consideram o “fundo do poço” de 2005 para o arroz gaúcho, os preços do cereal em casca voltaram a mostrar uma recuperação e sinais de estabilização na faixa de R$ 16,00 a R$ 17,00 na maioria das regiões gaúchas para o arroz em casca com 58% de grãos inteiros em sacos de 50 quilos. Dom Pedrito, Rosário do Sul e São Gabriel, estão entre os municípios onde confirmaram-se cotações na faixa de R$ 15,50 líquidos ao produtor.

Cachoeira do Sul, Alegrete, Uruguaiana, Pelotas, Camaquã e Quarai chegaram aos R$ 16,00 líquidos, mas com raros negócios. São Borja e Itaqui também apresentaram recuo nos preços, mesmo para produto de variedades nobres (BR Irga 409 e Irga 417), mas estabilizaram com cotações atraentes.

Uma grande empresa da fronteira gaúcha confirmou negócio na faixa de 80 mil sacos de arroz em casca para a indústria paulista entre quarta-feira e quinta-feira desta semana – destaque para produto de alta qualidade. Com os preços mostrando sinais de acomodação e até uma expectativa de leva alta por conta de compradores e negociantes de arroz da Fronteira gaúcha, entende-se que os executivos do pólo de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) fizeram uma perfeita leitura do mercado e fecharam um bom negócio. Todavia, o mercado também está lendo a informação de que este pólo promoveu importantes importações de arroz do Mercosul nos últimos meses.

A Fronteira gaúcha também movimentou cargas isoladas, entre 5 mil e 10 mil sacos para a indústria de parboilização da Zona Sul gaúcha (Pelotas/Camaquã) na semana que passou. Ao contrário da semana anterior, onde muitos produtores ofertaram arroz ao mercado, no afã de buscar recursos para preparar a área da próxima safra, na semana que está terminando o comportamento foi outro. O excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, que impede o trabalho do terreno por mais alguns dias, e a aceleração na queda de preços desestimulou os negócios. Na última quinta-feira os produtores de Uruguaiana rejeitaram oferta de R$ 16,50 pelo arroz com 58% de inteiros, oferecido pela indústria local.

Em Santa Catarina os preços praticamente se mantiveram sem alteração significativa. O arroz em casca padrão (58%) é cotado entre R$ 16,00 e R$ 18,00 no Vale do Itajaí. No Sul catarinense (Araranguá/Criciúma) fica na faixa de R$ 17,50 a R$ 18,00. O fardo é comercializado na faixa de R$ 29,50 a R$ 30,00 FOB, segundo dados do Instituto Cepa.

No Mato Grosso mais uma semana de comercialização muito fraca do arroz em casca, com aumento de procura pelos estoques finais de arroz Primavera de boa qualidade e excesso de oferta de arroz Cirad 141 fraco (35% a 45% de inteiros). Jorge Fagundes, da Corretora Futura Cereais, de Cuiabá, cita que o arroz Cirad com mais de 50% de inteiros chega com preço final em Cuiabá por R$ 12,00 o saco de 60 quilos (R$ 13,00 para 57% de inteiros Cirad).

O Primavera chega a Cuiabá por R$ 20,00 na média, caso tenha 50% de inteiros – acima – e bate nos R$ 21,00 se alcançar entre 53% e 54%. O Primavera que fica entre 43% e 45% entra na indústria na região metropolitana de Cuiabá por R$ 15,00. O Cirad mais fraco é cotado a R$ 9,00 (CIF). Neste estado, é notória a substituição do cultivar Cirad 141 pelo cultivar Colosso, da Embrapa. Trata-se, segundo os produtores, de um cultivar similar ao Primavera.

BENEFICIADO

A semana foi muito fraca na comercialização de arroz beneficiado no Rio Grande do Sul, apesar de alguns supermercados terem se movimentado em busca de mais produto para a virada do mês. As indústrias gaúchas mostram-se preocupadas com relação a isenção de ICMS para o arroz em Minas Gerais, pois há o entendimento que isso deverá favorecer a importação de arroz do Mercosul e poderá ser uma medida adotada por outros estados de pequena produção e grande mercado, como Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, entre outros.

– Como a indústria gaúcha vai competir com o arroz importado, por exemplo, que entrará lá sem pagar ICMS, PIS/Cofins, Funrural e taxa CDO, entre outros tributos? questiona o diretor de um importante cooperativa gaúcha.

O fardo de 30 quilos de arroz gaúcho chega a São Paulo entre R$ 26,00 e R$ 33,00. O preço mais comum, no entanto, fica entre R$ 27,00 e R$ 29,00. O saco de 60 quilos beneficiado é cotado entre R$ 34,00 e R$ 36,00 (FOB) no Rio Grande do Sul. Posto em São Paulo fica entre R$ 46,00 e R$ 49,00. O arroz do Mato Grosso é cotado entre R$ 21,00 e R$ 23,00 (Cirad) posto em São Paulo e R$ 24,00 a R$ 28,00 (Primavera).

DERIVADOS

O mercado gaúcho de arroz quebrado (canjicão e quirera) está bastante movimentado em função da confirmação de um novo embarque de 17,5 mil toneladas (24,5 mil toneladas base casca) nos próximos dias para a África. Corretoras estão ofertando até R$ 25,85 pelo saco de 60 quilos posto no porto de Rio Grande. Em média, o valor para exportação fica na casa de R$ 24,00 a R$ 24,50 líquidos. Em compensação, a indústria que trabalha com este produto para mistura no Tipo 1, busca no mercado na faixa de R$ 23,50 a R$ 24,00 FOB. Muitas indústrias aproveitam a oportunidade para fazer caixa ou para giro rápido de capital.

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